Pedro Nunes diz que vai deixar saudades à maioria dos funcionários do CHA

«Quando me for embora de Faro, sei que a maioria dos funcionários do Centro Hospitalar de Algarve terão coisas boas […]

Pedro Nunes_1«Quando me for embora de Faro, sei que a maioria dos funcionários do Centro Hospitalar de Algarve terão coisas boas a dizer de mim. Aliás, são muitos os que me têm transmitido isso, sabendo que o meu mandato acabou», assegura o presidente do Conselho de Administração do CHA Pedro Nunes.

O responsável máximo pela gestão dos hospitais algarvios usa este exemplo para se defender das críticas que lhe foram feitas pelo presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos Jaime Mendes, as quais alega serem «mentiras» lançadas «com uma agenda política de algum tipo».

«Eu estou de saída. É uma questão de dias até nomearem alguém para me substituir. Agora, não admito que digam mentiras sobre a minha pessoa e me difamem», disse Pedro Nunes, ao Sul Informação.

Em causa está o discurso feito por Jaime Mendes numa receção que a Ordem dos Médicos (OM) preparou para os 149 internos que começaram a trabalhar este mês nas unidades de saúde do Algarve, onde lançou fortes críticas ao administrador do CHA. Está ainda em causa a denúncia feita por um interno de que há jovens médicos em formação a fazer turnos de 24 horas na urgência e a acumular mais quatro horas nos seus serviços, reforçadas pelo mesmo responsável da OM.

«Eu nunca obriguei ninguém a fazer turnos de 24 horas, isso é mentira. Aliás, no que diz respeito aos internos, fui eu, enquanto Bastonário da Ordem, e os meus congéneres de Espanha que conseguimos que a União Europeia estendesse aos internos o regime geral, que impede que façam mais do que 48 horas por semana», assegurou. Este é, de resto, um tema quente noutros países, nomeadamente em Inglaterra, onde, segundo Pedro Nunes, «as administrações querem obrigá-los a fazer três e mais turnos de 24 horas» por semana.

No caso específico dos internos, assegura, há regras muito rígidas, no CHA. «A nossa política é que os internos só possam fazer turnos de 18 horas semanais nas urgências, ou 9 mais 9 horas, e nunca no horário noturno, se não quiserem», assegurou. Isto durante a semana, já que ao fim de semana o limite máximo sobe para as 11 horas, mais precisamente, dois turnos com esta carga horária (no máximo), podendo contemplar noites.

«A Administração não faz as escalas e não manda ninguém fazer turnos seguidos. O que por vezes pode acontecer é o próprio interno pedir para fazer os dois turnos seguidos, por uma questão de conveniência pessoal. Assim, em vez de perder dois fins de semana, concentra tudo num e fica livre no seguinte. Mas isso é decidido entre o médico e a direção clínica do serviço», assegurou Pedro Nunes.

Jaime Mendes presidente Conselho Regional Sul Ordem Médicos
Jaime Mendes, presidente Conselho Regional Sul da Ordem Médicos

Ou seja, segundo o presidente do CHA, no limite poderá haver internos a fazer 22 horas, mas apenas porque o solicitaram expressamente e com total anuência da sua parte. Quanto às 28 horas que um interno do CHA disse que viu colegas em formação a fazer, Pedro Nunes diz não ter indicação disso, mas que não o espanta.

«Vejo muitos colegas meus a fazer aquilo que eu também fazia: depois de acabar o turno nas urgências, vão ver os seus pacientes aos respetivos serviços. Não são obrigados a isso, mas ainda bem que o fazem. Ir ver os próprios pacientes à enfermaria é habitual e uma boa prática», defendeu.

«A medicina não é uma profissão das 9 às 17 horas. Desde sempre que os bons médicos fazem isto, trata-se de uma das regras éticas da profissão. Os meus parabéns a quem o faz, mas ninguém é obrigado», acrescentou o presidente do Conselho de Administração do CHA.

Outra acusação que refuta é da existência de «um clima de medo» e de um ambiente de crispação. «Quem diz isto que aponte um processo disciplinar que seja, que indique que existe esse clima. Se há coisa que os hospitais do Algarve não têm é um clima de crispação. As pessoas dizem aquilo que entendem e não há exemplos de represálias por delito de opinião», alegou ainda Pedro Nunes.

Comentários

pub