Vigilantes do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) estiveram esta manhã em Cacela Velha para ver as obras de abertura de um acesso à Ria Formosa, que está a ser criado entre um terreno privado e a zona lagunar.
Isso mesmo confirmou Joaquim Castelão Rodrigues, diretor regional no Algarve do ICNF, ao Sul Informação. «Fomos ao local, mas encontrámos a máquina parada e sem ninguém», adiantou.
«Vamos continuar a ir lá e continuaremos atentos», acrescentou. Este responsável garantiu ao Sul Informação que o ICNF não deu «qualquer autorização» para a realização dos trabalhos. Ao que o nosso jornal apurou, nenhuma outra entidade deu autorização.
O terreno onde o acesso estava a ser aberto é o mesmo onde, há dois anos, foi feita uma desmatação que alterou por completo o coberto vegetal, em zona de Reserva Agrícola (RAN) e Reserva Ecológica Nacional (REN), dentro do perímetro do Parque Natural da Ria Formosa.
Na altura, como agora, o ICNF foi também apanhado de surpresa. Um representante do proprietário alegou que o derrube das árvores, algumas delas oliveiras e alfarrobeiras centenárias, se destinava a proteger o terreno dos fogos, mas o Ministério do Ambiente negou essa possibilidade.
Chegou a falar-se na intenção de aplicar uma multa avultada, mas, ao fim de alguns meses, acabou apenas por ser exigido que o proprietário, um francês, repusesse as árvores derrubadas.
Fonte local disse ao nosso jornal que o proprietário «apenas mudou as oliveiras centenárias de sítio e plantou bastantes coisas nas margens do terreno». Também foram abertos diversos caminhos entre as árvores.
Desta vez, o ICNF interveio depois de ontem uma pessoa ter denunciado a abertura do acesso no Facebook, publicando diversas fotos que mostravam os trabalhos em curso.
Luís Rodrigues, presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de Cacela, acompanhou a visita do ICNF, esta manhã. «Andámos à procura do local e lá o encontrámos. O que andaram a fazer foi a abrir uns caminhos pelo meio dos piornos, por cima das pitas que lá havia. Não se percebe bem do que se trata, nem o trabalho está acabado», disse o autarca ao Sul Informação.
Quando lá estiveram, a máquina já não estava a trabalhar, talvez «porque ontem foram publicadas fotos no Facebook». No entanto, foi possível verificar que a máquina estava «parada lá na quinta».
Depois de ter fotografado os trabalhos, os vigilantes do ICNF vão agora fazer um relatório, para servir de base à decisão sobre a intervenção. Contactado pelo nosso jornal, Joaquim Castelão Rodrigues não soube ainda precisar qual será essa decisão.
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