Atual onda de calor é excecional «pela persistência» de altas temperaturas

Dados demonstram, sem grande margem para dúvidas, que, pelo menos desde o século passado, estamos com uma tendência bem definida de anos cada vez mais quentes e secos

A onda de calor que Portugal Continental atravessa «não tem sido, até agora, assim tão excecional pelos valores das máximas registadas, mas mais pela persistência desses mesmos valores ao longo de muitos dias», indo prolongar-se ainda ao longo desta semana.

A afirmação é de Bruno Gonçalves, engenheiro de ambiente e responsável pelos sites Meteofontes e Extrematmosfera, que salienta que «temos a possibilidade de, nesta próxima semana, as temperaturas continuarem ainda a subir, podendo ser registados 45ºC ou 46ºC em alguns locais (ou até mais), situação que provavelmente irá justificar a emissão de Aviso Vermelho para alguns distritos». Além do mais, as mínimas, nomeadamente durante a noite, irão rondar os 30ºC também em muitos locais.

Bruno Gonçalves acrescenta que, «para aqueles mais “céticos” quanto à existência das Alterações Climáticas e para o facto desta situação ser normal ou não no Verão», os gráficos publicados (ver abaixo) «demonstram, sem grande margem para dúvidas, que pelo menos desde o século passado, estamos com uma tendência bem definida de anos cada vez mais quentes e secos».

Os gráficos indicam que «temos tido cada vez mais anos com anomalias positivas da temperatura média (temperaturas mais quentes que a Normal), nestas últimas dezenas de anos».

Por outro lado, «também as anomalias negativas de precipitação (com precipitação abaixo da Normal) têm-se verificado com cada vez maior frequência nas últimas dezenas de anos».

E isto, explica, acontece tanto em Portugal, como na Europa e no resto do Mundo, havendo «uma clara tendência para anos cada vez mais quentes e secos».

Os gráficos que o especialista divulga são gerados por dados do IPMA, NOAA e outras entidades oficiais.

«Mas até com os dados que tenho registado na estação meteorológica do Sitio das Fontes (Algarve), desde 2009, também se verifica esta mesma clara tendência: temperaturas cada vez mais quentes e anos cada vez mais secos».

Sendo assim, o engenheiro de Ambiente recomenda «muita atenção para estes próximos dias, que continuarão tão ou mais quentes que os últimos».

Mesmo que não se venham a atingir valores de 45ºC, 46ºC ou 47ºC, «será sempre uma situação muito severa e com nítidos efeitos ao nível da saúde humana, ao nível dos ecossistemas e, esperamos que não, ao nível dos incêndios».

A onda de calor que se está a viver é causada por um anticiclone situado a NE dos Açores e a estender-se em crista até às Ilhas Britânicas, em conjugação com uma depressão isolada em altura, que irá passar a Oeste do Continente, mas afastada, provocando um fluxo de Leste sobre Portugal Continental, “puxando” ar muito quente do Norte de África na direção de Portugal.

As máximas poderão chegar aos 46/47ºC em alguns locais do Vale do Tejo e interior alentejano, e as mínimas também estarão elevadas, rondando os 30ºC em algumas noites no interior Norte e Centro.

 

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