APOM deu «um lado humano» à entrega de prémios à DRCAlg e aos museus de Faro e Portimão

O Museu Municipal de Faro recebeu o Prémio Trabalho de Museologia, a DRCAlg o Prémio Instituição. Para o Museu de Portimão foi uma Menção Honrosa relativa ao Prémio Inovação e Criatividade

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

A Associação Portuguesa de Museologia veio ontem ao Algarve entregar, em pessoa e de viva voz, os Prémios APOM aos Museus de Faro e de Portimão e à Direção Regional de Cultura do Algarve (DRCAlg), naquele que foi um reconhecimento a estas três entidades algarvias, mas também um  reencontro de amigos, com «um lado humano e pessoal».

Os Prémios APOM em 2020 já tinham sido “dados” em Dezembro passado, numa cerimónia que, devido à pandemia, decorreu online.

Nesse dia, ficou-se a saber que o Museu Municipal de Faro fora galardoado com o Prémio Trabalho de Museologia, pelo “O Mosaico do Oceano: um tesouro intemporal de Ossónoba” e que o Museu de Portimão recebera uma Menção Honrosa relativa ao Prémio Inovação e Criatividade, pela “Recriação da descarga da sardinha no cais de Portimão”, que teve lugar em Agosto de 2019.

Também a DRCAlg foi distinguida, à semelhança das suas congéneres de todo o país, com o Prémio Instituição, pelo seu apoio aos museus e à atividade museológica.

 

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Agora que o desconfinamento está em curso, os responsáveis máximos pela associação estão a fazer «uma volta a Portugal da museologia», para ir entregar aos premiados os diplomas, em mão.

«A festa de entrega de prémios da APOM era uma festa não só para mostrar a qualidade,  mas também um encontro entre colegas, onde o lado pessoal e humano é importante», enquadrou João Neto, o presidente da APOM, em declarações ao Sul Informação, à margem da cerimónia de entrega dos prémios ao Museu de Faro.

«Nós, na direção da APOM, achámos que, uma vez que os museus são feitos por pessoas e por equipas, não apenas pelas peças, esse lado humano não podia ser posto de parte», acrescentou.

Dessa forma, a APOM está «a fazer um esforço para que todas as instituições que ganharam o prémio tenham este momento pessoal e humano, de reconhecimento profissional e das equipas», disse.

«É com um enorme prazer que estamos a fazer esta Volta a Portugal da Museologia, pois é mesmo disso que se trata», resumiu.

Ontem, quinta-feira, 10 de Junho, o dia escolhido pela APOM para vir ao Algarve entregar os diplomas aos premiados, João Neto começou por ir a Portimão, de manhã, onde entregou o prémio à equipa do Museu, liderada por José Gameiro e Isabel Soares, e a Isilda Gomes, presidente da Câmara.

 

Entrega do Prémio APOM no Museu de Portimão – Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Da parte da tarde, João Neto esteve no Museu Municipal de Faro, onde entregou os diplomas a Marco Lopes, diretor deste espaço museológico, e a Rogério Bacalhau, presidente da Câmara farense, bem como a Adriana Nogueira, diretora regional de Cultura do Algarve.

À margem da sessão, Marco Lopes confessou ao Sul Informação que vê este prémio como um reconhecimento ao árduo trabalho da equipa do Museu de Faro relacionado com o mosaico romano do Deus Oceano, o primeiro Tesouro Nacional do Algarve.

«Sentimos isso, porque este é um prémio que vem culminar um longo processo, que começou com a renovação da sala, em circunstâncias muito difíceis, do ponto de vista da tesouraria municipal», enquadrou o diretor do museu farense.

Na altura, dada a pouca disponibilidade financeira do município, a solução passou pelo mecenato, como lembrou durante a cerimónia Rogério Bacalhau.

 

Marco Lopes – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

«Esta renovação não foi um capricho. Era algo de essencial. Nisto da museologia, é importante que as peças icónicas, como é o caso do mosaico do Deus Oceano, contem uma história. E uma exposição é contar uma história, do início até ao fim, de modo a que as pessoas a entendam», enquadrou Marco Lopes.

Antes da renovação, «essa história não era muito percetível. Havia uma peça que dominava uma sala, mas não se entendia qual era a sua relação, por exemplo, com a cidade romana de Ossónoba».

Desta forma, e «com o apoio científico do professor João Pedro Bernardes, da Universidade do Algarve, fizemos um conjunto de conteúdos que contam essa relação do mosaico, enquanto peça cosmopolita, com o Mediterrâneo, com o Norte de África – de onde terão vindo, muito provavelmente, os artífices da peça – e com Milreu».

Resumindo, o processo «foi longo» e  «envolveu a renovação da sala, que foi um trabalho árduo, passou pelo estudo que culminou no reconhecimento como Tesouro Nacional e terminou com o catálogo, que recebeu recebeu este prémio de museologia».

Adriana Nogueira, que recebeu o diploma em representação da “sua” Direção Regional de Cultura, não esconde que este prémio «a satisfaz» e mostra-se «feliz» pelo reconhecimento do trabalho que os técnicos destas entidades realizam.

«Nós temos, na DRCalg, museólogos, nomeadamente o Dr. Rui Parreira, que foi dos primeiros do país, mas não só. Pertencemos à Rede de Museus do Algarve, em pé de igualdade com todos os outros elementos e estamos nos vários grupos de trabalho», resumiu.

 

João Neto – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Já João Neto não escondeu que a sua direção fez questão de levar os prémios APOM «para além das ruas de Lisboa e do Porto», fazendo-os chegar às diferentes regiões.

«O que nós queremos mostrar com os prémios APOM, principalmente com o aumento das categorias, que agora são cerca de 30, é, exatamente, a qualidade que o nosso país faz, cria e produz na área da museologia», disse.

A museologia nacional, acredita, «tem excelentes profissionais e temos um património excelente, que merece ser divulgado, visto e usufruído. É preciso que esse conhecimento seja partilhado».

«Quando as coisas são muito boas, não somos nós que estamos de parabéns. São as equipas, mas também vocês, jornalistas. Porque quando vocês fazem um excelente trabalho, estão a produzir conhecimento e a criar condições para que a nossa identidade cultural seja vista e perdure. E agradecemos muito por isso», rematou o presidente da APOM.

 

Entrega do Prémio APOM no Museu de Faro – Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 

 

 



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