Teatro Nacional D. Maria II passa último trimestre do ano no Algarve e Alentejo

Programação desenrola-se em 24 concelhos

O Algarve e o Alentejo são as últimas regiões por onde passa a Odisseia Nacional do Teatro Nacional D. Maria II, que fechou em Janeiro para obras e tem feito a sua programação por esse país fora. 

Depois de ter passado pelas regiões Norte e Centro do país, no primeiro e segundo trimestre do ano, respetivamente, pelos Açores, em Julho, e pela Madeira, em Setembro, o Teatro chega agora ao sul do país com uma programação que se desenrola em 24 concelhos do Algarve e Alentejo, entre Outubro e Dezembro.

A programação da Odisseia Nacional a Sul arranca já no final deste mês, com a apresentação pública do projeto de participação Penélope (a 29 de Setembro e 1 de Outubro), que está a ser desenvolvido pela estrutura UMCOLETIVO, em Mértola.

Ao mesmo tempo, inaugura em Évora a exposição “Quem és tu? – Um teatro nacional a olhar para o país”, com curadoria de Tiago Bartolomeu Costa. Também a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril e o Museu Nacional do Teatro e da Dança chega agora a Évora, onde estará patente na Galeria de Exposições da Casa de Burgos e na Biblioteca Pública de Évora, entre 30 de Setembro e 21 de Outubro.

A partir de materiais documentais – figurinos e trajes, fotografias, registos sonoros e audiovisuais, programas, objetos de cena, imprensa –, a exposição Quem és tu? produz um comentário crítico à história social e política que o país construiu, partindo da história do Teatro Nacional D. Maria II e da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, desde a ditadura do Estado Novo até à atualidade. Depois de Évora, poderá ainda ser visitada em Sines, de 28 de Outubro a 18 de Novembro, e em Faro, de 24 de Novembro a 16 de Dezembro.

Ao longo de três meses, o Alentejo e o Algarve serão palco para a apresentação de 9 espetáculos (4 deles, em estreia nacional), 11 projetos de participação, desenvolvidos com as comunidades de 16 concelhos, espetáculos para escolas, laboratórios teatrais e atividades para todos os níveis de ensino, um programa de formação gratuita destinado a artistas e a profissionais da cultura e ainda um evento de pensamento (Cenários Futuros), que decorrerá em Loulé a 15 e 16 de Dezembro e onde se pretende projetar novos caminhos para a cultura nacional.

Dos espetáculos em digressão neste último trimestre do ano, dois têm estreia absoluta agendada para o Alentejo e dois estrearão no Algarve.

A “Farsa de Inês Pereira”, uma encenação de Pedro Penim, a partir de Gil Vicente, estreia em Évora a 20 de Outubro, no mesmo dia em que será lançado em livro o texto do espetáculo, numa edição TNDM II / Bicho-do-Mato (coleção Textos de Teatro). 500 anos após a primeira apresentação d’A Farsa de Inês Pereira, Pedro Penim propõe uma releitura deste clássico, numa encenação que conta com Ana Tang, Bernardo de Lacerda, David Costa, Hugo van der Ding, João Abreu, Rita Blanco e Sandro Feliciano no elenco.

“Batalha”, uma encenação de João de Brito, da companhia algarvia LAMA Teatro, a partir de um texto original de Sandro William Junqueira, tem estreia marcada para Faro, no dia 3 de Novembro.

A apresentação do espetáculo será precedida do lançamento do livro com o texto original, que integrará a coleção Textos de Teatro do TNDM II / Bicho-do-Mato. Esta é a terceira coprodução que o D. Maria II realiza este ano com companhias artísticas fora do eixo Porto-Lisboa, depois de ter trabalhado com o Teatro da Didascália no primeiro trimestre do ano e com a companhia Terceira Pessoa no segundo trimestre.

“Homo Sacer”, uma criação da estrutura artística Bestiário e da atriz e ativista Maria Gil, estreia a 24 de Novembro em Montemor-o-Novo e continua a sua digressão pelo Alentejo até ao final do ano. Tendo como referência o livro Homo Sacer e os ciganos, de Roswitha Scholz, esta criação procura, sob uma perspetiva ao mesmo tempo antropológica e política, refletir sobre o anticiganismo.

No final do ano, a 15 de Dezembro, Loulé recebe a estreia nacional de “La Vie Invisible”, um espetáculo da encenadora francesa Lorraine de Sagazan, com texto de Guillaume Poix, escrito a partir de testemunhos de pessoas cegas e deficientes visuais. No dia anterior, é lançado o livro com a tradução portuguesa deste texto dramatúrgico, numa edição TNDM II / Bicho-do-Mato (coleção Textos de Teatro).

Para além destas estreias, estarão ainda a viajar pelo Alentejo e pelo Algarve “descobri-quê?, uma criação de Cátia Pinheiro, Dori Nigro e José Nunes; “Ainda Marianas”, de Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu / Os Possessos, a partir de Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria João Velho da Costa, e do seu julgamento (uma criação integrada na Rede Eunice Ageas, uma iniciativa do Teatro Nacional D. Maria II e do Grupo Ageas Portugal); “Nau Nau Maria”, com criação e direção de Alice Azevedo e integrado no projeto Próxima Cena, uma iniciativa do Teatro Nacional D. Maria II, do BPI e da Fundação ”la Caixa”; “O Misantropo – por Hugo Van der Ding e Martim Sousa Tavares a partir Molière, com encenação de Mónica Garnel; e ainda “Viagem por mim terra”, um projeto de escrita desenvolvido pelo dramaturgo moçambicano Venâncio Calisto e que contará com duas leituras encenadas no Sul do país.

Com o projeto Odisseia Nacional, o Teatro Nacional D. Maria II estará presente em todo o território nacional, ao longo de um ano, intervindo nas regiões onde já se verifica uma forte dinâmica criativa, mas sendo também catalisador da vida cultural de comunidades onde há menos acesso às práticas artísticas, com particular foco no interior do país, contribuindo para o desenvolvimento da democracia cultural.



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