Associação de Agricultores do Sul critica “deselegância” da ministra

Em causa, falta de pagamento dos ecorrregimes, nomeadamente a produção integrada e a produção biológica

O presidente da ACOS – Associação de Agricultores do Sul criticou hoje a “deselegância” da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, de “mandar a culpa para os funcionários” sobre o corte das verbas dos ecorregimes.

Presente na manifestação dos agricultores na fronteira de Vila Verde de Ficalho, concelho de Serpa (Beja), onde a Estrada Nacional 260 (EN260) está cortada nos dois sentidos, o presidente da ACOS, Rui Garrido, considerou que a ministra cometeu uma “deselegância para com os seus funcionários” do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP).

“Como se a senhora ministra não soubesse que o dinheiro que foi pago não chegava”, argumentou, aludindo a declarações de Maria do Céu Antunes, na quarta-feira.

Aludindo também às declarações de hoje da ministra da Agricultura à SIC, Rui Garrido insistiu que a governante reiterou que “a culpa foi do IFAP” e que “esse facto fica-lhe muito mal, mandar a culpa para os funcionários”.

“Ninguém que tenha bom senso acredita que a senhora ministra não soubesse que o dinheiro que estava previsto para pagamento destes ecorrregimes, nomeadamente a produção integrada e a produção biológica, iria faltar”, argumentou.

Para os agricultores, frisou, “o que a senhora ministra diz, normalmente, não se costuma escrever”, portanto, a atitude é a mesma, apesar dos apoios entretanto anunciados: “Estamos aqui um bocadinho [à espera de] ver para crer, não é?”.

O presidente da ACOS juntou-se, esta manhã, aos agricultores que, às 03:00, cortaram a EN260 na zona de Vila Verde de Ficalho, a alguns quilómetros da fronteira com a localidade espanhola de Rosal de La Frontera, na Andaluzia.

O protesto, inicialmente, contava com cerca de 100 tratores e máquinas agrícolas, que foram atravessados na via, em linhas sucessivas, e quase o mesmo número de agricultores, mas, ao longo da manhã, foram chegando mais viaturas e pessoas.

Segundo a organização, o Movimento Civil Agricultores de Portugal, o bloqueio já junta 180 tratores e máquinas agrícolas, assim como algumas centenas de ‘homens da terra’, provenientes de concelhos como Serpa, Moura, Mértola, Barrancos ou Beja.

Grupos de agricultores marcam presença durante umas horas e vão embora, sendo substituídos por outros, mas há sempre pessoas a chegar e a sair do protesto, que está a ser vigiado por elementos da GNR.

Um dos integrantes do movimento promotor da manifestação, António João Veríssimo, de Beja, admitiu que os agricultores “estão esgotados” e que, ao serem “surpreendidos com um corte de 35% [nas ajudas] na agricultura biológica, que é o grande bolo, e de 25% na produção integrada”, a escassas “24 horas da data do pagamento”, esse foi o facto que “fez transbordar o copo”.

“Qual é o produtor que consegue suportar um corte desta dimensão, tendo já para trás mais de 40% de cortes nas ajudas”, questionou, esclarecendo que estas verbas “não são subsídios”, mas sim “ajudas à produção para que a comida chegue mais barata aos pratos de todos”.

E, agora, “o copo transbordou mesmo e decidimos vir manifestar-nos, cortando uma estrada, o que vai causar impacto”.

“Mas, se não causar impacto, resulta no mesmo das manifestações que realizámos antes, que foi zero”, disse António João, ciente de que o Ministério da Agricultura, com os apoios anunciados, ‘acendeu’ uma “luzinha”, mas os agricultores vão “esperar, um dia, um mês, o que for preciso” até que essa ajuda seja aprovada por Bruxelas.

 

 



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