Antigas escolas de Cachopo tornam-se Alojamento Local para dar mais vida à serra

A In Loco quer potenciar ainda mais os Centros de Descoberta do Mundo Rural de Casas Baixas, Feiteira e Mealha

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

Naquela segunda-feira de Junho, a aldeia da Mealha, na freguesia de Cachopo, estava bem mais animada do que o costume. Na antiga escola primária, uma dezena de homens e mulheres atarefavam-se a limpar e a fazer pequenas reparações, com o objetivo de lhe dar uma nova vida e, de caminho, trazer mais dinamismo ao coração da Serra do Caldeirão.

Esta “ajudada” contou com elementos da In Loco, a associação de desenvolvimento local algarvia que gere, há 20 anos, três centros de descoberta do mundo rural, instalados noutras tantas antigas escolas primárias desta freguesia de Tavira.

Mais do que dar uma merecida limpeza aos imóveis, que há 20 anos funcionam como abrigos de montanha, depois de «quase um ano e meio fechados», os responsáveis pela In Loco querem prepará-los para um futuro como Alojamento Local.

O upgrade visa atrair ainda mais pessoas a este território.

«O nosso objetivo, quando abrimos estes centros, há 20 anos, era criar uma centralidade aqui no interior do concelho de Tavira, na freguesia de Cachopo, para as práticas do ecoturismo», enquadrou Artur Gregório, presidente da In Loco.

«Ora, o que se passa é que a estrada tem muitas curvas e é difícil de se fazer. Se vens fazer uma atividade e tens de regressar no mesmo dia, é muito complicado. É o chamado pee and drive, ou seja:  vens cá, fazes xixi e vais-te embora, porque não tens tempo para fazer a atividade», reforçou.

 

Artur Gregório – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Para ultrapassar este problema, em 1999 a In Loco assinou um protocolo com a Câmara de Tavira e criou os Centros de Descoberta do Mundo Rural nas antigas escolas de Casas Baixas, Feiteira e Mealha.

Estas estruturas «são abrigos de montanha e servem de apoio à realização de atividades lúdicas, de descoberta e ambientais».

Os centros «servem de base para um conjunto de iniciativas, permitindo que a pessoa possa permanecer aqui e possa conhecer, participar, envolver-se com mais tempo e conhecer este território com maior profundidade».

«Vamos agora reconvertê-los para Alojamento Local e fazer a divulgação e a promoção como deve de ser, para todos os utilizadores», anunciou Artur Gregório.

E qual é a diferença entre um abrigo de montanha e uma unidade de alojamento local?

No primeiro caso, trata-se de uma estrutura que acolhe qualquer caminhante de passagem, sem necessidade de reserva, pelo que «não é fácil programar».

«Para quem quer planear uma viagem até aqui com a família, durante vários dias, é difícil não contar, não marcar, não reservar», explicou o presidente da In Loco.

Com a alteração do estatuto para Alojamento Local, quem quiser pode fazer a reserva. Para isso, deve telefonar para a In Loco (289 840 860 e 969 992 240).

 

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Em cada uma das localidades, «há uma anfitriã local, uma pessoa da comunidade, que faz o acolhimento das pessoas», além de se responsabilizar «pela manutenção e pela conservação geral das coisas».

Nas três aldeias, os visitantes encontram um alojamento com «todas as condições para acolher atividades de família, de grupo, de amigos»,  com capacidade para acolher até 12 pessoas, em dois quartos.

Os centros também têm uma sala de convívio com televisão, sanitários, cozinha equipada e painéis solares para aquecimento de água para banhos e cozinha. No espaço exterior, há um jardim delimitado por muros baixos, onde foi instalado um espaço para refeições, com um grelhador, mesas e bancos corridos.

No local, os visitantes contam, desde logo, com uma rede de percursos pedestres.

 

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

«De cada centro saem três trilhos: um pequeno, um médio e um grande. São todos circulares e têm um grau de dificuldade variável, de maneira a que possa vir uma família, possa vir um grupo de amigos, possa vir qualquer pessoa, deixar aqui o carro e, a partir daqui, fazer as atividades», disse.

Parte da rede de trilhos, que tem um total de 43 quilómetros, coincide com o percurso da Via Algarviana.

Ali na zona, além da boa gastronomia serrana, os visitantes podem encontrar o Núcleo Museológico de Cachopo, as artesãs de linho, uma tradição local que continua bem viva, a Fonte Férrea e o muito património arqueológico local, entre outras atrações.

«Queremos abrir rapidamente, porque há muitas pessoas interessadas. Recebemos chamadas repetidamente, todas as semanas, com pessoas que querem retomar as atividades. E é um tipo de turismo enquadrado na paisagem, respeitador da comunidade, cria dinâmicas económicas com as localidades, contribui para a auto estima do território», acredita Artur Gregório.

Ou seja, «tem tudo a ver com isto que nós queremos, que é criar um destino de eco turismo aqui nesta Serra do Caldeirão», rematou.

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 

 



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