Júlio Resende apresenta em Olhão «uma espécie de fábula entre o homem e a máquina»

Músico quer aproveitar concerto em Olhão para agradecer prémio de “Personalidade do Ano a Sul”

Foto: Tomás Monteiro

O olhanense Júlio Resende vai apresentar, “em casa” o seu último trabalho, num concerto marcado para esta sexta-feira, 8 de Março, às 21h30, no Auditório Municipal de Olhão.

Júlio Resende traz à sua cidade natal o seu novo disco “Cinderella Cyborg” que, em declarações ao Musicália – Sul Informação, descreve como «uma tentativa de criar uma espécie de fábula entre o homem e a máquina». Esta é uma característica que o pianista pretende recriar em palco.

Segundo o músico, neste concerto, haverá «um diálogo entre o piano, o contrabaixo, a bateria e os computadores, que também lá vão estar».

Foto: Tomás Monteiro

Apesar do claro predomínio musical do piano, Júlio Resende não estará sozinho em palco, bem pelo contrário.

Musicalmente são apresentadas as canções do disco, «com direito a improvisações», – revelando o seu lado mais jazzístico – e que tornam única cada atuação. O espetáculo será ainda enriquecido com a presença de um rapper, «que participa muito no concerto e que traz uma dimensão vocal e inesperada ao concerto», revela Julio Resende.

A voz complementa os demais instrumentos em “Cinderella Cyborg”, dando-lhe uma dimensão mais humana, até porque «um rapper é uma espécie de instrumentista da voz. O modo de dizer as palavras é super articulado, faz lembrar uma linguagem do bebop, do jazz. Os rappers são pessoas cheias de ritmo. Encaixa muito bem ali e acho que as pessoas vão sentir esse encaixe», realça o pianista

A adaptação do que foi feito em estúdio para o palco foi mais fácil do que possa parecer, já que o disco foi gravado em conjunto, como se de um concerto se tratasse.

Foto: Tomás Monteiro

«A intenção era criar um tipo de organismo que tivesse as duas coisas juntas, como um Cyborg: um homem e uma máquina, ao mesmo tempo, e onde a máquina ajuda o homem a ser mais capaz». Uma fusão que já era possível sentir no disco, com a junção entre um complemento orgânico e a frieza, muitas vezes transmitida pelo som das máquinas.

As reações a “Cinderella Cyborg”, surpreenderam o músico. Sendo um disco instrumental de piano (à exceção de duas ou três músicas com complemento vocal), conseguiu receber muita atenção pelos media e também a resposta do público foi algo inesperada.

«As pessoas têm comprado, oferecido a outras, enviam-me mensagens… fiquei feliz com a reação final e com a atenção que o disco tem tido», conta Júlio Resende.

No final de Janeiro, o músico olhanense foi eleito como Personalidade do Ano a Sul 2019 pelo site de opinião Lugar ao Sul, por ter cimentando, em 2018, a sua posição como um dos grandes músicos da nova geração da cena cultural nacional e por ter conseguido impor a sua marca num país que ainda vive profundamente centralizado. A distinção apanhou o músico de surpresa, ainda mais do que a reação ao disco.

«Foi um prémio especial, por vir da minha região, mas havia muito mais gente que merecia recebê-lo. Vou aproveitar este concerto, dar o meu melhor, também para agradecer esta distinção».

Júlio Resende é acompanhado em palco por Pedro Segundo (bateria), André Nascimento (Eletrónica), André Rosinha (Contrabaixo) e Sam Azura (Rap). São já poucos os bilhetes disponíveis para este concerto, que têm o custo de 13 euros.

 

Ana(Grama) é o último single lançado para “Cinderella Cyborg” que, segundo o músico, «é uma história de amor, que, tal como um anagrama, se deve ler da mesma forma do princípio para o fim e vice-versa, ou seja, ser boa tanto no princípio, como no fim».

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