Clube das Sarnadas renasce para trazer cultura e criar uma escola de orientação pedestre

“Projeto de Requalificação das Instalações e Reativação das Atividades do Clube Desportivo e Cultural das Sarnadas” está em andamento

Carla Ferreirinha, tesoureira, e João Pedro Silva, presidente do Clube Desportivo e Cultural das Sarnadas – Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

Corria o ano de 1983 quando um conjunto de moradores decidiu criar o Clube das Sarnadas, que, até 2013, serviu para dinamizar esta aldeia do interior do concelho de Loulé. Agora, os habitantes voltaram a juntar-se para reativar o clube, com o objetivo de fazer renascer as tradições culturais e criar uma escola de orientação pedestre.

Nesta aldeia, localizada a meio caminho entre Alte e Benafim, vivem 100 pessoas, há um alojamento local, restaurante, café, produção de mel e medronho, e um projeto que nasceu em Abril do ano passado e que muitas pessoas já tem levado às Sarnadas: a Casa de Esparto.

«Não nos podemos queixar de sermos uma aldeia muito envelhecida e a perder habitantes – este ano até vamos ter dois nascimentos. Estes projetos têm, nos últimos anos, chamado algumas pessoas para cá, portugueses e estrangeiros, mas não são aqueles que alugam casa e se vão embora, são mesmo estrangeiros residentes, que se integraram na comunidade e também a apoiam», conta o habitante João Pedro Silva, à medida que percorremos a única rua principal da aldeia.

As casas estão arranjadas – e nota-se que habitadas – e há também novas construções e restauros.

Aqui, todos se conhecem e é comum que sejam também vizinhos de familiares. João Pedro Silva nem sempre viveu nas Sarnadas, apesar de toda a sua família ser de cá.

Construio vida em Lisboa e foi apenas em 2013 que se decidiu mudar, com a mulher e a filha, para as Sarnadas, muito por incentivo da última.

«Quando viemos, implementámos o alojamento local, “serro da janela hostel”, estamos com uma classificação de 9,3 em 10 nos comentários no Booking, o que é muito positivo e é isso que nos faz também continuar, apesar de este não ser o nosso sustento principal. Com isto, começámos também a cativar os habitantes da aldeia com pequenas coisas, como os mercadinhos de rua».

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Nesta aldeia, há uma tradição antiga – a festa de Agosto (à qual agora deram o novo de “Sarnadas Sunset Fest”), que não se realizava desde 2008, e que regressou em 2023, com mercadinho, animação, lançamento de espuma, DJ e outras atividades.

«O projeto de reativação do clube começou em Agosto. Entretanto, já tivemos reuniões com a Câmara de Loulé, com o IPDJ e Junta de Freguesia. Já apresentámos o projeto a todas estes entidades, elas adoraram e, por isso, espero eu, está tudo bem encaminhado para que nos apoiem», diz ao Sul Informação João Pedro Silva, atual presidente da direção do Clube, salientando que é preciso apoio financeiro para reconstruir a sede e implementar depois a fase seguinte do projeto, assente em quatro objetivos.

O que os habitantes querem com o “Projeto de Requalificação das Instalações e Reativação das Atividades do Clube Desportivo e Cultural das Sarnadas”, que deverá custar mais de 60 mil euros, é, de acordo com o presidente, «ter um local de convívio onde se irá fazer as festas e os bailes», «criar a escola de orientação pedestre, que é coisa que não existe no Algarve», «usar o espaço para aulas de Budo Taijutsu, porque temos uma pessoa federada nessa área», e «apostar no envelhecimento ativo, dotando as instalações do que for necessário para jogos e atividades, que podem passar por um pequeno percurso de orientação pedestre, caminhadas, teatro, entre outros».

Maria José Ramos foi uma das fundadoras do clube.

 

Casa de Esparto. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

«Quando começámos com isto, não havia nada, e queríamos arranjar uma casa para fazer bailitos e divertir a aldeia, então começámos a procurar e qualquer armazém que achássemos bom, íamos falar com as pessoas e dizer que tínhamos falta disso para fazer um baile. Alguém se lembrou deste bocadinho de terra e que o senhor talvez vendesse, fomos falar com ele e fizemos negócio», conta ao Sul Informação, à porta da casa que também ela ajudou a construir.

Na altura, diz, «houve muita ajuda da Câmara», dirigida então por Mendes Bota.

O edifício e o clube foram-se erguendo e, para Maria José Ramos, foi uma tristeza ver o grupo desaparecer. Agora, não podia estar mais feliz.

«Sinto-me feliz por estar a renascer e por serem os novos a pegar nisto. Eu agora estou ali na Casa do Esparto, que é uma obra que foi feita e está muito gira, é uma terapia tão boa, eu convido muita gente que esteja reformada a vir aqui para a escola e agora, claro, a visitar as outras iniciativas».

Com a reativação do Clube e dinamização de todas as atividades previstas o que se pretende é «chamar mais pessoas para conhecer a aldeia e contrariar o que está a acontecer nos outros territórios do interior», frisa João Pedro Silva.

Para o presidente do Clube Desportivo e Cultural das Sarnadas, a aldeia e este projeto «estão no bom caminho» e é isso que «tem dado força para chegarmos a bom porto».

«Muitas vezes, as pessoas reclamam porque a Câmara não contribui com isto ou com aquilo, mas, para a Câmara contribuir e ajudar, é preciso também que as pessoas tenham iniciativa, que criem os projetos e os apresentem e foi isso que nós fizemos aqui», remata este habitante.

 

Fotos: Mariana Carriço | Sul Informação

 

 

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