A 8ª edição do Festival Terras Sem Sombra voltou ao Baixo Alentejo, trazendo também consigo mais um programa de biodiversidade recheado de novidades.
A par da promoção do património edificado religioso e a música, projetando a região do Alentejo no panorama internacional, o Festival pretende divulgar os aspetos mais interessantes e genuínos da paisagem e da biodiversidade local e nacional, oferecendo um conjunto de atividades paralelas, tornando o “Terras Sem Sombra” um conceito único a nível internacional.
Ao abrigo de um protocolo de cooperação com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, os municípios, as universidades e outras instituições presentes no terreno, o Terras sem Sombra promove, no dia seguinte a cada concerto, ações-piloto para a salvaguarda da biodiversidade.
Estas iniciativas permitem que voluntários de origens ou perfis muito diversos – músicos, espectadores, staff, membros das comunidades locais, etc. – colaborem, ombro com ombro, em atividades úteis à preservação da biodiversidade. Atividades simples, mas que encerram toda uma mensagem dirigida aos decisores e à opinião pública.
As acções ocorrem na costa alentejana, um dos “pontos quentes” da diversidade biológica da Europa Ocidental, reserva um conjunto de características diferenciadas, o que permitiu o desenvolvimento de um misto de espécies muito particulares e raras, algumas delas encontrando-se descritas como únicas no mundo.
São 750 as espécies existentes, das quais mais de 100 são endémicas, raras ou localizadas, e 12 não existem em mais nenhum local do globo.
Tome-se o exemplo da Biscutella vicentina, ou Diplotaxis vicentina, e a Hyacinthoides vicentina, cujos nomes científicos atestam de forma inequívoca a sua distribuição limitada a esta região do nosso planeta.
O mar do sudoeste é o local onde se verifica a maior diversidade de organismos marinhos de toda a costa oeste nacional.
A falésia é a única no mundo onde a cegonha branca nidifica em arribas marítimas. E é este o único local de Portugal onde se observa a utilização do meio marinho por parte de uma colónia de lontras para procura de alimento.
A fauna do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina também apresenta algumas surpresas. Para além das espécies endémicas, o Parque recebe igualmente um grande número de espécies de aves migradoras, sendo por isso um ponto de estudo de migrações de importância reconhecida internacionalmente.
Acrescente-se que o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina está classificado como Reserva Biogenética do Conselho da Europa, como Zona de Protecção Especial para Aves, e como Sítio da Lista Nacional de Sítios integrados na Directiva Habitais.
O Sobreiro – Árvore Símbolo Nacional – confere à paisagem a marca mediterrânica, pela sua singularidade e representatividade, e apresenta-se como um dos ecossistemas mais importantes da Europa.
Trata-se de uma árvore com mais de 60 milhões de anos, ocupando 737 mil hectares de solo, mais de 21% da área de floresta em Portugal, sendo responsável por 10% das exportações nacionais e produz 806 milhões de euros de cortiça, tornando Portugal líder mundial, com cerca de metade da produção global do setor corticeiro (dados INE 2011).
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