Ryanair subiu “aos céus” do Algarve para reflorestar Monchique

Companhia aérea doou um cheque de 250 mil euros

Michael O’Leary, CEO da Ryanair, ainda se lembra daqueles dias em que estava no Algarve, enquanto Monchique ardia. O carismático líder da companhia aérea irlandesa viveu, na primeira pessoa, a grande tragédia de 2018 e essa foi uma das razões que o levou a querer que a Ryanair ajudasse a reflorestar Monchique. O primeiro passo foi dado esta terça-feira, 22 de Outubro, com a plantação de um carvalho, mas, no total, haverá 75 mil novas árvores, espalhadas pela serra, ao abrigo deste programa. 

Espécies autóctones como castanheiros (Castanea sativa), medronheiros (Arbutus unedo) e carvalhos-de-Monchique (Quercus canariensis) vão ser plantadas ao longo de 250 hectares. Uma pequena parcela dos 27 mil que arderam naquela serra, mas, na mesma, importante.

Numa cerimónia simbólica, a Ryanair subiu à Fóia, o ponto mais alto do Algarve (902 metros), para entregar um cheque de 250 mil euros, verba resultante dos donativos de passageiros, no âmbito da iniciativa da companhia aérea para Compensar as Emissões de Carbono, para ajudar à renaturalização da serra de Monchique.

«Este é um dia muito importante para nós e para os nossos clientes. O Algarve é crucial para nós e estamos conscientes da necessidade de proteger o ambiente e de investir alguns dos nossos lucros», começou por dizer Michael O’Leary.

 

 

É que, apesar de ser muito conhecido pelas suas praias e pelo seu litoral, o Algarve tem outras ofertas que atraem os turistas. «Os nossos clientes vêm para a região também para o turismo de natureza, área em que Monchique é forte», considerou o CEO da companhia aérea irlandesa.

O projeto resulta de uma parceria que junta, além da Ryanair, a Câmara de Monchique, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, a Região de Turismo do Algarve e GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente.

«Esta parceria, entre todas estas entidades, é uma das chaves do nosso projeto de responsabilidade social. Queremos trabalhar com estes parceiros para restaurar esta área. Este é um projeto mesmo muito importante», acrescentou o CEO da Ryanair.

Para Rui André, a presença da companhia aérea irlandesa é crucial. «Queria agradecer muito à Ryanair e é importante, no futuro, que a sua companhia continue a ser nossa parceira, promovendo os nossos produtos», disse o presidente da Câmara de Monchique, dirigindo-se a O’Leary.

E, depois da tragédia, poderá vir a bonança.

 

 

«O triste episódio de 2018 é uma oportunidade para repensar o futuro e redesenhar a nossa paisagem. Acima de tudo, de tentarmos buscar o equilíbrio que existia nos tempos ancestrais. É um trabalho difícil, mas estou certo de que vamos conseguir com a ajuda da Ryanair também», acrescentou o autarca.

Por sua vez, João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), contou como foi a Ryanair quem contactou a RTA para participar, após o primeiro projeto “Revitalizar Monchique”, da autoria da entidade de turismo.

«O primeiro feedback até foi: como é que já têm tudo planeado?», relembrou João Fernandes.

«Isso aconteceu porque não nos prendemos em dificuldades. O turismo pode ser indutor do desenvolvimento territorial, ajudando a resolver crises», acrescentou.

Segundo o presidente da RTA, até já há interesse de outros operadores para participar em projetos semelhantes.

Por seu lado, Marlene Marques, presidente da GEOTA, congratulou-se com o apoio da Ryanair a esta iniciativa, que ajudará a «restaurar paisagens culturais desta área, um importante destino turístico nacional e internacional».

A Ryanair, companhia de aviação low cost irlandesa, anunciou recentemente a intenção de despedir 100 trabalhadores da sua base em Faro, isto depois de, inicialmente, ter feito constar que iria mesmo fechar o hub na capital algarvia.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

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