PCP: Água mais cara no Algarve por causa de obras do PRR «é inaceitável»

Comunista consideram a intenção do Governo «um escândalo»

O aumento do preço da água no Algarve anunciado pelo Governo para fazer face aos custos de manutenção de obras prevista no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) «é inaceitável», considerou a Direção da Organização Regional do Algarve  (DORAL) do PCP.

Os comunistas falam mesmo de «um escândalo».

«Era o que mais faltava que, perante um PRR que deixa de fora tantos e tantos investimentos que a região do Algarve há muito reclama – como o Hospital Central do Algarve –, nos poucos investimentos considerados fosse ainda exigido à população do Algarve o aumento do preço da água como contrapartida», consideram.

«Tal como o PCP sempre defendeu, a água é um bem público essencial à vida, e que deverá ser gerida, não em função de um negócio – como sugere o Governo -,mas em função de uma gestão pública, criteriosa e eficiente», acrescentou o PCP/Algarve.

Esta é uma reação às declarações de João Matos Fernandes, ministro do Ambiente, na terça-feira, «anunciando o aumento do preço da água para as populações, entidades e empresas algarvias como contrapartida aos investimentos previstos no âmbito do designado Plano de Recuperação e Resiliência – PRR».

«Como é sabido, o Algarve tem sido confrontado com graves problemas no acesso à água. Uma realidade que, mais do que resultante de processos relacionados com alterações climáticas e situações de seca prolongada, tem na sua raiz, a prolongada ausência de investimento público e o aumento da pressão nos consumos, inerente ao errado modelo de desenvolvimento que tem sido imposto à região», acusam os comunistas.

«Os investimentos previstos no PRR – muito aquém das necessidades que se colocam à recuperação e desenvolvimento do Algarve e destinados em larga medida a favorecer os grandes interesses privados – consagram investimentos, ainda que limitados, em matéria de captação, armazenamento e distribuição de água no Algarve que, sem prejuízo de opções discutíveis que contempla, não podem ter como contrapartida o aumento do preço da água para as populações», defende a DORAL.

Para esta estrutura partidária, «o que o Governo PS vem agora dizer sobre a água é, na realidade, o mesmo que fizeram anteriores governos do PSD/CDS e do PS com outros investimentos como o da Via do Infante», em que «a sua construção foi assegurada com recursos públicos e as receitas da sua utilização desviadas, por via das portagens, para os grupos económicos privados».

«Na perspectiva do Governo, se o Algarve quer Auto-estradas paga! Se o Algarve quiser ter acesso à água paga ainda mais caro», acusam os comunistas algarvios.

«Os investimentos realizados no Algarve não são uma benesse, nem uma dádiva do Governo ou de Bruxelas como alguns pretendem fazer crer. São investimentos há muito reclamados por uma população e por um território que têm o direito ao desenvolvimento, que contribuem para a riqueza nacional e que não aceitam a ameaça que o ministro Matos Fernandes decidiu fazer», concluiu a DORAL do PCP.

 

 



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