Há cada vez mais pessoas preocupadas em adotar um estilo de vida saudável, diz a nutricionista Catarina Paulino. No entanto, alerta, ainda há um longo caminho a percorrer.
Optar pelo consumo de água em detrimento dos refrigerantes, preferir a fruta inteira aos sumos naturais, inserir no prato hortícolas, uma fonte proteica e optar pelos hidratos de carbono complexos (integrais) são algumas das principais recomendações dadas pela especialista no que diz respeito à alimentação. São dicas úteis no Dia Mundial da Saúde, que se assinala esta quinta-feira, 7 de Abril.
De acordo com Catarina Paulino, há a apontar dois grandes erros cometidos pela população ao longo do dia: elevada ingestão de doces, «principalmente à noite», e a tentativa de substituição da proteína animal sem aconselhamento nutricional.
«Sinto que muitas pessoas tentam não comer muito durante o dia e depois o que acontece é que chegam ao fim do dia com demasiada fome. O que temos de fazer é ajudar a fracionar as refeições para que isso não aconteça», explica a nutricionista de Faro ao Sul Informação.
«Para quem pretende substituir a proteína animal, o ideal é que, antes de tomar essa decisão, se consulte sempre um especialista. Nestes casos, o aconselhável é que as pessoas optem por consumir mais leguminosas, e, se quiserem, podem também inserir o tempeh, o tofu ou a soja como substitutos», continua.

Mas, como nem só de escolhas alimentares se faz uma vida saudável, a nutricionista frisa o papel «essencial» que a atividade física tem para a melhoria do estilo de vida. Neste campo, explica que as recomendações por parte da Organização Mundial da Saúde são de «pelo menos 150 a 300 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada ou 75 a 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade vigorosa por semana», entendendo-se por «atividades de intensidade moderada atividades como caminhar e dançar e por atividades de intensidade vigorosa atividades como andar de bicicleta e correr».
«Só com o exercício é possível alcançar resultados e só com a alimentação também, mas o ideal é sempre conjugar os dois. Para alguém que pretende perder peso, por exemplo, o exercício contribui 20 a 30% e a alimentação o restante (70 a 80%)».
Ao Sul Informação, a nutricionista Catarina Paulino frisa ainda que «o Algarve é o sítio ideal para termos uma vida mais saudável». «Temos o sol, o clima e uma série de coisas que nos ajudam, nomeadamente ao nível também da dieta mediterrânica».
Esta é, segundo a especialista, o tipo de alimentação indicado para seguir, respeitando a sazonalidade dos alimentos e optando por uma escolha variada.
«Preferir o azeite como principal fonte de gordura, optar mais pelo peixe do que pela carne. A incluir a carne, optar pelas carnes brancas e consumir as vermelhas apenas uma ou duas vezes por semana, preferir os cereais mais integrais, fazer o consumo abundante de vegetais e leguminosas e consumir frutos gordos (secos) pelo menos uma vez por dia».
Apesar de referir que ainda há um longo caminho a percorrer para que toda a população adote hábitos mais saudáveis, a nutricionista frisa que «a preocupação tem vindo a aumentar em todas as faixas etárias»
«Até aos 20 anos, sinto que há interesse, mas não há capacidade monetária para consultas de nutrição, por exemplo. Entre os 20 e os 50 anos, vejo que as pessoas já estão muito motivadas para a nutrição e para praticar mais exercício e, nas faixas etárias seguintes, também já se nota essa preocupação.»
Para quem quer optar por escolhas mais equilibradas numa ida ao supermercado, Catarina Paulino aconselha a que se dê mais atenção aos descodificadores de rótulos e não tanto aos alimentos que se encontram na secção BIO, «que nem sempre são os melhores».
«O descodificador de rótulos é uma ferramenta que pode ser usada muito facilmente e que muitos supermercados também já adotaram. Trata-se de um semáforo nutricional, por cores, que nos fala dos parâmetros que temos de moderar. Devemos optar por alimentos que estão no verde, moderar os amarelos e evitar por completo os vermelhos», remata.
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