Júlio Resende recebe prémio Personalidade do Ano com sorrisos, música e memórias

Júlio Resende recebeu o prémio “Personalidade do Ano a Sul” do site de opinião “Lugar ao Sul”

Júlio Resende – Foto: Hugo Rodrigues|Sul Informação

Família, amigos, um piano no meio do palco, um virtuoso a tocá-lo e o Algarve. E sorrisos, muitos sorrisos. Júlio Resende foi galardoado este domingo com o prémio “Personalidade do Ano a Sul” de 2018, dado pelo site de opinião “Lugar ao Sul”, numa cerimónia que teve lugar no Teatro Lethes, em Faro.

O pianista algarvio é, nos dias que correm, um dos grandes embaixadores do Algarve, no país e no mundo, à conquista do qual já partiu, através da sua música.

No domingo, voltou à região onde nasceu e cresceu para receber um prémio que reconhece, não só, o sucesso profissional que atingiu, mas também outras facetas suas, como a de pensador – é formado em Filosofia – e a de orgulhoso algarvio, fortemente ligado às suas origens.

Afinal, muita da inspiração do músico é bebida na sua Olhão, onde volta regularmente, para estar com os seus, mas também para visitar os lugares da sua infância e juventude.

«Sou algarvio e com muito orgulho. E são muitas as razões. Desde logo, por ter descoberto a beleza do Sul e gostar das pessoas. Há a família, a comida, a luz e a simplicidade. Ser olhanense e poder dizer isso é algo que em deixa muito feliz», assegurou, numa conversa com o Sul Informação, momentos depois de receber o prémio “Personalidade do Ano a Sul”.

«É uma grande inspiração. Só a beleza natural da Ria Formosa, as gaivotas, as ameijoas, os caranguejos, os gelados da Gelvi (risos)… essas coisas sempre me inspiraram», acrescentou.

«Agora moro em Lisboa e venho tocar ao Algarve, mas não me importava de viver no Algarve para ir tocar a Lisboa», disse, ainda, ao Sul Informação.

 

Alguns dos colaboradores do Lugar ao Sul com Júlio Resende

 

Quase sempre com um sorriso tímido no rosto e uma simpatia (e empatia) que lhe são, percebe-se, naturais, Júlio Resende ouviu os muitos elogios que lhe estenderam e agradeceu da melhor forma que podia: brindando os presentes com uma das suas músicas.

Antes, houve tempo para conhecer melhor este algarvio de gema, que «começou a tocar piano aos 4 anos», pela boca de quem acompanhou o seu despontar artístico, o professor Paulo Cunha, do Conservatório de Olhão e da Associação Música XXI.

Paulo Cunha optou por falar «sobre o Júlio e não sobre o músico», que conheceu ainda muito jovem e do qual foi professor, algo que, para ele, foi «um privilégio».

O talento, que desde cedo foi muito, e a dedicação de Júlio Resende já seriam razões suficiente para qualquer professor se encher de orgulho, mas há qualidades humanas que tornam esse sentimento em respeito profundo.

Aqui surge, mais uma vez, o sorriso do músico, neste caso durante as aulas e que surgia mesmo nas alturas mais difíceis, o que, para Paulo Cunha, demonstra o prazer que sempre teve em aprender, em saber mais e em desafiar-se a si próprio.

«O Júlio, quando vinha de férias ao Algarve, telefonava-me a perguntar se eu podia disponibilizar um piano. Em vez de ir para a praia, como o comum dos mortais, e desfrutar das praias paradisíacas, fazia questão de ensaiar e manter o seu plano de trabalho», contou o professor e cofundador do Conservatório de Olhão.

 

Paulo Cunha

 

Também a criatividade e capacidade de improviso marcaram a vida de Júlio Resende. Daí que, para quem acompanhou o seu crescimento, enquanto músico, tenha sido natural a opção pelo Jazz, um estilo que permite essa liberdade aos intérpretes e compositores.

Isso não impede o músico algarvio «de criar pontes com os mais variados estilos», algo que o carateriza e faz dele «um homem do seu tempo», na opinião de Paulo Cunha.

E se a faceta de músico é a que predomina – até porque, confessa Júlio Resende, é onde se sente «mais livre» e à vontade – há também uma outra de pensador, salientada por Gonçalo Gomes, que representou o “Lugar ao Sul” na entrega do prémio.

O cocriador do site de opinião algarvio lembrou os artigos que o homenageado escreveu, há alguns anos, para a revista Visão, que dão conta de outra faceta de Júlio Resende, muito ligada à sua formação em Filosofia.

Este foi um dos elementos que pesou na opção final das cerca de duas dezenas de colaboradores do site, tendo em conta que, confessou Gonçalo Gomes, «a escolha não foi fácil, já que há muitos algarvios dos mais variados setores que se têm evidenciado e que merecem este prémio».

 

Gonçalo Gomes

 

Um bom sinal para o futuro, pois não faltarão candidatos para receber o prémio com o qual o antigo reitor da Universidade do Algarve João Guerreiro (2017) e, agora, Júlio Resende, foram distinguidos.

Júlio Resende voltará à região a 8 de Março, a título profissional, para apresentar o seu novo disco, “Cinderela Cyborg”, no Auditório de Olhão. 2019 será, de resto, um ano de muito trabalho para o músico algarvio, que tem uma agenda preenchida «quer com apresentações do novo disco, quer com o projeto do Salvador Sobral e outros projetos que temos juntos, como o Alexander Search».

«Temos muitas datas além-fronteiras – Alemanha, Polónia, Lituânia e Espanha, entre outros», disse.

 

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

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