Sínodo: Católicos concordam com envolvimento de leigos, mas também há “temas quentes”

Os trabalhos decorreram entre Outubro de 2021 e Maio deste ano

Houve temas «transversais» na preocupação dos católicos, como a «necessidade envolver mais os leigos», mas outros que também «geraram maior tensão», como a «abertura, acolhimento e compreensão» com casais recasados ou homossexuais. Estas são algumas das conclusões da fase diocesana de auscultação sobre o Sínodo da Igreja que terminou em Maio deste ano. 

Segundo a Diocese do Algarve, neste processo ouviu-se, em primeiro, «as paróquias (grupos, pessoas e, em alguns casos, mesmo aqueles que não são «membros integrantes» das comunidades, mas fazem parte de «áreas da vida política, da economia, de associações juvenis, de associações desportivas, entre outros», das localidades onde funcionam as paróquias».

Depois, numa segunda fase, foram auscultadas as equipas sinodais de cada vigararia (conjunto de Paroquias associadas geograficamente) que elaboraram, por sua vez, um outro resumo, a partir dos depoimentos recolhidos em cada paróquia.

Por fim, esses documentos foram enviados para «o Vigário da Pastoral que, com os membros do secretariado permanente do Conselho Pastoral Diocesano, procederam à elaboração da Síntese da Diocese. Esta passou, ainda, pelos vários Conselhos Diocesanos de Participação e Corresponsabilidade Eclesial: Pastoral, Presbiteral e Episcopal».

De acordo com a Diocese do Algarve, «algumas questões são transversais na preocupação dos católicos algarvios, nomeadamente a necessidade de envolver mais os leigos e de os escutar, sobretudo não colocando barreiras à participação daqueles que não estarão tão envolvidos na vida paroquial».

Outro dos pontos de maior consenso «é o que diz respeito à formação, quer para melhorar o acolhimento aos outros, quer para garantir uma melhor compreensão e participação na liturgia e da própria Palavra de Deus/Bíblia, uma formação humana e espiritual que favoreça o diálogo com todos, dentro e fora da Igreja e uma formação ou “educação” dos cristãos para a capacidade e o à-vontade no exercício do discernimento, bem como na compreensão deste em ordem à decisão que deve ser tomada por pessoas específicas».

Além destes pontos, salientou-se a «manifesta dificuldade de, em boa parte das comunidades, gerar diálogos abertos, francos e fraternos, mas também porque coloca em relevo a dificuldade dos cristãos e das comunidades estabelecerem diálogos com a sociedade aos mais variados níveis e sobre os mais variados temas que ocupam e/ou preocupam o Homem contemporâneo: os diálogos com o mundo juvenil, com os não crentes ou com aqueles que têm posições diferentes da visão cristã, foram referidos como os mais difíceis e tensos de empreender».

Só que também houve questões que geraram «maior tensão ou opiniões díspares».

Entre elas, a «necessidade de maior abertura, acolhimento e compreensão com aqueles que não vivem dentro dos “parâmetros ou padrões” de vida propostos pela Igreja à luz do Evangelho: casais recasados, casais em uniões de facto, pessoas homossexuais, etc» e o «diálogo sincero dentro das comunidades: gerar formas de predispor os cristãos para a correção fraterna, onde a hipocrisia, a indiferença ou a omissão não destruam o saudável tecido comunitário».

A isto junta-se «os escândalos na Igreja e a necessidade de uma boa formação humana dos cristãos no que respeita à sexualidade e aos afetos. Os escândalos a estes níveis têm prejudicado muito a credibilidade da Igreja e a sua missão evangelizadora, referindo-se a dificuldade por que passam muitos cristãos ao serem confrontados quotidianamente pela sociedade».

Na parte dos «ministérios, serviços e partilha de responsabilidades», correu muita tinta.

Os trabalhos decorreram entre Outubro de 2021 e Maio deste ano, tendo havido, contudo, um conjunto considerável de paróquias (cerca de 35 num total de 82) que não realizaram qualquer tarefa integrada no caminho sinodal proposto.

As razões desta não participação estão ainda por apurar, podendo-se, todavia, concluir, «que há uma certa dificuldade em abrir-se e entrar neste dinamismo sinodal», conclui a Diocese.

 



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