Algarve e Baixo Alentejo saem da seca severa após Abril «quente e muito chuvoso»

A chuva também permitiu um aumento significativo dos níveis das barragens, que, mesmo assim, estão ainda longe da sua capacidade total

A seca no Algarve e Baixo Alentejo voltou a desagravar-se após um mês de Abril «quente e muito chuvoso», revela o Resumo Climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) relativo ao mês passado, hoje divulgado.

Um valor médio de precipitação bem superior ao que é normal no mês de Abril, nomeadamente no Algarve Central e no Sotavento Algarvio, permitiu que deixasse de haver territórios em seca severa, em Portugal Continental.

Desta forma, os territórios do Algarve e Baixo Alentejo que mantinham esse nível de seca no final do mês passado estão, agora, em seca moderada. Há mesmo uma parte do território do distrito de Beja em seca fraca.

Esta é uma boa notícia, que se deve à muita chuva que caiu. A nível nacional, o valor médio da quantidade de precipitação em Abril, 117.1 mm, «corresponde a 148% do valor normal 1971-2000 (78.9 mm). Em termos de distribuição espacial, os valores de precipitação foram superiores ao normal em todo o território e em particular nas regiões do Centro e Alto Alentejo», revela o IPMA.

 

Índice de seca – evolução de Março para Abril

 

No Algarve e no Alentejo, caiu, de um modo geral, mais chuva do que é habitual. Neste caso, os concelhos das Terras do Infante, no Algarve, e do Sudoeste Alentejano e da zona central do distrito de Beja foram onde a percentagem se aproximou mais da média.

Entre Portimão/Serra de Monchique e o Guadiana, na fronteira desta parte do Algarve com o Alentejo, choveu bem mais do que é normal, no quarto mês do ano, principalmente no litoral e barrocal entre Albufeira e Tavira. No Baixo Alentejo, foi o Nordeste do território que registou mais chuva.

Em termos de quantidade de precipitação, o maior valor mensal de Abril, 240.4 mm, foi registado na estação meteorológica da Guarda. O valor mais baixo foi apurado na estação meteorológica de Sagres (45.0 mm).

A muita chuva que caiu permitiu aumentos consideráveis do nível de armazenamento das diferentes barragens do Algarve e Baixo Alentejo que ficam, ainda assim, aquém daquilo que seria desejável, para pôr de lado as preocupações com as disponibilidades hídricas.

No Algarve, e tendo em conta os níveis de precipitação já descritos, foi nas barragens do Sotavento que houve um maior aumento percentual do nível de água armazenada, segundo os dados do Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos.

 

Precipitação total

 

A Barragem de Odeleite terminou Abril a 49,1 por cento da sua capacidade total, quando em Março estava a 39,5%. Ali bem perto, na Barragem de Beliche, o aumento da água armazenada também foi na ordem dos 10 pontos percentuais: de 32,7% em Março, para 41,3% no mês passado.

No Barlavento Algarvio, onde se têm registados níveis mais elevados de água disponível à superfície, nos últimos meses, o aumento não foi tão acentuado. Na Albufeira de Odelouca, a com maior capacidade na região, o nível de água armazenada subiu dos 53,7% do mês passado, para os 57,3% deste mês. No Funcho, a subida também foi de pouco mais de três pontos percentuais, dos 76,8% para os 80,1%.

Nas duas outras barragens da zona Oeste da região algarvia, quase não houve alteração do nível de água armazenada, de um mês para o outro: aumento de 31,1% para 31,9% na Bravura e de 49,6% para 49,9% na barragem do Arade.

No Alentejo, outras duas barragens que também pertencem à Bacia Hidrográfica do Guadiana ( onde se incluem Odeleite e Beliche), as de Enxoé e de Alqueva, também registaram aumentos, ainda que menores que as suas congéneres do Sotavento Algarvio.

No Enxoé, a percentagem de água armazenada subiu dos 50,5 para os 54,5 em Abril. No Alqueva, houve um aumento dos 67,1% de Março para os 69% do mês passado.

Na Bacia Hidrográfica do Mira, a barragem de Santa Clara ficou praticamente na mesma (subida de 48,7 para 48,8%) e a de Corte Brique estava, no final do mês passado, a 46% da sua capacidade total, quando em Março estava a 44,7%.

 

Percentagem de água no solo – evolução de Março para Abril

 

Ou seja, apesar de ter havido uma recuperação significativa dos níveis de água retida nas barragens em relação a Fevereiro, mês em que a situação era verdadeiramente preocupante, esta está longe de ser suficiente para perspetivar tranquilamente um final de Primavera e um Verão que, por tradição, são quentes e secos – principalmente se houver, novamente, um Outono com pouca chuva.

O mesmo se aplica aos lençóis freáticos e à água disponível no solo.

Segundo o IPMA, há agora bastante mais água armazenada nestes reservatórios naturais, em relação ao final de Março e, principalmente, a Fevereiro, em que os principais aquíferos subterrâneos do Algarve estavam abaixo do percentil 20.

Mesmo assim, «em alguns locais do Baixo Alentejo e Algarve ainda se verificam valores inferiores a 40%».

Além de chuva, Abril também teve calor. «O valor médio da temperatura média do ar, 13.91 °C, foi superior ao normal, com uma anomalia de +0.76°C. O valor médio da temperatura máxima do ar, 18.56 °C, foi superior ao normal com uma anomalia de +0.38°C», descreveu o IPMA.

No que toca à temperatura mínima, o valor médio, 9,26 °C, «foi superior ao normal em 1.12 °C, sendo o quinto valor mais alto desde 2000 (mais alto em 2011, 11.12 °C) e o 14º desde 1931».

 

Imagens: IPMA

 

 

 

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