Finalmente, começaram as dragagens na Doca de Faro

Obra vem «melhorar a operacionalidade» da Doca de Faro, nomeadamente para os pescadores que a utilizam

Foto: Nuno Costa|Sul Informação

As dragagens na Doca de Recreio de Faro começaram esta segunda-feira. Depois de muitos anos de espera e de um concurso que ficou deserto, avança esta intervenção há muito reclamada, ainda que apenas em metade da doca.

A obra, que deverá demorar cerca de três meses, apenas incidirá na parte nascente da doca, entre a entrada e o Ginásio Clube Naval de Faro (GNCF). A dragagem da parte poente, na zona mais próxima da capitania, é da responsabilidade do GNCF, que é a entidade concessionária desta infraestrutura.

Ainda assim, este investimento de 335 mil euros – bem acima dos 100 mil euros inicialmente previstos, mas abaixo dos 375 mil de preço base do concurso – permitirá resolver um dos grandes problemas sentidos pelos utilizadores da doca, o acesso à infraestrutura.

«Esta é uma intervenção que não se faz há mais de 25 anos. Apesar de significativo, este não será um investimento exagerado, e vem resolver um problema há muito existente», ilustrou ao Sul Informação José Apolinário, secretário de Estado das Pescas, que esteve ligado à génese deste processo, na altura em que presidia à Docapesca, empresa responsável pela intervenção.

Com esta intervenção, serão retirados 16 mil metros cúbicos de sedimentos da Doca de Recreio de Faro. A área de intervenção é de 17500 metros quadrados (1,75 hectares).

 

 

Além da «reposição das condições de operacionalidade» da Doca, este investimento visa, igualmente, «a requalificação da área do pontão utilizado pelos pescadores», segundo o Ministério do Mar.

«As dragagens avançam porque houve uma soma de vontades. Isto só é possível porque as várias entidades envolvidas estão a remar no mesmo sentido», considerou José Apolinário.

E os remadores não são poucos. Além da Docapesca, a dona da obra, este projeto conta com a colaboração da Câmara de Faro, do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, Capitania do Porto de Faro e Ginásio Clube Naval de Faro.

«Temos, também, os utentes da doca, sem a colaboração dos quais não seria possível intervir, pois terão de desviar os seus barcos, para que os trabalhos se possam realizar», ilustrou o membro do Governo.

Esta conjugação de vontades já se tinha verificado antes e permitido o avanço das «obras de requalificação das muralhas da doca, que custou cerca de cem mil euros».

Na altura em que lançou o concurso para esta obra, a Docapesca antecipava que, depois de concluídas as dragagens, estariam «reunidas condições para a realização da reabilitação das plataformas flutuantes», uma obra que tem um custo estimado de 30 mil euros.

 

 

Quanto ao desassoreamento da parte mais poente da Doca de faro, terá de ser o Ginásio Clube Naval a avançar, enquanto entidade concessionária do espaço.

E a obra que já está a decorrer só avançou porque há pescadores a utilizar este porto. «Tendo em conta as condições atuais desta doca e uma vez que existe um núcleo de pesca no interior do Porto de Faro, a Docapesca–Portos e Lotas SA considerou que deveria contribuir para garantir as melhores condições para os pescadores e mariscadores que ali exercem a sua atividade, através da realização de uma dragagem que permita a operação desses profissionais em segurança, assim como a reabilitação dos seus cais flutuantes e do acesso ao posto de combustível», justificou a Docapesca, na altura em que lançou o concurso.

Já as dragagens no exterior da doca terão mesmo de esperar. Apesar de também ser necessário desassorear o canal de acesso a esta infraestrutura, essa obra só poderá avançar «após a realização de um estudo de incidências ambientais sobre dragados», tendo em conta que se trata da Ria Formosa, uma área protegida.

«Essa é uma intervenção que terá de ficar para outra altura. O próximo passo será a requalificação do Cais das Portas do Mar», mais uma vez numa colaboração com a Câmara de Faro, segundo José Apolinário.

 

Fotos: Nuno Costa|Sul Informação

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