A Câmara de Lagos aprovou um voto de pesar pela morte do arquiteto José Veloso, «figura incontornável da intervenção cívica e política» e responsável pelo projeto do Bairro da Meia Praia.
O arquiteto morreu na passada sexta-feira, 19 de Janeiro, aos 93 anos.
Nascido em Lagos a 9 de Junho de 1930, José Veloso, que chegou a ser vereador na Câmara de Lagos, foi um dos arquitetos que trabalhou para o Fundo de Fomento da Habitação, como coordenador de equipas de projeto do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), entre 1974 e 1976.
Era o último dos arquitetos modernistas algarvios, a par de Manuel Gomes da Costa, Vicente de Castro e Manuel Laginha.
Entre os projetos que coordenou e idealizou, destaca-se o da construção do Bairro da Meia Praia, em Lagos, imortalizado por Zeca Afonso na sua música “Índios da Meia Praia” e por António Cunha Telles numa longa metragem com o mesmo nome.
Esta obra documenta o processo de participação popular levado a cabo nessa comunidade piscatória.
José Veloso, que chegou a ser candidato da CDU à Assembleia da República, pelo círculo do Algarve, participou noutras das cerca de duas dezenas de operações SAAL, no Algarve, que, no pós-25 de Abril, permitiram dar uma casa condigna a milhares de algarvios, entre as quais a do bairro da Associação Progresso, em Silves.
O legado deixado no Algarve pelo programa estatal de construção habitacional criado por despacho no pós-25 de Abril, muito assente na auto-construção, foi recentemente imortalizado em livro.
Outro dos seus projetos emblemáticos é a estalagem Abrigo da Montanha, na serra de Monchique.
Homem de múltiplos interesses, colaborou regularmente com artigos de opinião na imprensa regional algarvia e editou vários livros, a maior parte dos quais dedicados ao tema do mar, da vela e das embarcações, área a que se dedicou, participando na fundação do Clube de Vela de Lagos, em 1950, do qual foi presidente da direção e comodoro em vários mandatos e de outras estruturas associativas.
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