A Plataforma Água Sustentável (PAS) considera que a captação de água no Pomarão, para reforçar a barragem de Odeleite, é uma «grande obra de engenharia, com enormes impactos ecossistémicos e sociais» e permitirá «o aumento a área da agricultura intensiva, poluente e gastadora» de um recurso escasso.
A PAS submeteu um parecer na consulta pública que terminou a 29 de Abril.
Segundo a PAS, «a captação de água no Guadiana, a jusante de Alqueva, a que se refere o projeto, tem como objetivo criar condições para os novos regadios propostos, situados no sistema Beliche-Odeleite, que, supostamente, será reforçado por água oriunda desta captação – é o que está expresso no Plano de Eficiência Hídrica do Algarve (PREHA), ideia que é reforçada quando se lê o Estudo para o Regadio 2030».
Esta iniciativa, na opinião da PAS, «vai ao arrepio das conclusões de estudos e decisões nacionais e europeias, nomeadamente a Diretiva-Quadro da Água (2000/60/CE) e, por outro lado, não tem assegurado o acordo, nem da empresa gestora do Alqueva, Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, S.A. (EDIA), nem do Governo nacional de Espanha, nem do Governo regional da Andaluzia».
Também por isso, a PAS considera que apresentar este projeto «sem a prévia concordância de Espanha e da EDIA é uma irresponsabilidade, quer pela perda de tempo, quer pelo desbaratar de oportunidades, quer ainda pelo desperdício de dinheiro público gasto no pagamento do design do projeto».
Só após ter garantido que aqueles condicionantes, transfronteiriças e nacionais, seriam ultrapassados, o Estado «poderia ter avançado para a análise desta possibilidade e para o estudo do seu impacto ambiental».
Na opinião da PAS, esta opção de captar água no Guadiana «não aumenta a resiliência da região» e «atravessará uma área de grande sensibilidade ambiental, aumentando a nossa pegada ecológica, diminuindo o caudal do rio que tem a parte jusante integrada na Rede Natura 2000».
Além disso, «pode prejudicar, ou mesmo extinguir os ecossistemas dependentes dos caudais excedentários que se pretendem captar, com efeitos sobre a saramugo (Anaecypris hispanica), em perigo de extinção e que consta do Anexo II da Diretiva Habitats» e «pode aumentar a salinização já existente no Guadiana».
A obra também «apresenta impactos diretos na paisagem circundante».
«Apesar de a captação prevista ser durante sete meses por ano, de Outubro a Abril, por efeito da diminuição da pluviosidade e dos caudais das ribeiras a jusante da captação, nomeadamente, nas ribeiras do Vascão e da Foupana, durante um período de cerca de seis meses, sensivelmente de Maio a Outubro, a paisagem vai tornar-se desoladora com as ribeiras total ou parcialmente secas», defende a Plataforma Água Sustentável.
O forte investimento é também um «desperdício», uma vez que se trata de uma «solução” que depende de chuva que é escassa, e de energia elétrica que é cada vez mais cara e impactante de produzir».
A PAS é uma plataforma que agrega treze Associações, Ongs e movimentos – A Rocha Portugal, Água é Vida, Al-Bio- Associação Agroecológica do Algarve, Almargem-Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, CIVIS–Associação para o Aprofundamento da Cidadania, a Ecotopia-Associação Ambiental e de Desenvolvimento Sustentável, o FALA-Fórum do Ambiente do Litoral Alentejano, Faro 1540–Associação de Defesa e Promoção do Património Ambiental e Cultural de Faro, Glocal Faro, LPN-Liga para a Protecção da Natureza, a Probaal-Associação para o Barrocal Algarvio, Quercus–Associação Nacional de Conservação da Natureza e REGAR.
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