Mostra da Fotografia em Faro debate violência doméstica e direito à habitação

Fábrica da Cerveja de Faro será o grande palco das exposições

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação (arquivo)

13 exposições e dois debates, sobre violência doméstica e direito à habitação, vão marcar a Festa da Fotografia, que vai transformar Faro na capital desta arte entre os dias 21 de Outubro e 25 de Novembro. 

A Mostra de Fotografia de Faro (MFA) junta fotógrafos consagrados em exposições, projeções, livros, documentários, debates e mercado de autor prometem uma animação permanente, centrada na imagem, num evento organizado pela associação CC11 em parceria com a Galeria Santa Maria Maior, ETIC Algarve e o Município de Faro.

Apesar de a antiga Fábrica da Cerveja ser o núcleo principal do MFA, também o Mercado Municipal de Faro receberá vários eventos.

Em relação às exposições, “Casa” junta trabalhos de dezenas de fotojornalistas e curadoria de Ana Brígida, Enric Vives-Rubio e José Farinha, e transforma em imagem a reflexão sobre a casa, «não apenas como local físico mas também como espaço sonhado por quem quer ter um lar».

«Num tempo em que os problemas da habitação são tema de agenda, em particular em regiões como o Algarve, a exposição é também um convite aos visitantes para refletirem sobre a argamassa e os alicerces sobre os quais é possível construir um mundo mais justo e inclusivo, onde todas as pessoas tenham acesso a uma casa digna e segura», refere a organização.

Este tema será mote de um debate sobre os “Desafios da Habitação em Portugal”, no dia 26 de Outubro, no Auditório da ETIC Algarve, no Mercado Municipal de Faro, moderado por Nuno Costa, do Sul Informação.

No mesmo auditório, mas no dia 23 de Novembro, o debate “Violência Doméstica: Aqui Um Homem Matou Uma Mulher”, tem como ponto de partida a exposição do fotojornalista José Carlos Carvalho, com o mesmo título, e que pode ser visitada no exterior da Fábrica da Cerveja. Este debate será moderado por Elisabete Rodrigues, do Sul Informação.

A exposição revisita uma reportagem para a revista Visão, que percorreu o país de norte a sul, e conta a história de mulheres assassinadas e vítimas de violência doméstica na última década.

O fotógrafo João Mariano, também diretor de arte da agência 1000 olhos, em Aljezur, conta na sua exposição “Ensaio sobre a Osmose Visual”, histórias de “Lavrar o Mar” no sudoeste do país.

Já na exposição “Na Terra”, a fotojornalista Ana Brígida calcorreia a Serra do Açor «em busca da resiliência de quem não quer deixar as origens ou de quem quer reconstruir aldeia».

Depois do sucesso em Lisboa, “Diakuyu” (‘obrigado’, em ucraniano) chega a Faro, mostrando alguns exemplos dos trabalhos fotojornalísticos dos jornalistas portugueses durante a invasão da Ucrânia. Com a curadoria de Alexandre Almeida, a exposição junta nomes de topo do fotojornalismo em Portugal num olhar partilhado sobre o conflito que marca a atualidade.

O premiado fotojornalista argentino Horacio Villalobos traz ao Algarve um conjunto de obras sobre o “Golpe de Estado no Chile”, um momento único do século XX que suspendeu a história e marcou gerações.

O ataque militar ao palácio presidencial, a última foto do Presidente chileno Salvador Allende, e a vitória dos golpistas sobre a democracia e os direitos humanos são recordados nesta exposição.

Na Praça Central do Mercado Municipal de Faro, a fotojornalista portuguesa Patrícia de Melo Moreira mostra a imagem que Portugal deu ao mundo durante os incêndios de 2017, com mais de uma centena de mortos.

Fotojornalista da agência de notícias francesa AFP, Patrícia de Melo Moreira transmite o olhar com que o mundo viu Portugal num “Verão Negro” que teima em se reatar a cada ano.

“Águas Quentes”, do premiado fotógrafo documental Vlad Sokhin, retrata as evidências visuais do aquecimento global causado pelo homem, num olhar humano e intimista sobre a crise ambiental mais premente da história da humanidade.

Valter Vinagre, com a sua exposição “Animais de Estimação”, mostra que é possível sempre contar novas histórias visuais, neste caso encapsulando numa imagem a morte taxidérmica dos animais.

Na natureza, a morte renasce em vida, como nos conta Luísa Ferreira, na sua exposição “A Evolução é Silenciosa”.

Já a fotojornalista Enric Vives-Rubio relembrará o período da pandemia, em que todos estavam impedidos de sair de casa. “Confins” é o nome da exposição que nasceu nesses dias, um trabalho meditativo sobre o território e o confinamento.

O diário da pandemia, “365 Dias que Mudaram as Nossas Vidas”, é a proposta da fotojornalista Clara Azevedo, reunindo durante um ano peculiar fotografias que são o seu estado de alma, transmitindo a incerteza de cada dia numa cidade, num país, adormecidos.

Entre as exposições coletivas, a MFA traz também a “Kioskzine”, um projeto editorial de referência em Portugal que incluirá em Faro obras de doze autores, que abrem as portas do seu arquivo pessoal, permitindo um novo olhar para os seus trabalhos.

Os documentários serão exibidos às sextas-feiras à tarde, na ETIC Algarve, sobre grandes nomes da fotografia mundial, uma parceria com a Midas Filmes.

Aos sábados, na Fábrica de Cerveja, haverá uma programação que inclui visitas comentadas às exposições com autores/curadores, apresentação de livros e revistas, projeção de projetos com os mais conhecidos fotógrafos do Algarve e Mercado de Autor, com livros e fotografias.

 



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