Incêndio mantém duas frentes e já afetou quase 9 mil hectares

Durante a noite, com a queda da temperatura e do vento e o aumento da humidade, estratégia é estabilizar o perímetro e reforçar a consolidação

O incêndio que começou no sábado em Baiona, no sul do concelho de Odemira, mantém duas frentes ativas e já quase afetou 9 mil hectares, revelou o Comando Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve, no ponto de situação feito às 19h30.

Os «pontos mais críticos» situam-se na «frente norte», nas localidades de Delfeiras, Maroucos e Taliscas, na freguesia de São Teotónio.

Essa frente evolui numa zona «sem capacidade» para o combate com meios terrestres e de «difícil progressão, com um terreno desfavorável à operação de máquinas», acrescenta o comunicado, assinado pelo comandante regional Vítor Vaz Pinto.

As zonas a norte do incêndio», estão «em processo de estabilização, mas ainda com potencial de expansão de perímetro».

Na frente sul, há «duas vertentes de maior preocupação». Uma situa-se no concelho de Aljezur, «com linha crítica desde a Galé de Baixo até ao Barracão de Baixo».

Na linha virada à serra de Monchique, próximo da localidade de Reguengo, há «múltiplos pontos críticos com acesso a áreas sensíveis com capacidade de rápida progressão, sem viabilidade de supressão ou acesso por meios terrestres».

Ou seja, trata-se de zonas onde é difícil fazer chegar os meios e onde ainda há muito para arder, até porque esta zona de possível expansão para Sul «não arde desde 2003».

O ponto da situação do comandante regional acrescenta que, ao longo do dia, houve «múltiplas reativações», que assumiram tais dimensões que foi preciso «uma resposta musculada por parte do dispositivo no terreno».

«Todos estes pontos críticos estão acompanhados de meios, no entanto não permitem a progressão e combate no terreno com meios terrestres, o que limita a sua resolução, explica.

O problema é que as zonas onde o incêndio ainda está ativo têm «declive acentuado com vales encaixados», verificando-se «constantes reativações». Tudo isto faz com que os «arranques» fiquem «rapidamente fora da capacidade de supressão», situação agravada pela falta de condições para que as máquinas de rastos possam atuar na consolidação.

Para esta próxima noite, logo que a temperatura caia, a humidade relativa aumente e o vento fique mais fraco, a estratégia tem como objetivo «sustentar a estabilização do incêndio e reforçar o processo de consolidação do perímetro», acrescenta o Comando Regional.

Desde o início do incêndio, no sábado, já foram assistidas pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) 36 pessoas, na maioria agentes de proteção civil, oito das quais transportadas a unidade hospitalar (cinco bombeiros e três populares).

Até ao momento foram deslocadas, pela GNR, com o apoio da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) e dos bombeiros, 1.459 pessoas por precaução, das quais 148 acolhidas em zonas de concentração e apoio à população, estabelecidos pelos serviços municipais de proteção civil, em articulação com a segurança social e serviços de ação social dos municípios afetados.

Neste momento, estão ainda 79 pessoas nas Zonas de Concentração e Apoio à População (ZCAP), distribuídas da seguinte forma:

Estão cortadas as seguintes vias: EM 501, CM 1186, Estrada do Passil/Marmelete e EM 1002.

De forma preventiva, foram retirados de zonas ameaçadas 124 animais de diferentes espécies, acompanhados pelos serviços de veterinária das Câmaras Municipais.

Às 19h30, havia 1025 no terreno a combater o fogo, apoiados por 286 veículos e 15 meios aéreos, dos quais dois helicópteros ligeiros, um helicóptero pesado Kamov, oito aviões anfíbios médios Fireboss, dois aviões anfíbios pesados Canadair, um avião de reconhecimento e avaliação e um helicóptero de coordenação. No terreno, estão ainda 17 máquinas de rasto.

Entre as diferentes entidades que concorrem para a resolução desta ocorrência excecional, destacam-se os Bombeiros com maior número de meios e recursos, a par da GNR (territorial e UEPS), ICNF, Sapadores Florestais, Afocelca, Forças Armadas, INEM, CVP, SMPC de Odemira, Aljezur e Monchique, SIRESP, E-Redes, Altice, e os meios próprios da ANEPC (estrutura operacional, de apoio técnico-operacional e a força especial de proteção civil).

A partir desta noite, prevê-se uma melhoria das condições meteorológicas. Assim, o vento deverá mudar para Este, a temperatura vai diminuir, com mínimas de 22° graus durante a noite e máxima de 30°, enquanto a humidade do ar vai aumentar durante a noite e madrugada atingindo 97%.

 

 
 

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