Pais dos alunos de duas escolas de Faro fizeram (mesmo) fila, para apresentar uma reclamação oficial junto do Agrupamento de Escolas Afonso III.
Esta foi a forma encontrada pelos encarregados de educação das Escolas Básicas do Alto Rodes e do Carmo para protestar contra a alteração dos horários das crianças, que viram a sua carga horária letiva reforçada e o tempo de recreio diminuído.
Uma situação imposta pela Inspeção Geral de Educação e Ciência, que se mostra irredutível na deliberação que as crianças têm de cumprir 30 horas semanais de carga horária total. Os pais já apresentaram uma alternativa e já apresentaram à direção da escola, que ainda não lhe deu resposta por alegada «falta de tempo».
À porta da Escola EB 2,3 D. Afonso III, sede do agrupamento, dezenas de pais gritaram palavras de ordem e empunhavam cartazes, depois de um pequeno cortejo desde a Escola do Alto Rodes até ali, com passagem junto à Escola do Carmo. Mas acabaram por levar o seu protesto mais longe, oficializando-o no livro de reclamações do agrupamento.
Cátia Ferreira e o seu marido foram dois dos pais que ficaram à espera para fazer reclamação. Com dois filhos a estudar no turno da manhã, estes pais não aceitam a alteração de horários, essencialmente pela carga horária em sala que veio impor.
«O que é fundamental, e é comum ao turno da manhã e da tarde, é que estamos a falar de miúdos dos 6 aos 10 anos que estão fechados numa sala durante 5 horas, com uma pausa de apenas 20 minutos pelo meio. Isso é insuficiente. Nas escolas com miúdos mais velhos, as aulas demoram, no máximo, 90 minutos. Os meus filhos chegam a estar 2 horas e 50 minutos dentro da sala», ilustrou.
Uma situação que também não agrada aos professores, que têm procurado aliviar a carga imposta aos alunos da forma como podem. «Há professores que já dão o lanche dentro da sala de aula, para que as crianças possam aproveitar os 20 minutos para brincar», disse Cátia Ferreira.
A este protesto, juntou-se a entrega de um abaixo-assinado, lançado pela Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola EB1 de Alto Rodes, mas que representa também a vontade dos pais das crianças da Escola do Carmo. Neste documento, voltam a apresentar os muitos argumentos que já avançaram contra a medida e a sugerir uma alternativa, por considerarem que «o horário imposto é injusto e desadequado, não acautelando os interesses das crianças
«É inaceitável sujeitar crianças com idades entre os 6 e 10 anos a 5 horas em sala de aula só com 20 minutos de intervalo. Para crianças que já são penalizadas por não terem regime normal [ambas as escolas têm horário duplo], esta situação ainda as prejudica mais.
Acrescentamos ainda que o horário em vigor não é o que consta do regulamento interno do agrupamento e que nada foi comunicado pela escola no ato da matrícula. Este horário não respeita o próprio Estatuto do Aluno e Ética Escolar», lê-se no documento, que foi entregue à direção do agrupamento.
Pais garantem que mais Atividades Extra Curriculares resolvem a questão
Durante o protesto, a presidente da associação de pais Paula Coutinho explicou ao Sul Informação que, na última reunião, apresentou uma proposta alternativa ao aumento da carga horária da componente letiva de 22 horas e meia para 25 horas. Esta proposta mostra «que aumentando as Atividades Extra Curriculares AEC, o problema fica resolvido, sem se ter de mexer nos horários». Uma proposta baseada no número de crianças atualmente inscritas nestas atividades e que, garantiu, permitiria que a escola cumprisse a lei.
Os pais garantem que a direção do Agrupamento Afonso III prometeu uma resposta até ao passado dia 1 de novembro. «Mas, sempre que contactamos a diretora, é-nos dito que ainda não houve tempo para se debruçarem sobre o assunto», revelou Paula Coutinho.
Uma situação que os pais não aceitam e, daí, terem partido para novo protesto, depois de se terem manifestado a 28 de outubro, dia em que os novos horários entraram em vigor.
«Nós estamos a falar de uma situação que se passa numa escola, que achamos que não se devia estar a passar. Dessa forma, achamos que é assunto para ser encarado como sendo de urgência e não está a ser tratado como tal», considerou a representante dos encarregados de educação de Alto Rodes.
A alteração de horários levou, entretanto, a «uma situação de mini-caos no turno da tarde», uma vez que «a maioria dos pais não estão a cumprir o novo horário», que determina que as crianças saiam 25 minutos mais tarde.
«Há um incumprimento por parte dos pais, que estão a ir buscar as crianças às 18h15 [horário de saída original]. Nós, enquanto associação de pais, não subscrevemos essa posição, mas compreendemos e somos solidários com quem não o cumpre e as razões que os levam a fazê-lo», considerou Paula Coutinho, que, como os seus colegas de direção da associação, tem respeitado o horário, apesar de não concordar com ele.
«Não nos parece que o que se está a passar na escola ao final da tarde se deva manter. É prejudicial para as crianças que lá ficam e veem os colegas ir embora e para os próprios professores, que não sabem muito bem o que fazer. E a direção do agrupamento tem de tomar uma medida quanto a isto, que passa por voltar a colocar o horário de saída às 18h15 e não às 18h40», acrescentou.
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