Em Santa Rita, onde existiu um canil, apenas resta morte e destruição após o incêndio

ICNF abriu inquérito administrativo para analisar e apurar as circunstâncias que permitiram o funcionamento deste abrigo

GNR esteve no local do abrigo ilegal – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

Foram 14 os cadáveres de animais carbonizados que Alice Gil, presidente da Associação Adota (Tavira), encontrou na manhã desta terça-feira, 17 de Agosto, à chegada ao local do abrigo ilegal de animais em Santa Rita, no concelho de Vila Real de Santo António.

No espaço, consumido pelo incêndio que começou em Castro Marim, apenas restaram chapas e grades de ferro, de um “canil” sem condições. O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas já abriu um inquérito administrativo para analisar e apurar as circunstâncias que permitiram o funcionamento deste abrigo.

Alice Gil foi quem deu o alerta às responsáveis por este abrigo, de que o fogo se aproximava da zona de Santa Rita: «tive conhecimento de que este espaço existia e, na noite do incêndio, tive a preocupação com estes animais».

«Ontem [16 de Agosto] liguei para as duas senhoras por volta das 19h00 a perguntar como estavam os cães» e as responsáveis dizem que tentaram «vir salvar os animais» mas alegam que, quando chegaram aqui, a GNR não as deixou passar».

Neste abrigo ilegal, encontravam-se 14 cães, «pelo menos é a indicação que tenho», que Alice Gil diz serem «animais domésticos, resgatados da rua [pelas responsáveis do abrigo], e colocados neste ermo sem ninguém».

O espaço, junto à A22, foi «emprestado pelo proprietário às duas senhoras» e «elas construíram aqui esta estrutura, há alguns anos, onde tinham estes pobres animais», realça Alice Gil.

 

Alice Gil, presidente da Associação Adota, em Tavira – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Quando chegou na manhã desta terça-feira ao local deste abrigo, a presidente da Associação Adota (Tavira) encontrou «os cadáveres carbonizados», ainda alguns «a fumegar».

«Cheguei aqui e vi logo um cadáver, ainda a deitar fumo. Naquele canto, mais seis morreram a querer fugir. Foram 14 os cães que ficaram aqui, vítimas do incêndio», lamenta.

«Apenas consegui ajoelhar-me junto dos animais queimados a pedir a Deus para que esta injustiça não volte a acontecer», exclama Alice Gil.

Sul Informação sabe que os cadáveres dos animais foram retirados na manhã de ontem, 17 de Agosto, pelo veterinário municipal de Vila Real de Santo António.

Alice Gil «já tinha denunciado ao Ministério Público» a existência deste abrigo ilegal, em conjunto com «um grupo de pessoas de Tavira». «Fizemos uma queixa para retirarem daqui os animais, mas, infelizmente, arquivaram o processo».

Este caso foi também denunciado pelo PAN – Pessoas-Animais-Natureza esta terça-feira que, através de um comunicado, sinaliza desconhecerem-se «para já as razões pelas quais [os animais] não foram resgatados com vida».

O Ministério do Ambiente e da Ação Climática informou na manhã desta quarta-feira, 18 de Agosto, de que «foi aberto um inquérito administrativo pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)» que se destina «a analisar e apurar as circunstâncias que, do ponto de vista administrativo, permitiram o funcionamento do referido abrigo».

Agora , Alice Gil só pede, comovida e de lágrimas nos olhos, para que «isto não volte a acontecer nunca mais», apelando a que «protejam os animais», para que não sejam também vítimas inocentes dos incêndios.

 

Fotos: Rúben Bento | Sul Informação

 



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