Macário apoia movimento de cidadãos contra estrada a rasgar Posto Agrário de Tavira

Ex-presidente da Câmara de Tavira defende que «a fruição do espaço público se deve fazer em função das pessoas e não dos carros»

Macário Correia, ex-presidente da Câmara de Tavira (PSD), pronunciou-se este domingo, 17 de Março, quanto ao “Plano de Mobilidade Sustentável da Cidade de Tavira”, mostrando estar do lado do movimento de cidadãos e defendendo que «a fruição do espaço público se deve fazer em função das pessoas e não dos carros».

«O documento visa arrasar Tavira. Destrói os 3 jardins e largos da Baixa (Coreto, Corredoura e Alagoa), promove o alcatroamento do único espaço aberto (Largo da Feira) e arrasa no pior local o espaço do Posto Agrário, além de outras propostas do domínio da tonteria. Quem escreve o documento nunca se socorre em lado algum de contagens de trânsito ( TMD) básicas em estudos deste tipo», acusa Macário Correia num e-mail enviado ao movimento de cidadãos e ao qual o Sul Informação teve acesso.

O antigo autarca de Tavira diz ainda que a empresa mostra «desconhecer o que se passa no mundo moderno em que a fruição do espaço público se deve fazer em função das pessoas e não dos carros. Andam 100 anos atrasados, voltando á época inicial do aparecimento do automóvel. Não faz sentido arrasar espaços públicos da memória da cidade para meter automóveis».

A polémica gerou-se depois de a Câmara de Tavira ter anunciado que estava em curso «o processo de consulta pública o Plano de Mobilidade Sustentável da Cidade de Tavira (PMSCT)» e ter dito que instava «todos os interessados» a enviar contributos até dia 21 de Março, para o e-mail [email protected].

Após análise do plano, o movimento de Cidadãos pelo CEAT e Hortas Urbanas de Tavira e a Ecotopia Activa acusaram a Câmara de ter um plano de mobilidade que prevê «arrasar jardins da baixa de Tavira e rasgar uma estrada no Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT)», mas, ouvida pelo nosso jornal, Ana Paula Martins, presidente da autarquia, garantiu que não há plano nenhum aprovado, apenas uma proposta, feita por uma empresa, «que ainda não foi validada», e a vontade do executivo em ouvir a população.

Tal como o movimento Cidadãos pelo CEAT e a Ecotopia Activa, também Macário Correia critica «o motivo de uma consulta de oito dias sem divulgação», desafiando o atual executivo a «promover uma sessão pública com a dita empresa, devidamente divulgada, e onde sejam conferidos 5 minutos a quem queira falar».

«Eu inscrevo-me já e isso basta para envergonhar quem escreve coisas absurdas como as que se podem ler neste famoso plano», lê-se ainda no e-mail do antigo autarca, que reforça que «não faz sentido arrasar espaços públicos da memória da cidade para meter automóveis» e que «os pressupostos estratégicos e filosóficos do dito Plano são uma absoluta contradição com o que se pensa e faz pelo mundo fora».

«Não imaginava que se pudesse neste tempo gastar dinheiro dos nossos impostos par ter 98 páginas de texto de tão má qualidade», remata.

Em declarações ao Sul Informação, na sexta-feira, Ana Paula Martins salientou que a decisão de colocar em consulta pública a proposta da empresa foi tomada «em nome da transparência» e de modo a dar a oportunidade à população de fazer sugestões, que serão depois «entregues à empresa, para que seja apresentada nova proposta».

Assim, a autarquia esclareceu que será com base nesse trabalho que a Câmara aprovará uma primeira versão do plano, que irá ser colocada em Consulta Pública, como está previsto na lei.

«A partir daqui, serão integrados os contributos que forem pertinentes e aprovada uma versão final, que será submetida à aprovação da Assembleia Municipal», disse Ana Paula Martins ao nosso jornal.

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