Noite será «muito difícil, de muito trabalho» no incêndio de Monchique

Encostas acentuadas, acessos difíceis, temperaturas de 47 graus e humidade de 14% – tudo está a contribuir para prejudicar o combate ao fogo

Foto: Nelson Inácio | Sul Informação (arquivo)

A noite será «muito difícil, de muito trabalho» na Serra de Monchique, prevê Abel Gomes, comandante das Operações de Socorro do Algarve. O fogo que deflagrou no sítio da Perna da Negra, pelas 13h32 deste sexta-feira, mantém duas frentes ativas, uma das quais lavra agora em direção ao sítio da Foz do Carvalhoso.

Em conferência de imprensa no quartel dos Bombeiros de Monchique, ao fim da tarde, o comandante Abel Gomes tinha adiantado que, se necessário, seriam retirados os habitantes desta pequena localidade. Esta tarde, no sítio das Taipas, «meia dúzia» de pessoas já tinham sido deslocadas, mas apenas como «medida de precaução», já que nenhuma das suas casas chegou a ser atingida pelas chamas.

Entretanto, em declarações ao Sul Informação, fonte do CDOS adiantou que «de forma preventiva, para evitar eventuais problemas, a população da Foz do Carvalhoso deverá ser evacuada. As pessoas serão encaminhadas para a escola EB 2,3 de Monchique, que está a ser preparada pela Câmara para as receber».

Ao contrário do que chegou a ser noticiado, nenhuma habitação ardeu, apenas tendo sido afetados alguns «barracões agrícolas», acrescentou aquele responsável.

«Vai ser uma tarefa difícil dominar este incêndio, espera-se uma noite muito complicada, de muito trabalho e muito exigente», revelou o comandante Abel Gomes.

A noite, acrescentou, vai continuar muito quente, quente, com pouco vento, mas quase sem humidade.

O responsável atualizou ainda o número de operacionais que sofreram ferimentos ligeiros por causa do incêndio: foram nove, oito dos quais bombeiros e o restante sapador da empresa Afocelca. Os operacionais tiveram de receber assistência médica devido ao esforço, ao calor e inalação de fumos.

É que, esclareceu, «no teatro de operações, foram registados 47 graus de temperatura e humidades relativas na ordem dos 14%, o que complica e muito a tarefa de quem tem de combater este incêndio».

Além disso, o terreno onde o fogo desta sexta-feira começou e está a avançar tem uma orografia «muito complicada, com declives acentuados e dificuldade nos acessos». O comandante Abel Gomes admitiu que a primeira intervenção «musculada», com muitos operacionais, acabou por não dar resultado, devido a todas as condições adversas.

Por seu lado, Rui André, presidente da Câmara de Monchique, adiantou que, até agora, o fogo já consumiu 400 hectares, na sua maioria de eucaliptos e mato.

A fonte do CDOS contactada pelo Sul Informação acrescentou que no terreno, estão 423 operacionais, apoiados por 127 veículos e ainda por máquinas de rasto, para tentar atalhar o caminho ao fogo.

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