Bombeiros do Algarve defendem ANPC e demarcam-se da Liga de Bombeiros

Os bombeiros algarvios demarcaram-se, em documento conjunto, de uma avaliação muito crítica feita pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) sobre […]

Os bombeiros algarvios demarcaram-se, em documento conjunto, de uma avaliação muito crítica feita pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) sobre o relatório da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) relativo aos fogos que atingiram Tavira e São Brás de Alportel no final de julho.

Os comandantes das corporações algarvias que combateram o fogo acusaram 0s responsáveis da LBP de «oportunismo».

Num documento assinado pelos 27 comandantes operacionais que estiveram no terreno, a que o Sul Informação teve acesso, os bombeiros do Algarve dizem não reconhecer «capacidade técnica, operacional e científica ao relator [Duarte Caldeira] do documento produzido pela Liga dos Bombeiros Portugueses, o qual apresenta diversas imprecisões revelando leviandade na sua elaboração».

O documento da LBP acusa a ANPC de não ter dado uma imagem real do que se passou no terreno, no relatório que produziu, e diz que a operação teve falhas ao nível da coordenação de meios e da estratégia de combate ao fogo, falando mesmo em total descontrolo nas primeiras 36 horas em que o fogo lavrou.

Uma posição que surge pouco depois de o ministro Miguel Macedo ter encomendado um relatório independente aos fogos da Serra do Caldeirão, já depois de a ANPC ter entregue o que fez a nível interno.

Os comandantes algarvios, por seu lado, manifestaram-se «perplexos» pelo facto de nenhum dos responsáveis operacionais das corporações da região envolvidas no combate ao fogo ter sido ouvido, no âmbito da elaboração da avaliação da ANPC.

Ao mesmo tempo, estranham que o documento da LBP «não se pronuncie sobre o estado da zona afetada pelo incêndio, nomeadamente a insuficiência de faixas de gestão de combustíveis, acumulação de sobrantes nos povoamentos florestais e material combustível nas linhas de água».

No relatório da ANPC, este é um fator referido por diversas vezes, como justificação para a forte propagação do fogo nos primeiros dois dias em que este lavrou.

Além disso, o relatório oficial fala ainda do terreno difícil, da escassez de ligações viárias, que obrigavam os meios a contornar o perímetro de fogo, quando eram reposicionados e a preocupação em proteger edificado disperso, muito abundante na zona afetada pelo fogo.

«Só quem não conhece a particularidade e especificidade da Serra do Caldeirão e a influência do clima mediterrânico sobre a mesma, é que pode pôr em causa o comando e controlo da maior operação de proteção civil alguma vez vista em Portugal, envolvendo um número expressivo de agentes e entidades cooperantes heterogéneas», consideraram, por seu lado, os bombeiros do Algarve.

Os comandantes das corporações algarvias aproveitaram para «lamentar as perdas patrimoniais» que resultaram deste incêndio, mas recordaram que o facto «de não ter havido uma única vítima mortal ou ferido grave constitui um claro indicador do trabalho feito por todos no terreno, que não pode ser denegrido por aqueles a quem é dado indevidamente nesta matéria, tempo de antena».

Os bombeiros algarvios afirmaram ainda a «total confiança no Comandante Operacional Distrital e no Comandante Operacional Nacional».

Comentários

pub