Algarve, Alentejo e Andaluzia voltam a apostar na cooperação para o bem comum

Compromisso da Eurorregião do sul da Península Ibérica foi renovado

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Criar uma verdadeira estratégia de cooperação e colaboração, que permita ao Algarve, ao Alentejo e à Andaluzia ter mais capacidade competitiva e ganhar escala, através de projetos comuns, é o objetivo do protocolo de Cooperação Transfronteiriça da Comunidade de Trabalho Eurorregião Alentejo-Algarve-Andaluzia, que foi assinado em Faro esta quarta-feira.

José Apolinário e António Ceia da Silva, presidentes das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve e Alentejo, respetivamente, e Juan Manuel Moreno, presidente da Junta de Andaluzia, foram os signatários deste protocolo, que substitui os extintos acordos entre as duas regiões portuguesas e a região espanhola da Andaluzia.

Na sessão, que contou com a presença de Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, o enfoque dos três dirigentes foi para os benefícios que a Eurorregião já trouxe para os seus territórios, mas também os que ainda estão para vir.

E foi do futuro que José Apolinário falou, no seu discurso, na sessão de assinatura do protocolo.

O presidente da CCDR Algarve defendeu o avanço da navegabilidade do Guadiana até Mértola, que, na prática, passa por balizar e desassorear o rio entre o Pomarão e aquela vila do Baixo Alentejo, de modo a que barcos de maior porte possam navegar em segurança a qualquer hora e mesmo quando a maré está baixa.

Do Pomarão até Vila Real de Santo António, a navegabilidade já foi garantida, com recurso a fundos europeus destinados a projetos de cooperação transfronteiriça.

 

 

José Apolinário também quer o aumento das ligações de navios de cruzeiros entre Sevilha e Portimão, bem como a conclusão da Eurovelo 1 – Rota da Costa Atlântica.

De caminho, garantiu que está ao lado da Andaluzia no desejo do avanço da ligação ferroviária de Alta Velocidade entre Sevilha e a a região algarvia.

Este foi, de resto, um tema que também foi abordado tanto por Ana Abrunhosa e  Juan Manuel Moreno. E se a ministra disse que já viu a situação «mais difícil», o presidente da Junta de Andaluzia garantiu que há abertura de Madrid, mas também «muita pressão» da parte do Governo regional.

Quanto ao protocolo que foi assinado, o governante andaluz defendeu que é «uma janela de oportunidade para promover a coesão territorial e o desenvolvimento sustentável», mas também para aumentar a resiliência das três regiões.

«Provavelmente, o sul da Península Ibérica é dos territórios mais vulneráveis às consequências das alterações climáticas», pelo que, defende Juan Moreno, a mitigação dos seus efeitos deve ser uma das prioridades da Eurorregião.

Neste campo, cabe o CILIFO – Centro Ibérico para a Investigação e Luta contra os Incêndios Florestais, um projeto cofinanciado no âmbito do Programa de Cooperação Transfronteiriço Interreg España Portugal (POCTEP 2014 – 2020), no âmbito do qual a comitiva andaluz visitou, na quinta-feira, o Centro Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve e a Base de Helicópteros de Serviço Permanente de Loulé.

 

 

António Ceia da Silva, por seu lado, colocou a tónica na importância da cooperação, mas também do papel que os Governos centrais de cada país podem ter, de modo a torná-la mais eficaz.
«Não podemos ter bons projetos do lado espanhol que não avançam por falta de assinaturas de Portugal e vice-versa», disse, acrescentando que é precisa «uma estratégia verdadeiramente concertada entre as três regiões».

«Há, para mim, três questões decisivas: a especialização inteligente, a promoção conjunta das três regiões e a água», afirmou ainda o presidente da CCDR Algarve.

Quanto a projetos concretos, a ministra Ana Abrunhosa apontou três: o CILIFO , o Centro de Investigação Universitário Alentejo-Algarve-Andaluzia (CIU3A) e o Centro Magalhães, que se dedicará a temáticas ligadas à cultura e à criatividade.

«Estes três projetos representam investimentos de 73,3 milhões de euros, financiados em mais de 50 milhões pelo programa operacional POCTEP», conclui a ministra.

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 



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