SEPNA, IGAMAOT e APA reúnem-se esta tarde em Aljezur para avaliar furos suspeitos

Inspetores da IGAMAOT – Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, o responsável pela Agência […]

Água com espuma química a ser bombada

Inspetores da IGAMAOT – Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, o responsável pela Agência Portuguesa de Ambiente (APA) no Algarve e agentes do SEPNA, o serviço de proteção ambiental da GNR, vão reunir-se esta tarde em Aljezur, no quartel da GNR, para analisar e tomar uma eventual decisão sobre as perfurações que estão a ser feitas no sítio do Perdigão.

Estas perfurações foram alvo de queixas à IGAMAOT por parte da Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP), da associação ASMAA – Algarve Surf & Marine Activities Association, bem como denunciadas por grupos de facebook como “Não ao Fracking – Preservar Aljezur” ou “Fracking Vila do Bispo? Não!” e ainda pelo presidente da Câmara de Aljezur, em contactos feitos pelo autarca com diversas entidades e ministérios.

José Amarelinho, presidente da autarquia de Aljezur, visitou esta manhã, acompanhado por Sebastião Teixeira, responsável pela APA no Algarve, a zona onde a empresa Domus Verde está a fazer as perfurações, alegadamente apenas para «a captação de água subterrânea para rega agrícola em cerca de 7 hectares».

O autarca, que se tem destacado na contestação à pesquisa e exploração de hidrocarbonetos no Algarve, disse ao Sul Informação ter reparado, durante a visita, em «algumas coincidências no mínimo estranhas»: em primeiro lugar, «o geólogo da Portfuel [a empresa de Sousa Cintra a quem foi atribuída a concessão da exploração] está a acompanhar os trabalhos da abertura dos furos pela DomusVerde». «Eu vi-o lá e ele identificou-se como geólogo da Portfuel», garantiu Amarelinho em declarações ao nosso jornal.

Depois, tendo em conta que já foi encontrada «água em abundância aos 300 metros, não se percebe para que estão eles a continuar a perfuração até aos 500 metros, conforme a licença que lhes foi atribuída. Se o objetivo das perfurações é apenas o de encontrar água para uma hipotética exploração agrícola, isso não seria necessário», acrescentou José Amarelinho.

Outra «coincidência estranha», na opinião do edil de Aljezur, é saber-se que «para fazer um eventual furo de prospeção de hidrocarbonetos é necessário haver muita água».

Amarelinho sublinha igualmente que, «por mais perguntas que eu faça, à Energia, ao Ambiente, ainda ninguém foi capaz de me dizer que tipo de culturas hortícolas estão previstas para este terreno. Que exploração agrícola é esta?»

Por outro lado, manifestou a sua preocupação pelo facto de «os trabalhos de perfuração em curso estarem a inquinar outros furos das redondezas. As águas dos furos dos vizinhos estão barrentas, o que está a causar alarme, e as pessoas já nem querem regar as suas hortas com estas águas de cor muito turva, por temerem consequências para a sua saúde».

O presidente da Câmara de Aljezur adiantou ainda, nas suas declarações ao Sul Informação, que o Município não foi convidado e por isso não vai estar presente na reunião que esta tarde junta IGAMAOT, SEPNA e APA. «Mas uma coisa posso afirmar: esta reunião só acontece por força das queixas feitas e pelos desesperos das pessoas que eu tenho feito chegar junto das tutelas».

O autarca socialista acrescentou não poder «continuar a pactuar com esta falta de transparência, esta névoa, que paira sobre todo o processo».

Quando, em Dezembro, surgiram as primeiras informações, nas redes sociais, sobre os furos que estariam a ser abertos no sítio do Perdigão, Aljezur, recordava ontem a PALP, «a informação que foi dada pelas entidades governamentais, Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis (ENMC), foi que se tratava de perfurações para a captação de água subterrânea para rega agrícola em cerca de 7 hectares».

Mais tarde, a empresa requerente «solicitou pesquisa de águas subterrâneas até aos 500 metros», invocando a «fundamentação técnica de pesquisar as litologias em profundidade e determinação do seu potencial hidrogeológico». Um investimento que, para uma exploração agrícola, não faz muito sentido.

Daí que tenha surgido a suspeita, fundamentada, de que as perfurações se destinam não a encontrar água para irrigação de uma eventual exploração agrícola, mas para apoiar futuras pesquisas de hidrocarbonetos. «Há aqui demasiadas coincidências muito estranhas, que eu quero ver muito bem esclarecidas», garante o edil José Amarelinho.

 

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