O olhanense Júlio Resende vai apresentar, “em casa” o seu último trabalho, num concerto marcado para esta sexta-feira, 8 de Março, às 21h30, no Auditório Municipal de Olhão.
Júlio Resende traz à sua cidade natal o seu novo disco “Cinderella Cyborg” que, em declarações ao Musicália – Sul Informação, descreve como «uma tentativa de criar uma espécie de fábula entre o homem e a máquina». Esta é uma característica que o pianista pretende recriar em palco.
Segundo o músico, neste concerto, haverá «um diálogo entre o piano, o contrabaixo, a bateria e os computadores, que também lá vão estar».
Apesar do claro predomínio musical do piano, Júlio Resende não estará sozinho em palco, bem pelo contrário.
Musicalmente são apresentadas as canções do disco, «com direito a improvisações», – revelando o seu lado mais jazzístico – e que tornam única cada atuação. O espetáculo será ainda enriquecido com a presença de um rapper, «que participa muito no concerto e que traz uma dimensão vocal e inesperada ao concerto», revela Julio Resende.
A voz complementa os demais instrumentos em “Cinderella Cyborg”, dando-lhe uma dimensão mais humana, até porque «um rapper é uma espécie de instrumentista da voz. O modo de dizer as palavras é super articulado, faz lembrar uma linguagem do bebop, do jazz. Os rappers são pessoas cheias de ritmo. Encaixa muito bem ali e acho que as pessoas vão sentir esse encaixe», realça o pianista
A adaptação do que foi feito em estúdio para o palco foi mais fácil do que possa parecer, já que o disco foi gravado em conjunto, como se de um concerto se tratasse.
«A intenção era criar um tipo de organismo que tivesse as duas coisas juntas, como um Cyborg: um homem e uma máquina, ao mesmo tempo, e onde a máquina ajuda o homem a ser mais capaz». Uma fusão que já era possível sentir no disco, com a junção entre um complemento orgânico e a frieza, muitas vezes transmitida pelo som das máquinas.
As reações a “Cinderella Cyborg”, surpreenderam o músico. Sendo um disco instrumental de piano (à exceção de duas ou três músicas com complemento vocal), conseguiu receber muita atenção pelos media e também a resposta do público foi algo inesperada.
«As pessoas têm comprado, oferecido a outras, enviam-me mensagens… fiquei feliz com a reação final e com a atenção que o disco tem tido», conta Júlio Resende.
No final de Janeiro, o músico olhanense foi eleito como Personalidade do Ano a Sul 2019 pelo site de opinião Lugar ao Sul, por ter cimentando, em 2018, a sua posição como um dos grandes músicos da nova geração da cena cultural nacional e por ter conseguido impor a sua marca num país que ainda vive profundamente centralizado. A distinção apanhou o músico de surpresa, ainda mais do que a reação ao disco.
«Foi um prémio especial, por vir da minha região, mas havia muito mais gente que merecia recebê-lo. Vou aproveitar este concerto, dar o meu melhor, também para agradecer esta distinção».
Júlio Resende é acompanhado em palco por Pedro Segundo (bateria), André Nascimento (Eletrónica), André Rosinha (Contrabaixo) e Sam Azura (Rap). São já poucos os bilhetes disponíveis para este concerto, que têm o custo de 13 euros.
Ana(Grama) é o último single lançado para “Cinderella Cyborg” que, segundo o músico, «é uma história de amor, que, tal como um anagrama, se deve ler da mesma forma do princípio para o fim e vice-versa, ou seja, ser boa tanto no princípio, como no fim».
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