Já tinha fama de casamenteiro, por unir duas áreas que, muitas vezes, andavam de costas voltadas: a cultura e o turismo. Na sua 3ª edição, o programa “365Algarve” foi ainda mais longe nesta sua missão de cupido e incentivou parcerias entre agentes culturais e económicos, que permitiram «quase dobrar» o número de entidades envolvidas.
A programação do “365Algarve” foi apresentada esta quinta-feira, no Columbus Bar, em Faro. Já a partir de amanhã, sábado, dia 6 de Outubro, e até final de Maio, estão programadas 20 produções, que envolvem 224 entidades, e previstas mais de 400 sessões, em todos os concelhos do Algarve. Tudo com o selo deste programa de animação cultural da região, durante a época baixa, dinamizado em conjunto pelos Ministérios da Cultura e da Economia.
Este sábado, há duas propostas, a iniciativa Percursos Performativos no Património, em Lagoa, e a primeira sessão do espetáculo Moda Vestra, a decorrer no Cine-teatro louletano, uma proposta da Rede Azul, que passará nos diferentes teatros do Algarve que a ela pertencem.
Mas há muito mais para ver. Desde logo os eventos que são já âncoras do “365Algarve”, como o Lavrar o Mar, o Jazz nas Adegas, o Festival do Contrabando ou o Vídeo Lucem, marcados por uma forte mobilização do público e que já fizeram nome na região e fora dela.
Mas há também eventos inéditos, como os dois que começam amanhã – Percursos Performativos no Património e o Moda Vestra -, mas também o Elastic, uma inciativa que «junta teatro, barcos e portos», o ventania – Festival de Artes Performativas do Algarve, o Festival Internacional de Artes Performativas do Algarve e o Algarve Flash Mob Choir, que chegará aos 16 municípios do Algarve, sempre de surpresa.
Outras propostas, muitas delas já consolidadas, são o festival LUZA, em Loulé, o Cataplay, o FIMA – Festival Internacional de Música do Algarve, o Algarve Desvendado, um upgrade do Faro Desvendado, os Momentos Fantásticos com o Património, o Algarve Jazz Gourmet Moments e os Encontros do DeVIR.
O público também poderá contar com a 3ª edição do Festival Internacional de Piano do Algarve, com o Poesia a Sul e com a iniciativa São Braz de Alportel 1914, recuperada da primeira edição.
O programa detalhado do “365Algarve” pode ser consultado online.
Em relação ao ano anterior, há menos eventos, mas «aumentou a itinerância». Ou seja, os espetáculos vão, na sua quase totalidade, passar em mais do que um concelho do Algarve – por norma – e, em alguns casos, farão o pleno e estarão nos 16 municípios da região.
«Nós reduzimos o número de propostas apoiadas, que são 20, quando no ano passado foram 24, mas o número de entidades envolvidas, nas diferentes parcerias que foram criadas, é muito superior ao da segunda edição. O nosso repto teve efeito e os proponentes acabaram por procurar mais parceiros para os projetos e que pudessem circular por mais do que um concelho», ilustrou a comissária do “365Algarve” Anabela Afonso, à margem, da sessão.
Esta disponibilidade dos candidatos em sair da área geográfica em que estão sediados é outro dos aspectos realçados pela responsável máxima pela programação. «Dou um bom exemplo. O Cineclube de Tavira apresentar um Festival de Poesia em Olhão. Este evento também passará por Tavira, na componente de rotas turísticas que tem associada, mas é interessante ver que as pessoas começam a sair dos seus territórios e procurar outras fronteiras para trabalhar», contou.
Também o presidente da Região de Turismo do Algarve, entidade que gere o “365Algarve”, salientou as parcerias que se criaram. «Desde a primeira hora que sabíamos que este era um exercício que, para muitos agentes culturais e económicos, era contra-natura. São culturas diferentes, com formas de abordagem que, às vezes, parecem opostas. Um dos nossos desafios era conseguir que isto se tornasse um a simbiose, o que conseguimos», considerou João Fernandes.
«O regulamento desta edição tem já o desafio muito concreto de que não pode haver candidaturas só da área cultural ou apenas da área do turismo. Têm de concorrer sempre em parceria. E isso foi conseguido com muita facilidade. Isto deve-se ao facto de estarmos já na terceira edição e de ter havido tempo para o noivo e a noiva se conhecerem e hoje se sentirem confortáveis a trabalhar em conjunto», acredita.
Na visão de João Fernandes, isto revela a aprendizagem mútua que se conseguiu. «Por um lado, os artistas perceberam que a sua atividade tem espaço e oportunidade no setor do turismo e a hotelaria, a restauração, as empresas de animação e as agências de viagens entenderam a vantagem de se associar a iniciativas culturais», disse.
«Eu acho que já começa a haver a perceção do impacto que o programa tem no território, porque, de facto, as pessoas que vão aos nossos espetáculos saem de lá bastante satisfeitas. Penso que essa satisfação começa a espalhar-se e quem tem um negócio na área do turismo, se sentir que um cliente fica satisfeito por ver uma iniciativa do “365Algarve”, também ficarão contentes», reforçou Anabela Afonso.
E se dúvidas houvesse da importância que este programa já assume na época baixa, no Algarve, elas foram desfeitas tanto por Pedro Pinto, administrador do Pestana Hotel Group para o Algarve, como pelo presidente da Câmara de Faro Rogério Bacalhau. O edil farense afirmou que gostaria de ver «o programa a ter continuidade, enquanto que o representante de um dos principais grupos hoteleiros nacionais disse esperar «que haja pelo menos mais três edições».
A secretária de Estado do Turismo Ana Mendes Godinho, que esteve no evento de lançamento da programação “365Algarve”, à semelhança da sua congénere da Cultura, assegurou que o programa «vai durar enquanto as pessoas, os hoteleiros, os agentes culturais e demais parceiros quiserem».
«Acho que a continuidade depende muito de quem está no terreno. Se realmente o quiserem e demonstrarem essa vontade de que o programa continue, provavelmente isso acontecerá», disse, por seu lado, Anabela Afonso.
Quanto ao programa, Ana Mendes Godinho salienta o número de sessões, mais de 400, «o que significa uma média de 50 por mês, mais do que uma por dia.
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