IPMA desmente Cristóvão Norte quanto ao radar meteorológico de Loulé

Alegada avaria que já dura há cinco anos é informação que «não corresponde minimamente à verdade»

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) desmente que o radar meteorológico de Loulé esteja «inoperacional há pelo menos cinco anos».

A denúncia desta alegada situação foi feita no dia 18 de Outubro por Cristóvão Norte, presidente do PSD/Algarve, que afirmava que, devido a essa avaria, não foi «possível prevenir os efeitos de fenómenos meteorológicos extremos», nomeadamente as inundações que, no dia anterior, lançaram o caos na cidade de Faro.

Segundo o comunicado do líder dos social-democratas, «o Estado, através do IPMA, dispõe de um conjunto de radares meteorológicos distribuídos pelo país». No Sul, «dando resposta às necessidades do Algarve e do Alentejo, o radar do Vale da Rosa, em Loulé, é o principal instrumento para realizar esse objetivo».

Ora, segundo Cristóvão Norte, o radar estaria «inoperacional, já há anos, e, desse modo, prejudica-se a rapidez e precisão da informação que é prestada às autoridades de proteção civil regionais e locais».

Continuando o seu comunicado, o presidente do PSD Algarve afirma que «é impensável que este radar esteja inoperacional há anos. Está-se a prejudicar a proteção civil e toda a preparação atempada que serve para proteger vidas e bens. Estão, por vezes, a trabalhar às escuras e sem conseguir prevenir as situações. É o Estado a cair aos bocados».

Por isso, conclui, «o PSD Algarve exige que seja reparado o radar em causa e assinala que há verbas do PRR disponíveis para esse fim, bastando o Governo querer e fazer».

Acontece que, em resposta às questões que o Sul Informação enviou para o IPMA, este instituto garante que «não corresponde minimamente à verdade» a afirmação de que o radar está avariado há cinco anos e que tenha havido uma alegada falta de dados a dificultar o trabalho das autoridades e da Proteção Civil.

«O radar de Loulé/Cavalos de Caldeirão, a cerca de 2 quilómetros de uma povoação com o nome de Vale da Rosa, iniciou o seu funcionamento operacional em Janeiro de 2005 e a única paragem, a maior e/ou mais relevante, ocorreu entre 6 de abril e 25 de julho de 2022», explica o IPMA, na resposta enviada ao nosso jornal.

Recentemente, «devido a avaria, o radar parou no dia 20 de setembro de 2023», acrescenta.

Ora, «como o processo de substituição deste radar já estava em curso e para breve, não era adequado proceder-se à sua reparação, uma vez que as peças necessárias não seriam entregues em tempo útil», acrescenta o IPMA, revelando ainda que «o radar foi desmantelado na semana passada e está previsto para o próximo dia 25 a remoção da redoma, do pedestal e da antena do radar».

A substituição deste radar por outro mais moderno foi mesmo notícia no Sul Informação (clique aqui para ler essa notícia) e em muitos outros meios de comunicação social, após informação sobre o assunto veiculada pelo IPMA em meados de Setembro.

Nessa altura, o IPMA anunciou que o Radar Meteorológico de Loulé iria ser «renovado e modernizado», a par de outro do mesmo tipo, existente em Coruche (Cruz do Leão).

Aquele instituto explicava que «estes radares, de polarização simples, serão integralmente substituídos por radares doppler de polarização dupla. Os novos radares permitirão melhorar a estimativa da intensidade da precipitação e permitirão a classificação de diferentes tipos de hidrometeoros, tais como chuvisco, chuva, granizo, saraiva e neve.

Informava ainda que os novos sistemas de radar estão «em fase de construção e integração na fábrica “Leonardo Germany GmbH”, em Neuss, na Alemanha», prevendo-se a sua instalação durante os próximos meses de Novembro e Dezembro.

Durante a fase de instalação dos radares e de outros equipamentos associados, designadamente de geradores e sistemas de ar condicionado e ainda, de uma melhoria das instalações técnicas, o IPMA acrescentava que iria «recorrer à informação da rede de radares da Agência Meteorológica de Espanha (AEMET), sendo que neste âmbito existe um protocolo de intercâmbio de dados de radar, entre ambos os países».

Inserido no mesmo investimento, está também «em curso a instalação de duas estações meteorológicas automáticas, na proximidade dos sistemas de radares de Coruche e de Loulé, e ainda (até finais de 2023) será reforçada a rede nacional de detetores de trovoada, com a instalação de um detetor de raios em Viana do Castelo e outro em Olhão, assim como a respetiva atualização do sistema de processamento».

Em termos de investimentos, o IPMA adiantou que os radares custarão 2.791.188 euros, as estações meteorológicas automáticas 58.230 euros e os detetores de raios 169.600 euros, num total de mais de 3 milhões de euros de investimento.

Em relação ao caso das inundações em Faro no dia 17 de Outubro, o IPMA, na sua resposta ao Sul Informação, explica que a substituição em curso do radar de Loulé «não prejudicou qualquer trabalho de prevenção, nem podia prejudicar, porque todo o sistema de previsão e vigilância meteorológica tem capacidade de redundância de informação e dados».

«Tanto os trabalhos no radar meteorológico estavam devidamente planeados e acautelados, como esta situação meteorológica estava claramente identificada há alguns dias e foi atempadamente e cuidadosamente acompanhada, já desde a sua aproximação e passagem pelo Arquipélago da Madeira, no dia 21 de Outubro», acrescenta o IPMA.

«A informação de radar é importantíssima e, se não fosse, não estaríamos a trabalhar afincadamente para a sua modernização, mas a boa resposta dos modelos em uso no IPMA foi importante e a situação foi acompanhada com a informação de radar da AEMet, em particular com a informação do radar de Sevilha, com quem o IPMA tem protocolos de troca de informação em tempo real, e ainda por múltipla informação de imagens de satélite, pela rede de detetores de raios e pela rede de observação de superfície». esclarece ainda.

O IPMA salienta que «os avisos meteorológicos necessários foram emitidos tempestivamente e estão concordantes com os registos meteorológicos».

Em suma, concluem, «nunca faltou informação rigorosa e atempada aos serviços de proteção civil do país».

 

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