Quota do atum rabilho está a aumentar e a ajudar a balança comercial

Ministro do Mar esteve no Algarve para visitar, pela primeira vez, uma armação de atum e promete voltar

Foto: Hugo Rodrigues|Sul Informação

A quota tem vindo a crescer e, com ela, o negócio de captura e engorda de atum rabilho em armações ao largo do Algarve. Em 2020, as duas empresas que detém estruturas de captura desta espécie, na região, a Real Atunara e a Tunipex, vão poder capturar «cerca de 200 toneladas» desta espécie cada, uma boa notícia para balança comercial portuguesa, já que a larga maioria é vendida – e a bom preço – para o Japão.

Foi para ver ao vivo uma armação de atum que Ricardo Serrão Santos, ministro do Mar, esteve no Algarve na sexta-feira. O membro do Governo subiu a bordo do barco rabilho, da apoio às armações da Real Atunara, e visitou as estruturas desta empresa sediada em Vila Real de Santo António, mas também as da Tunipex, sediada no Porto de Olhão.

«Fui pela primeira vez a uma armação de atum, nunca tinha visitado. Quer dizer, conhecia pela literatura, pelos media e até por questões legislativas, quando se discutiu as quotas do rabilho em Bruxelas, na Comissão Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico (ICCAT). Mas vou voltar, para mergulhar lá dentro! É o próximo passo», disse ao Sul Informação o membro do Governo, com um sorriso.

 



 

Ricardo Serrão Santos esteve, de resto, intimamente envolvido na luta de Portugal para obter mais licenças e mais quota de pesca de atum rabilho, enquanto eurodeputado.

«Conseguimos aumentar a quota para Portugal. Foi uma das coisas em que eu estive empenhado quando era deputado europeu. Cheguei a ir à reunião do ICCAT em Maraquexe. Depois foi decidido, definitivamente, mais tarde, em Madrid», disse.

Este foi um passo importante para que a Real Atunara e a Tunipex pudessem crescer. «Foi com satisfação que vi estas duas empresas com muito dinamismo e com muito emprego», considerou o ministro do Mar.

 

Ricardo Serrão Santos

 

Nesta expedição marítima ao largo da costa algarvia, Ricardo Serrão Santos apanhou boleia da Real Atunara, empresa que, nesse mesmo dia, lançou à água mais um barco de apoio às armações de atum, um investimento de cerca de 800 mil euros.

Foi à margem do bota-abaixo da embarcação Don Paco que o ministro falou com o Sul Informação.

«O atum rabilho atinge preços extraordinários nos mercados orientais, nomeadamente no Japão e na Coreia. Não se justifica estar a diminuir o valor de mercado deste peixe transformando-o em conservas, como aconteceu durante tanto tempo, no passado. Nos Açores, por exemplo, não se usa o rabilho, usa-se o bonito, que é um peixe com menor valor económico no mercado internacional», ilustrou.

Miguel Socorro, administrador da Real Atunara, partilha desta visão sobre o potencial do atum rabilho.

«A balança comercial portuguesa apresenta sempre prejuízos. E não há dúvida que o atum rabilho corresponde a uma melhoria da balança, no setor das pescas. Temos de o aproveitar. Se ele passa aqui na nossa costa, porque não o havemos de capturar, em vez de o comprar aos marroquinos ou a outros? Vamos aproveitar o que temos em Portugal», defendeu o empresário, em declarações ao nosso jornal.

Hoje em dia, e na sequência do aumento gradual da quota, «sem dúvida nenhum que as capturas estão estabilizadas e que estamos todos a viver em paz».

«A quota é dividida pelas duas empresas, a Real Atunara e a Tunipex. Neste momento, estamos com cerca de 200 toneladas para cada uma. Acreditamos que a quota se irá manter e até crescer. Certamente que o ICCAT a irá aumentar. Daí termos construído mais este navio de apoio», explicou Miguel Socorro.

 

Miguel Socorro

 

Mas, para atingir esta paz, foi necessário trabalho político e científico, para que uma espécie que foi alvo de sobrepesca pudesse recuperar e voltar a ser capturada sem profundas restrições.

«Houve, no passado, uma forte diminuição do recurso, foi uma espécie que esteve em grande crise. Esteve perto de ser proibida a sua comercialização. Mas isto mostra que, de facto, não podemos ver apenas as desgraças no setor das pescas. Há sucessos enormes na recuperação de mananciais de pescado que, no passado, estiveram depauperados», considerou o ministro Ricardo Serrão Santos, que é, ele próprio, um académico e investigador, com muito trabalho nesta área.

«Houve uma passagem de um plano de recuperação para um plano de gestão, em que lutámos para favorecer a pequena pesca, mais tradicional, nomeadamente nas regiões ultraperiféricas e nas armações», acrescentou.

Entretanto, já está em marcha a campanha de 2020.

«Temos a Armação do Barril, que fica um pouco para Sotavento da Fuzeta. Depois, temos a de Santa Maria, em frente à Ilha Deserta. Nós, este ano, só estamos a trabalhar com a do Barril. Não vamos trabalhar com a de Santa Maria este ano, para fazer a experiência se temos de relocalizar a armação um pouco mais para fora, de modo a melhor aproveitar a corrida do atum de direito», explicou Miguel Socorro ao Sul Informação.

Esta armação foi pensada «para capturar atum de direito», ou seja, na altura em que esta espécie se dirige para o Mediterrâneo, para desova, e os peixes estão, como tal, mais gordos.

Já a do Barril, a única que a Real Atunara manterá em funcionamento, este ano, «trabalha tanto com atum de direito, como de revés [que está a voltar do Mediterrâneo, depois da desova]».

«Neste momento, já capturámos 11 toneladas de atum de direito no Barril. Estamos bastante adiantados em relação ao ano passado», concluiu Miguel Socorro.

 

 

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