Águas mil chegaram em Março às barragens do Algarve

Apesar disso, ainda é cedo para respirar de alívio

A água armazenada nas barragens do Algarve subiu de forma significativa na última semana, graças à muita chuva que caiu no Sul do país, com destaque para as albufeiras do Funcho e da Bravura, a primeira pelo aumento de 12% e a segunda por ter visto o volume armazenado quase duplicar.

No conjunto das barragens algarvias, o aumento do volume de água armazenado foi de mais de 30 hectómetros cúbicos (hm3), mas isso não significa que já se possa respirar de alívio, avisou Pedro Coelho, diretor regional do Algarve da Agência Portuguesa do Ambiente.

«A chuva que caiu em Março foi significativa e importante para a recuperação, mas ainda estamos com menos 7 hm3 do que no ano passado. Se, no final de 2023, tivemos o calafrio que tivemos, se não chover mais, este ano vai voltar a acontecer o mesmo», enquadrou este responsável, em declarações ao Sul Informação.

Ao longo do mês de Abril, a APA vai «avaliar a situação», até porque ainda falta apurar o efeito que a chuva teve ao nível dos aquíferos da região.

«Teremos uma reunião da Comissão de Acompanhamento da Seca, em Faro, provavelmente a meio deste mês. Não acredito que haja um alívio total das restrições, mas também não creio que fique tudo igual. Mas isso terá de ser avaliado e é isso que estamos a fazer agora», disse.

Esta abertura para aliviar as restrições é possível graças ao acumulado de precipitação registado desde dia 24 de Março, que foi particularmente significativo na Fóia, em Monchique (129 milimetros), segundo os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Também nas estações de Loulé (92 mm), Albufeira (89,5), Olhão (84,4) e do Aeroporto de Faro (81,8) houve acumulados elevados, segundo o IPMA. Já nas estações do Meteofontes, nas Fontes de Estômbar e em Carvoeiro, os acumulados foram de 83 mm e 87 mm, respetivamente, segundo Bruno Gonçalves, o responsável por este projeto, que fala em «valores muito bons».

 

 

Para já, é possível aferir o efeito da queda de tanta chuva nas albufeiras algarvias, com o Funcho em destaque, por ser agora a única barragem da região que tem um volume armazenado acima dos 50% – 53%, mais precisamente -, tendo o volume armazenado subido 12% entre os dias 25 e 31 de Março, segundo o mais recente boletim semanal do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), publicado esta terça-feira.

Em hectómetros cúbicos, a subida foi  de mais de 5 hm3, dos 19.780 hm3, no dia 25, para os 25.360 hm3, no dia 31.

Para dar uma ideia do significado deste aumento, o volume ganho só nesta barragem anda muito perto das necessidades mensais de todo o Algarve para abastecimento público.

No caso da barragem da Bravura, o aumento foi igualmente significativo (mais 1,6 hm3), mas o que mais salta à vista é a subida acima dos 20% (20,8%, quando uma semana antes era 12,5%), que permitiu a esta albufeira sair do lote das que estão em situação mais crítica, no país.

O mesmo não se pode dizer da Barragem do Arade, que é atualmente a única em Portugal Continental com um volume armazenado abaixo dos 20%. Nesta albufeira não houve praticamente evolução, apesar da chuva, mantendo-se nos 17%, como uma semana antes.

A barragem de Odelouca, a maior do Algarve e que também se situa no Barlavento Algarvio, à semelhança das já mencionadas, tem agora mais 6% de água.

Feitas as contas, há agora mais 8.699 hm3 de água armazenada na albufeira de Odelouca (aumento de 56.245 para 64.944 hm3), que está a 41% da sua capacidade máxima.

No Sotavento, o aumento do volume armazenado nas duas barragens ali existentes foi mais modesto, mas nem por isso menos significativo.

A barragem de Odeleite tem agora um volume útil de 61.340 hm3, mais 4% do que a 25 de Março, estando agora com 47% (mais 5840 hm3).

Na albufeira de Beliche, também no concelho de Castro Marim, o aumento foi de 3%, para um total de 39%, e de 1666 hm3, para um volume armazenado de 18,729 hm3.

 

 

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