Casa cheia para assistir às memórias da “falsificadora” Margarida Tengarrinha

Catarina Requeijo deu corpo a esta adaptação teatral, encenada por Joaquim Horta, a partir do livro homónimo “Memórias de uma Falsificadora”

Foto: José Gameiro

Não havia um único lugar vago para assistir, ontem ao final da tarde, à representação da peça de teatro “Memórias de uma Falsificadora”, que recorda a vida de Margarida Tengarrinha (1928-2023), no Auditório do Museu de Portimão.

A apresentação da peça foi uma iniciativa do Grupo de Amigos do Museu de Portimão, de quem Margarida Tengarrinha foi sócia-fundadora e membro dos corpos diretivos.

Gisela Lima, responsável pela organização de um final de tarde que foi memorável, disse ao Sul Informação que «todos os 170 lugares do auditório do Museu estavam esgotados».

«Houve procura de bilhetes de todo o Algarve, daria para mais um espetáculo», acrescentou.

Estabelecendo uma grande proximidade com o público (de tal forma que muitos nem se aperceberam de que a peça tinha começado, quando começou…), a atriz Catarina Requeijo, sozinha em palco, deu corpo às várias mulheres que Margarida Tengarrinha teve de ser, durante os seus longos anos de vida na clandestinidade (1954-1974).

Num cenário despido, a evocar a vida dura da resistente anti-fascista, usando apenas alguns objetos de um quotidiano difícil, Catarina Requeijo revive o trabalho de Margarida Tengarrinha como falsificadora de documentos para camaradas seus, como ela lutadores contra a ditadura, a mudança constante de casa e de identidade, a morte do companheiro – José Dias Coelho – assassinado pela PIDE, a separação das filhas, o isolamento da família e dos amigos, a vida solitária das mulheres na clandestinidade.

No fim da peça, poucos eram os que não tinham lágrimas nos olhos e a voz embargada de emoção. Até porque muitos dos que enchiam por completo o auditório do Museu de Portimão foram amigos ou conheceram de facto Margarida Tengarrinha.

Essa emoção transpareceu nas palavras finais, já depois de o pano ter descido, proferidas por Daniel Cartucho, presidente dos Amigos do Museu, por Damião Sequeira, por José Gameiro e ainda por Isilda Gomes.

A apresentação desta adaptação teatral, encenada por Joaquim Horta, a partir do livro homónimo de Margarida Tengarrinha “Memórias de uma Falsificadora”, marcou o início das comemorações, por parte do Grupo de Amigos do Museu de Portimão (GAMP), dos 50 anos do 25 de Abril, integrando-se na programação geral do município.

Esta iniciativa do GAMP contou com o apoio do Museu de Portimão, da Junta de Freguesia e da Câmara de Portimão.

 

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