Faro é uma das quatros cidades que compõem a Rede de Cidades de Cultura, uma plataforma que permitirá à capital algarvia alavancar alguns dos projetos que fazem parte da sua estratégia cultural, mas também candidatar-se a financiamento para o ambicioso projeto de requalificação da Fábrica da Cerveja e da sua envolvente, na Vila-Adentro.
A Rede de Cidades de Cultura foi formalizada esta semana e é liderada pelo município de Évora, que será Capital Europeia da Cultura em 2027. Dela fazem parte, além de Faro, outras duas cidades finalistas do processo de escolha da Capital Europeia da Cultura, Aveiro e Braga. Esta rede inclui ainda a Turismo do Alentejo – ERT e o Theatro Circo, Braga.
Esta rede, explicam os seus promotores, «surge como resultado da evolução natural do trabalho desenvolvido por estas cidades ao longo dos últimos anos no âmbito das suas respetivas candidaturas a Capital Europeia da Cultura 2027, uma iniciativa que obrigava à definição de uma estratégia cultural para cada cidade candidata».
São, precisamente, iniciativas previstas nessas estratégias que estão aqui em causa.
Desde logo, o ambicioso projeto que a Câmara de Faro apresentou para a Fábrica da Cerveja, que se pretende que “contagie” a envolvente, que estava enquadrado na candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura em 2027.
O Programa Estratégico e Funcional para a Fábrica da Cerveja, que foi apresentado em Fevereiro de 2022, prevê um investimento de 13 milhões de euros, que engloba a reabilitação e “reinvenção” do edifício da antiga Fábrica da Cerveja, mas também intervenções no Quintalão, um espaço da Câmara de Faro que tem ligação ao Museu Municipal, e a criação de um novo espaço de fruição pública junto às muralhas da Cidade velha, num local que atualmente é propriedade privada.
«No âmbito da candidatura que faremos ao programa ITI “Redes Urbanas”, no caso de Faro, há uma componente material, que tem a ver com o financiamento para a obra do projeto que já foi apresentado publicamente, na fábrica da cerveja», revelou ao Sul Informação Bruno Inácio, que coordenou a candidatura de Faro2027.
«O que nós apresentámos foi a concretização da primeira e da segunda fase da obra. Portanto, é o financiamento para essa obra», acrescentou.
Entretanto, Faro está já «a desenvolver o projeto, ele está a decorrer independentemente desta candidatura. Se tivermos esse financiamento, melhor».
Além desta obra, o município algarvio apresentou «mais dois ou três projetos, que têm a ver muito com aquilo que veio da programação que apresentámos na candidatura da Capital Europeia da Cultura. Tanto Évora, que vai ser Capital Europeia da Cultura, como Aveiro e Braga, que serão Capitais Nacionais da Cultura, apresentaram projetos que vão desenvolver nesse âmbito. E nós apresentámos projetos que nos propusemos a desenvolver no âmbito da Capital Europeia da Cultura».
Um deles é o South Music, «que é um projeto que já tínhamos iniciado anteriormente e que fez sentido incluir neste protocolo, após a discussão que tivemos com as outras cidades», que tem na sua base «esta ideia de apoiar os agentes locais e regionais no âmbito da música».
«Este projeto, se a candidatura for aprovada, será desenvolvido em Faro, a partir de Faro e terá essa componente de apoio aos artistas locais e regionais. Mas ganha aqui escala, porque depois passa a entrar numa rede com Évora, Aveiro e Braga. E isso acaba também por potenciar a ideia inicial do próprio projeto, que é, no fundo, expandir o setor musical no Algarve», concluiu Bruno Inácio.
A segunda edição deste evento, que junta profissionais do setor da música, terá lugar em 2024.
«Estamos aqui a falar de uma rede em que nós entrámos. Assinámos um protocolo com as três cidades que foram à fase final da Capital Europeia Cultura», disse, por seu lado, Paulo Santos, vice-presidente e vereador da Cultura da Câmara de Faro.
Ou seja, das oito cidades candidatas que não chegaram à fase final, Faro foi a única que entrou neste protocolo, algo que, na visão deste responsável, é «o reconhecimento das outras cidades e das outras regiões em relação ao trabalho que nós desenvolvemos» na candidatura Faro2027.
«O processo iniciado com a candidatura Faro2027, para nós, é irreversível. Continuamos a alocar uma fatia na ordem dos 10% do Orçamento Municipal para as áreas da cultura, quer nas despesas próprias e inerentes ao município – teatro, biblioteca, museu, arqueologia, etc. -, mas também muito suportado naquilo que é o apoio às associações locais, de forma a que elas possam tenham os meios financeiros para ganhar músculo, em termos de programação e em termos de iniciativas», enquadrou ao Sul Informação Paulo Santos.
Desde 2017, ano em que começou o trabalho que culminou na candidatura a Capital Europeia da Cultura, a Câmara de Faro apostou forte tanto na adesão a redes e projeto internacionais – «como são exemplo os rooftops e o modernismo» -, como no incentivo às associações, de modo a que procurassem, cada vez mais, financiamentos de âmbito nacional, mas também internacional.
«Isso tem tido um sucesso visível, não só para nós, como para as associações. Temos, neste momento, um conjunto de associações, como a ArQuente, a Scaiena, a própria Associação de Músicos, que, neste momento, começam aqui a ter uma sustentabilidade em termos de visão e de programas nacionais e internacionais – como já acontecia antes com o LAMA, a ACTA e, mais recentemente, o JAT. O processo que está a ter um retorno enorme no meio cultural», assegurou Paulo Santos.
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