Um cometa e uma “chuva” de estrelas para ver, no céu de Abril

Agora que estamos todos em casa (ou quase todos), aproveitemos para olhar mais para o céu. Sobretudo, quem vive fora dos grandes centros urbanos

Este mês começa com uma visita do planeta Vénus às Plêiades, o enxame de estrelas também conhecido como “as moscas” do Touro, ou o “Sete Estrelo”.

Entre os dias 2 e 5, o movimento aparente de Vénus no céu vai levá-lo a atravessar este grupinho de estrelas. Vénus é o pontinho luminoso mais brilhante do céu, logo ao anoitecer.

O anoitecer de dia 8 traz consigo a lua cheia. A lua cheia está diametralmente oposta ao Sol, no céu, por isso a Lua nasce quando o Sol se põe, e põe-se quando o Sol nasce.

No dia 14, a Lua atinge o quarto minguante. Nesse mesmo dia, antes do nascer do Sol, há uma autêntica linha reta de objetos do Sistema Solar no céu, a começar na Lua, passando por Júpiter, Saturno e terminando em Marte.

Durante os dois dias seguintes, a Lua, que se move cerca de um palmo no céu por noite, vai passar por estes três planetas. No dia 15, está entre Júpiter e Saturno a formar um triângulo, a cerca de 4 graus de ambos. No dia 16, já está no “fim da fila” e passa a cerca de 2 graus de Marte.

 

O céu virado a Sudeste às 5 da manhã, com indicação das posições do planetas Marte, Saturno e Júpiter, e da Lua nos dias 14, 15 e 16 de abril.(Imagem: Ricardo Cardoso Reis/Stellarium)

 

O pico da “chuva” de meteoros das Líridas está previsto ocorrer entre as 22h30 de dia 21 e as 09h30 de dia 22, com maior probabilidade de ocorrer por volta das 7 da manhã.

No pico, o número de meteoros por horas deve rondar os 18, mas esta é uma chuva com máximo variável, que pode chegar até aos 90 meteoros por hora (em céus escuros).

Por isso, apesar da constelação da Lira só nascer por volta das 23h00, pode valer a pena olhar para o céu a partir do anoitecer. Este será um bom ano para procurar Líridas no céu, pois a Lua está praticamente nova, fase que atinge no dia 23.

No dia 26, um finíssimo crescente da Lua passa a 6 graus de Vénus, ao anoitecer. Por fim, a Lua atinge o quarto crescente no último dia de abril.

Mas há ainda algo de potencialmente interessante no céu – o Cometa C/2019 Y4 (ATLAS), ou cometa ATLAS para os amigos. Este cometa tem aumentado de brilho muito mais rapidamente do que o esperado e pode tornar-se visível a olho nu no final de abril ou início de maio.

Neste momento, já tem magnitude menor do que 8 e por isso, se estiverem fora das grandes cidades, já é possível vê-lo no céu através de binóculos, ou em alternativa, fotografá-lo com uma teleobjetiva e um tempo de exposição relativamente curto.

Para o encontrarem durante abril, basta virarem-se para Norte ao anoitecer e inclinarem o vosso instrumento cerca de 60 graus.

Depois, tracem uma linha imaginária da ponta da cauda da Ursa Maior até à estrela brilhante à esquerda, a estrela Capela, na constelação do Cocheiro. O cometa será uma manchinha algures a meio, embora se desloque cada vez mais para o lado de Capela, conforme o mês avança.

Boas observações!

 

O céu virado a Norte, por volta das 21h00, com indicação da posição aproximada do cometa ATLAS durante o mês de abril. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis/Stellarium)

 

 

Autor: Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

 

 

Comentários

pub