Construção da dessalinizadora é «tragédia» para os pescadores do Algarve

Quarpesca: «a eventual implementação deste projeto hipoteca a qualidade e a quantidade de pescado nas nossas águas»

A construção de uma central de dessalinização no litoral do concelho de Albufeira é «uma tragédia para os pescadores», garante a Quarpesca, Associação dos Armadores e Pescadores de Quarteira.

Em comunicado, a Quarpesca garante que «a eventual implementação deste projeto hipoteca a qualidade e a quantidade de pescado nas nossas águas e, consequentemente, impossibilita o sustento a muitas famílias de pescadores que vivem do mar».

É que, salienta a associação em comunicado assinado por Hugo Martins, seu presidente, «o efluente de rejeição da salmoura no mar», que resultará do funcionamento da dessalinizadora, contém, «além do sal extraído, produtos químicos inorgânicos, orgânicos, metais pesados e ainda um elevado teor em micro-organismos».

Além disso, defende, «a construção da Estação de Dessalinização é contraditória com Diretrizes da União Europeia, porque não promove a proteção das zonas costeiras e do mar do Algarve, e não respeita o princípio base de “não prejudicar significativamente (DNSH)” do Regulamento (EU) dos financiamentos públicos e privados».

«Não faltam noticias de experiências malsucedidas em Espanha, onde, por exemplo em Ibiza, a salmoura está a aniquilar a posidónia, alga determinante para a vida marinha local», acrescenta.

A Quarpesca diz não compreender também que , havendo «uma Área Marinha protegida, o Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado, recentemente aprovado em conselho de ministros», «a escassas 5 milhas, se pense sequer num projeto deste tipo».

A referida Área Marinha protegida pretende «preservar as 1.294 espécies marinhas, das quais 1.020 invertebrados, 141 vertebrados e 133 espécies de algas, identificados pelos investigadores, em que dentro destes números astronómicos, que incluíram 447 espécies de valor comercial para consumo, foram ainda encontradas 12 espécies totalmente novas para a ciência».

Os pescadores representados pela Quarpescas dizem estar «perfeitamente conscientes da problemática gerada pela falta de água no Algarve, até mesmo porque essa mesma água (proveniente da chuva) contém nutrientes importantes para o desenvolvimento e atração até às zonas costeiras de várias espécies de pescado».

«Salmonete, Sardinha, Besugo, Choco, linguado, Raia, Lula, Polvo, Sargo, Robalo, Dourada, etc, são algumas das espécies que oferecemos aos nossos turistas e que são frequentemente pescadas na zona», acrescentam.

Criticam ainda o facto de a instalação da central de dessalinização estar prevista para a Rocha Baixinha, na zona inicial da Praia da Falésia, que recordam ser «uma das praias mais procuradas pelo turismo. Um orgulho para nós algarvios! Orgulho maior temos porque conseguimos somar qualidade aos nossos visitantes através da nossa gastronomia, muita dela relacionada diretamente com o mar».

Por tudo isso, defendem, «a dessalinização é uma possibilidade a que se deve recorrer em última instância – quando se esgotarem todas as outras alternativas».

Reafirmando a sua «discordância» em relação ao projeto da Reafirmando a sua «discordância» em relação, a Quarpescas acredita que outros investimentos devem ser feitos primeiro, na sua opinião, para evitar perdas de água na rede de abastecimento urbano e nas redes de rega agrícola.

 

 



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