Já não há territórios em seca extrema em Portugal, depois de um mês de Março com mais chuva que o habitual no interior do Algarve e do Baixo Alentejo, que permitiu aumentar significativamente a percentagem de água no solo nestas regiões, onde a seca atingiu níveis muito preocupantes em Fevereiro.
Segundo o Resumo Climatológico de Março do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Março foi um mês «quente em relação à temperatura do ar e normal em relação à precipitação» – isto a nível nacional e considerando que houve zonas do país onde choveu menos que o habitual.
«O valor médio da quantidade de precipitação em Março, 71.9 mm, corresponde a 118 % do valor normal 1971-2000 (61.2mm)», resumiu o IPMA.
«Em termos de distribuição espacial, os valores de precipitação foram superiores ao normal em grande parte do território, destacando-se as regiões a norte de Coimbra, alguns locais no interior do Alentejo e do Algarve, onde os valores de percentagem excederam os 150%. Nas regiões do Litoral Centro, do Oeste, de Lisboa e Vale do Tejo e da Península de Setúbal os valores foram inferiores ao normal, sendo mesmo, nalguns locais, inferiores a 50%», acrescentou o instituto.
Isto permitiu que no final do último mês se tenha verificado «um aumento dos valores de percentagem de água no solo na região Sul, nomeadamente no Baixo Alentejo e Algarve», em relação ao final do mês anterior.
Desta forma, e apesar de a 29 de Fevereiro quase todo o território algarvio e os concelhos do sudeste alentejano que confinam com o Algarve estarem em seca extrema, neste momento não há nenhum local com este nível de carência de água.
Ainda assim, a seca continua a ser classificada como severa em todo o Algarve e praticamente todo o Distrito de Beja.
Apesar de haver mais água no solo e da seca ter aliviado, a chuva que caiu não chegou para colmatar as preocupações ao nível da água armazenada à superfície, nas diferentes barragens da região.
Nas barragens geridas pela empresa Águas do Algarve, responsáveis pelo abastecimento público de todo o Algarve, mas que também se destinam a rega, houve ligeiras subidas, em termos percentuais, ao longo do mês de Março.
No Sotavento, as barragens de Odeleite e do Beliche estavam a 26,47% e 23,52%, respetivamente, no dia 9 de Março. No dia 30, estes valores haviam subido ligeiramente, para 27,54% e 24,48%.
No Barlavento, a Barragem de Odelouca estava a 42,65% no dia 9 e a 43,34% no dia 30. Nos três casos, as percentagens apontadas são as do volume útil.
Apesar da chuva, o mês de Março foi mais quente que o habitual. «O valor médio da temperatura média do ar, 12.33 °C, foi superior ao normal com uma anomalia de +0.42 °C. Valores de temperatura média do ar superiores aos agora registados ocorreram em 30 % dos anos, desde 1931», revelou o IPMA.
O valor médio da temperatura máxima do ar foi de 17.71 °C, uma anomalia de +0.71°C, enquanto o da temperatura mínima foi de 6.94 °C, ou seja, superior ao normal em 0.11 °C.
Por períodos, o IPMA destaca que os valores de temperatura mínima «andaram sempre acima do normal», entre os dias 1 e 5, «sendo de destacar o dia 4, com um desvio superior a 4 °C».
De 9 a 14 de Março, bem como nos dias 18 e 19, «os valores de temperatura do ar (mínima, média e máxima) superiores ao normal, sendo de destacar os dias 10 a 12 com desvios da temperatura máxima do ar superiores a 4 °C».
Em contraponto, nos dias 30 e 31 valores de temperatura do ar foram inferiores ao normal, «em especial a temperatura máxima do ar, com um desvio de -6 °C no dia 31».
Imagens: Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Comentários