Mosaico do Deus Oceano já era de Faro. Agora, «é de todos os portugueses»

Marcelo Rebelo de Sousa esteve ontem no Museu de Faro para descerrar a placa de Tesouro Nacional do mosaico do Deus Oceano

Foto: Flávio Costa | Sul Informação

O dia em que o mosaico romano do Deus Oceano passou a ser, oficialmente, «de todos os portugueses» era um momento há muito esperado, «tão relevante» como o dia 3 de Maio de 2018, quando Faro viu esta peça reconhecida como Tesouro Nacional.

Marcelo Rebelo de Sousa esteve ontem, segunda-feira, no Museu Municipal de Faro para descerrar a placa de Tesouro Nacional deste achado arqueológico, que é hoje o ex-libris deste espaço museológico.

Esta é, como a distinção indica, uma das maiores riquezas patrimoniais do Algarve – foi, de resto, o primeiro Tesouro Nacional reconhecido na região.

Uma ocasião assinalada com pompa e circunstância, ou não fosse este visita aguardada há mais de dois anos. A vinda do Presidente da República a Faro, para descerrar a placa do mosaico do Deus Oceano, chegou, de resto, a estar agendada para Agosto de 2018, mas o grande incêndio que ocorreu nesse mês, em Monchique e Silves, levou ao adiamento da visita.

A oportunidade de «fechar o ciclo» surgiu agora, salientou Rogério Bacalhau, o presidente da Câmara de Faro.

É que, garantiu o autarca, «para todos os que fazem viver este Museu, para o seu diretor, para os funcionários que aqui estão no cumprimento de mais um dia de trabalho, para todos os homens e mulheres de cultura do Algarve, este dia 31 de Agosto é tão relevante como aquele dia de 2018 em que a notícia soou nas rádios e nos jornais».

O processo que culminou no reconhecimento do mosaico do Deus Oceano como Tesouro Nacional começou «há 8 anos, com a recuperação da peça, a que se seguiu a adequação da sala de exposição, conseguida pelos funcionários do Museu e com o generoso contributo de alguns mecenas».

Mais tarde, a equipa do Museu, liderada por Marco Lopes, o anfitrião da cerimónia e que recordou a história do mosaico,  realizou uma candidatura «à obtenção da classificação por parte do Ministério da Cultura e a publicação do catálogo», que acabou aprovada.

 

Foto: Flávio Costa | Sul Informação

 

«E hoje, o Senhor Presidente da República veio a Faro e a placa está descerrada. O ciclo fechou-se. O Tesouro Nacional que ali se deixa ver já não é do Museu, nem do município. É de todos os portugueses», disse .

O Presidente da República, representante de todos os portugueses, considerou, por seu lado, que o reconhecimento como Tesouro Nacional do mosaico do Deus Oceano «é um passo do maior significado» e um exemplo «do que é a expressão do espírito ecuménico, do cosmopolitismo, da abertura, da tolerância, da ligação aos mares e aos Oceanos, à descoberta de novos horizontes» associada a Faro desde as primeiras ocupações deste território.

«Porque é simbólico. Do que estamos a falar é da história de Faro. Estamos a falar da herança, da linhagem, dos valores, dos princípios, das vivências, que não mais deixaram de acompanhar esta grande urbe, este grande centro de difusão cultural e espiritual», considerou Marcelo Rebelo de Sousa.

Também presente na cerimónia esteve Ângela Ferreira, a secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, a quem Rogério Bacalhau agradeceu «todo o apoio que foi dado à equipa do Museu para que se alcançasse este resultado», estendendo o agradecimento a outro membro do Governo, José Apolinário, que também já foi presidente da Câmara de Faro.

Ângela Ferreira não tem, de resto, dúvidas, que os Tesouros Nacionais têm ajudado à retoma na área da cultura, nomeadamente da atividade dos Museus, dos monumentos e de outros espaços culturais.

«Queremos que todos conheçam os nossos Tesouros Nacionais, que não estão só em Lisboa e nas grandes cidades, mas também no Algarve e espalhados por todo o país», disse a governante ao Sul Informação.

 

Marcelo Rebelo de Sousa cumprimenta Ângela Ferreira – Foto: Flávio Costa | Sul Informação

 

Já Adriana Nogueira, diretora Regional de Cultura do Algarve, não esconde que «é um orgulho muito grande para o Algarve» ter esta peça reconhecida a nível nacional.

Apesar de já serem três os Tesouros Nacionais existentes no Algarve – «também temos as Atas da Vereação de Loulé e os canhões de Portimão» – o mosaico do Deus Oceano foi o primeiro a receber esta distinção.

«A Direção Regional de Cultura também se empenhou a fundo para a obtenção deste reconhecimento, embora eu ainda cá não estivesse na altura», explicou Adriana Nogueira ao Sul Informação.

No final, a atribuição foi decidida «por unanimidade», pela Secção de Museus, da Conservação e Restauro e do Património Cultural (SMUCRI) do Conselho Nacional de Cultura, o que significa que «toda a gente considerou que este mosaico era muito importante».

Os mosaicos, no Algarve – e há vários em Milreu, também – , são todos de uma escola originária na Tunísia, que são muito perfeitos. Neste país, há representações muito parecidas do Deus Oceano e de outros deuses.

«Por vezes vemos mosaicos noutros pontos do país que são bonitos, mas são um bocado menos elaborados. Estes são, de facto, mesmo muito bons, com grande qualidade, com uma excelente escolha de cores», ilustrou a diretora Regional de Cultura.

Isto faz do mosaico do Deus Oceano de Ossónoba «uma peça única. E já viram o que era entrar num edifício e poder pisar uma obra de arte destas? Os romanos, de facto, tinham coisas muito boas!».

 

Fotos: Flávio Costa | Sul Informação

 

 

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