Eleições, Europa e revolução

No dia 25 de maio, terão lugar as eleições às quais os portugueses menos interesse reconhecem: as eleições para o […]

No dia 25 de maio, terão lugar as eleições às quais os portugueses menos interesse reconhecem: as eleições para o Parlamento Europeu.

Se as recentes Autárquicas tiveram altíssimas taxas de abstenção – no Algarve mais de metade dos eleitores não foram votar -, nem quero imaginar como será alta a abstenção nas Eleições Europeias que aí vêm.

É que, por muito desgostosos que andem com a política e os políticos, os portugueses ainda vão achando que as Autárquicas têm mais diretamente a ver com eles, porque se trata da governação da sua terra. Mas e em relação às Europeias?
Tradicionalmente, em Portugal e nos outros países da União Europeia, as maiores taxas de abstenção sempre foram alcançadas nas Europeias.

Os analistas dizem que esse alheamento voluntário dos cidadãos em relação às eleições que escolhem os deputados europeus tem a ver com o facto de se sentirem distantes das questões dessa tal Europa. A Europa, em Portugal, é quase sempre referida como algo que está lá longe, fora, como se nós, portugueses, não fossemos também Europa…

O alheamento crescente, e parece que sem remédio, em relação à política e às eleições fará com que este próximo ato eleitoral fique marcado por uma abstenção fortíssima, que prevejo a rondar os 75%. E, se tal acontecer (espero sinceramente estar enganada!), também prevejo que pouco ou nada irá mudar quer na atitude, quer nas práticas dos políticos. É que, com poucos ou muitos votantes, os deputados, os eurodeputados e os autarcas continuam a ser eleitos…porque é assim que o sistema funciona.

Por mim, acho errado pensar-se que as Eleições Europeias são as que têm menos importância. É que, cada vez mais, é na Europa que se forjam as regras que dão forma ao nosso presente e ao nosso futuro e, por isso, seria bom que todos percebessem como é importante discutir o que se passa no Parlamento Europeu, na Comissão Europeia e nos demais órgãos que há décadas governam, na prática, o nosso dia a dia.

Pela minha parte, enquanto jornalista e cidadã, tenho procurado dar o meu contributo para fazer perceber a importância que a Europa tem. Esta sexta-feira, dia 20, moderei, em Lagos, um debate com dois deputados, um empresário de turismo de natureza e muitos estudantes que votarão pela primeira vez, sobre o tema «Europa, Espaço mais Sustentável».

O debate é promovido pelo Centro Europe Direct do Algarve, no âmbito da campanha para despertar o interesse por estas Eleições Europeias. Espero sinceramente que, no fim, pelo menos meia dúzia dos jovens que froam assistir se tenham sentido motivados a votar.

Quase 40 anos depois do 25 de Abril de 1974, votar parece ser uma coisa banal, que às vezes nem apetece fazer porque está sol e a praia convida. Para o bem e para o mal, foi também para poder pensar assim, livremente, que se fez a Revolução dos Cravos!

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