Já nasceu a Unidade Local de Saúde do Algarve

É apenas uma das 31 novas ULS criadas, a somar às 8 existentes

Ano novo, vida nova. O setor da saúde em Portugal amanheceu no dia 1 de Janeiro do ano de 2024 com uma nova organização, destinada a tentar facilitar o acesso e a circulação de utentes. Trata-se das Unidades Locais de Saúde, uma das quais a do Algarve, que junta, sob a mesma administração, os serviços dos antigos Centro Hospitalar Universitário do Algarve e dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) Algarve I – Central, do Algarve II – Barlavento e do Algarve III – Sotavento.

Os ACeS eram antes tutelados pela Administração Regional de Saúde, entidade que é extinta.

A presidir ao novo organismo – ULSAlg – está agora João Ferreira, que, em Outubro, tinha sido nomeado como novo presidente do Conselho de Administração do CHUA (substituindo Ana Varges Gomes).

Paulo Neves, que se manteve como vogal executivo do CA do CHUA, também transita para a nova administração, assim como Mariana Santos (enfermeira diretora) e José Manuel Lourenço da Silva Almeida (diretor clínico).

Ao que o Sul Informação conseguiu apurar, a administração da ULSAlg não integra qualquer elemento que tenha transitado da antiga Administração Regional de Saúde.

João Ferreira, presidente do Conselho de Administração da ULSAlg, publicou, no dia 1 de Janeiro, uma nota dando as boas vindas aos profissionais de saúde à nova estrutura, na qual salienta que a sua missão é garantir «a melhor prestação integrada de cuidados de saúde, reforço dos cuidados na resposta de proximidade e a aposta na promoção da Saúde de todos e para todos».

«Só depois de integrarmos a recém-constituída ULSAlg e assegurarmos a estabilidade e eficiência nas nossas respostas nesta transição, poderemos começar a pensar e implementar juntos a Saúde que desejamos para o Algarve», sublinha.

A complementar esta alteração, Portimão, Lagoa e Castro Marim passam a estar comtemplados com novas Unidades de Saúde Familiar (USF) de modelo B, aumentando assim o número de pessoas com médico de família nestes três concelhos algarvios.

O primeiro dia de 2024 ficou, assim, assinalado pelo arranque de uma nova fase da reforma organizativa do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente pelo alargamento a todo o território nacional das Unidades Locais de Saúde (ULS) e pela generalização das Unidades de Saúde Familiar (USF) de modelo B.

O Ministério da Saúde defendeu que «o alargamento das ULS a todo o país, alicerçando o SNS neste modelo organizativo, facilita o percurso das pessoas no sistema de saúde ao integrar numa única gestão os centros hospitalares, os hospitais, os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) e a Rede Nacional de Cuidados Continuados de uma determinada área geográfica».

«Esta integração constitui uma qualificação da resposta do SNS, simplificando os processos, incrementando a articulação entre equipas de profissionais de saúde, com o foco na experiência e nos percursos entre os diferentes níveis de cuidados, aumentando a autonomia de gestão, maximizando o acesso e a eficiência do SNS», defende o Ministério.

A Unidade Local de Saúde do Algarve é apenas uma das 31 novas ULS criadas, a somar às 8 existentes.

É ainda preparada «a extinção de mais de meia centena de entidades, cujas atribuições passam agora para as ULS».

Em nota enviada às redações, o Ministério tutelado por Manuel Pizarro, acrescenta que «as ULS permitem responder às necessidades dos cidadãos, privilegiando a proximidade, a otimização de recursos, a continuidade e a integração de cuidados, no domínio da prevenção, no plano assistencial, no tratamento e prestação de cuidados e na recuperação e reabilitação».

É que, sublinha, «a visão das ULS permite olhar para a Saúde além das “fronteiras” do hospital, valorizando os Cuidados de Saúde Primários e integrando outras instituições da sociedade local, nomeadamente municípios, juntas de freguesia, escolas e instituições particulares de solidariedade social, dando sentido à ideia de que a Saúde é um bem de todos e para todos, construindo uma comunidade sustentável».

 

 

 

Em simultâneo, «na senda das medidas para aumentar e melhorar o acesso à saúde, no campo dos Cuidados de Saúde Primários, a generalização das USF alarga o número de pessoas com médico de família e valoriza os profissionais destas unidades de saúde».

Nas USF modelo B, os profissionais recebem uma remuneração-base e um pagamento variável, associado ao desempenho, designadamente pelo alargamento da lista de utentes, pela realização de domicílios e pela qualidade no acesso e na assistência clínica.

Outra grande alteração, segundo o Ministério da Saúde, são as 222 novas USF que são criadas, «permitindo a 51 concelhos terem, pela primeira vez, uma USFB».

No total, serão 570 USF- B em funcionamento, em 154 dos 278 concelhos do continente, alcançando-se um marco histórico na reforma dos Cuidados de Saúde Primários iniciada em 2006.

Assim, «transformam-se em USF-B um total de 212 USF-A e 10 Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados – centros de saúde tradicionais – que passam ao novo modelo, com potencial para atribuir médico de família a mais 300 mil utentes e impacto remuneratório para mais de 3.500 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros e secretários clínicos, que passam a receber incentivos associados ao desempenho das suas equipas no acompanhamento dos utentes».

O Ministério considera que a medida representa «um importante avanço na reforma dos Cuidados de Saúde Primários do SNS e reforça o caminho de universalização de um modelo que garante uma resposta moderna e de proximidade aos utentes».

Mas as novidades ao longo deste novo ano não vão ficar por aqui. Ainda em 2024, «seguir-se-á a passagem ao modelo B das USF-A remanescentes, com efeitos retroativos a janeiro, considerando uma classificação global de desempenho igual ou superior a 60% na avaliação do exercício de 2023».

A terminar, o Ministério da Saúde salienta que o aumento das necessidades em saúde e bem-estar da população, associados ao envelhecimento, à carga de doença, assim como às suas crescentes exigências e expectativas, exigem que o SNS continue a aumentar o acesso e a eficiência na prestação de cuidados de saúde fomentando modelos organizacionais que promovam a gestão integrada de Cuidados Primários e cuidados hospitalares, assegurando o foco nas pessoas».

O alargamento das ULS e a generalização das USF é considerado, assim, «um caminho crucial para a requalificação do SNS e para garantir cuidados de saúde atempados e de qualidade à população, sempre com o objetivo de melhorar os indicadores de saúde e bem-estar no país».

 

39 Unidades Locais de Saúde (31 novas e 8 existentes)

  • ULS do Alto Ave: Hospital da Senhora da Oliveira Guimarães com o ACeS do Alto Ave – Guimarães/Vizela/Terras de Basto e o Centro de Saúde de Celorico de Basto.
  • ULS de Barcelos/Esposende: Hospital de Santa Maria Maior-Barcelos com o ACeS do Cávado III – Barcelos/Esposende.
  • ULS de Braga: Hospital de Braga com os ACeS do Cávado I – Braga e do Cávado II – Gerês/Cabreira.
  • ULS da Póvoa de Varzim/Vila do Conde: Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde com o ACeS do Grande Porto IV – Póvoa de Varzim/Vila do Conde.
  • ULS do Médio Ave: Centro Hospitalar do Médio Ave com os ACeS do Grande Porto I – Santo Tirso/Trofa e do Ave – Famalicão.
  • ULS do Tâmega e Sousa: Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa com os ACeS do Tâmega I – Baixo Tâmega, com exceção do Centro de Saúde de Celorico de Basto, do Tâmega II – Vale do Sousa Norte e do Tâmega III – Vale do Sousa Sul.
  • ULS de Gaia/Espinho: Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho com os ACeS do Grande Porto VII – Gaia e do Grande Porto VIII – Espinho/Gaia.
  • ULS de Trás-os-Montes e Alto Douro: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro com ACeS de Trás-os-Montes – Alto Tâmega e Barroso, do Douro I – Marão e Douro Norte e do Douro II – Douro Sul.
  • ULS de Entre Douro e Vouga: Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga com os ACeS de Entre Douro e Vouga I – Feira e Arouca e de Entre Douro e Vouga II – Aveiro Norte.
  • ULS de São João: Centro Hospitalar Universitário de São João com os ACeS do Grande Porto III – Maia/Valongo e do Grande Porto VI – Porto Oriental.
  • ULS de Santo António: Centro Hospitalar Universitário de Santo António com os ACeS do Grande Porto II – Gondomar e do Grande Porto V – Porto Ocidental.
  • ULS do Baixo Mondego: Hospital Distrital da Figueira da Foz com os Centros de Saúde da Figueira da Foz, de Soure e de Montemor-o-Velho.
  • ULS da Cova da Beira: Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira com o ACeS da Cova da Beira.
  • ULS de Viseu Dão-Lafões: Centro Hospitalar Tondela-Viseu, com o ACeS de Dão-Lafões.
  • ULS da Região de Leiria: Centro Hospitalar de Leiria com o ACeS do Pinhal Litoral, e os Centros de Saúde de Ourém, de Fátima, de Alcobaça e da Nazaré.
  • ULS de Coimbra: Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Hospital Arcebispo João Crisóstomo – Cantanhede e o Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais, com o ACeS do Pinhal Interior Norte e os Centros de Saúde de Cantanhede, de Celas, de Eiras, de Fernão Magalhães, de Norton de Matos, de Santa Clara, de São Martinho do Bispo, de Condeixa-a-Nova, da Mealhada, de Mira, de Mortágua e de Penacova.
  • ULS da Região de Aveiro: Centro Hospitalar do Baixo Vouga e do Hospital Dr. Francisco Zagalo – Ovar com o ACeS do Baixo Vouga.
  • ULS de Amadora/Sintra: Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca com os ACeS da Amadora e de Sintra.
  • ULS de Almada-Seixal: Hospital Garcia de Orta com o ACeS Almada-Seixal.
  • ULS da Lezíria: Hospital Distrital de Santarém com o ACeS Lezíria.
  • ULS do Estuário do Tejo: Hospital de Vila Franca de Xira, com o ACeS Estuário do Tejo.
  • ULS de Loures-Odivelas: Hospital de Loures com o ACeS Loures-Odivelas, com exceção do Centro de Saúde de Sacavém.
  • ULS de Santa Maria: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte com o ACeS Lisboa Norte e o Centro de Saúde de Mafra.
  • ULS de São José: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa e Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, com ACeS de Lisboa Central e o Centro de Saúde de Sacavém.
  • ULS do Oeste: Centro Hospitalar do Oeste com ACeS Oeste Sul, com exceção do Centro de Saúde de Mafra, e os Centros de Saúde do Bombarral, das Caldas da Rainha, de Óbidos e de Peniche.
  • ULS do Médio Tejo: Centro Hospitalar do Médio Tejo com os Centros de Saúde de Abrantes, de Alcanena, de Constância, do Entroncamento, de Ferreira do Zêzere, de Mação, do Sardoal, de Torres Novas, de Tomar, de Vila Nova da Barquinha e de Vila de Rei.
  • ULS da Arrábida: Centro Hospitalar de Setúbal com o ACeS da Arrábida.
  • ULS de Lisboa Ocidental: Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental com os ACeS Lisboa Ocidental e Oeiras e de Cascais.
  • ULS do Arco Ribeirinho: Centro Hospitalar Barreiro-Montijo com o ACeS Arco Ribeirinho.
  • ULS do Alentejo Central: Hospital do Espírito Santo de Évora com o ACeS do Alentejo Central.
  • ULS do Algarve: Centro Hospitalar Universitário do Algarve com os ACeS Algarve I – Central, do Algarve II – Barlavento e do Algarve III – Sotavento.
  • Oito ULS existentes: Matosinhos (1999), Guarda (2008), Baixo Alentejo (2008), Alto Minho (2008), Castelo Branco (2010), Nordeste (2011) e Litoral Alentejano (2012). A ULS Norte Alentejano (2007) passa a designar-se ULS do Alto Alentejo e integra o Laboratório de Saúde Pública do Alto Alentejo.

51 novos concelhos com USF-B

• Amarante
• Chaves
• Lamego
• Águeda
• Albergaria-a-Velha
• Cabeceiras de Basto
• Elvas
• Mealhada
• Oliveira do Bairro
• Régua
• Portimão
• Tondela
• Vagos
• Alcochete
• Alenquer
• Alijó
• Almeirim
• Alpiarça
• Anadia
• Arruda dos Vinhos
• Campo Maior
• Castro Marim
• Celorico de Basto
• Estremoz
• Figueiró dos Vinhos
• Golegã
• Guarda
• Lagoa
• Mêda
• Mesão Frio
• Miranda do Corvo
• Mirandela
• Moimenta da Beira
• Monção
• Murça
• Murtosa
• Nelas
• Nisa
• Oliveira de Frades
• Paredes de Coura
• Penalva do Castelo
• Ponte da Barca
• Portel
• Sabrosa
• Santa Comba Dão
• Santa Marta de Penaguião
• Sines
• Soure
• Terras de Bouro
• Vendas Novas
• Vila Nova de Poiares

 

 

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