Há novas salas de aula no Algarve para acolher mais alunos estrangeiros

Os casos de Portimão, Lagos e Loulé são emblemáticos desta necessidade de criar mais condições para acolher o crescente número de alunos filhos de pais imigrantes

Entrada da ala da antiga Escola de Hotelaria de Portimão adaptada – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Em Portimão, «do ano letivo passado para este, há mais 200 alunos» nas escolas. Em Lagos, foi preciso criar mais duas turmas de 1º ciclo e quatro de Secundário. Em Loulé, abrirá uma nova escola e será reativada outra, que estava encerrada.

Estes são apenas três exemplos de concelhos algarvios onde o número de alunos voltou a crescer no ano letivo que começa esta semana, em grande parte devido à chegada de filhos de imigrantes, das mais variadas nacionalidades.

Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, anunciou há dias que este ano abrem «cinco novas salas para o pré-escolar e o 1º ciclo» numa ala da antiga Escola de Hotelaria e Turismo, que estava fechada desde que essa estrutura passou para as suas novas instalações.

«Para já, estas cinco salas têm muita dignidade», disse a autarca perante a ministra do Trabalho e Segurança Social, aquando da inauguração da ampliação de uma creche em Portimão.

Para o próximo ano, e após a estrutura ter sido cedida ao Município de Portimão, adiantou, a antiga Escola de Hotelaria e Turismo será alvo de obras, que a transformarão numa «grande escola, com um espaço magnífico para acolher estas crianças que nos chegam de toda a parte».

A presidente da Câmara portimonense adiantou ainda que, neste novo ano letivo, foi também preciso «reabrir salas em escolas que já tínhamos dado ao movimento associativo, como aconteceu na Pedra Mourinha».

 

Escola Básica Tecnopólis, em Lagos – Foto: Fernando Guerra (DR)

 

No vizinho concelho de Lagos, Sara Coelho, vereadora da Educação, disse ao Sul Informação que, este ano letivo, abrem «mais duas turmas de 1º ciclo e quatro de Secundário». Mas também há turmas que fecham: neste início de ano há menos uma turma do 2º ciclo e menos duas turmas do 3º, acrescentou.

Houve também necessidade de reforçar, em instalações, a Escola EB 2,3 Tecnopolis, do Agrupamento de Escolas Júlio Dantas. «Este Agrupamento está superlotado, no limite da sua capacidade no 2º e 3º ciclo».

Apesar de até ser das escolas mais recentes (abriu em 2010), a Tecnopolis precisa, admite a vereadora, de uma «intervenção de requalificação e de ampliação».

Para este ano, foram alugados monoblocos (contentores) para serem instalados neste estabelecimento de ensino e aumentar em oito salas a sua capacidade.

Em Loulé, a vice-presidente Ana Machado, responsável pelo pelouro da Educação, anuncia que a Câmara vai «abrir dois estabelecimentos de ensino: a recentemente construída Escola EB/JI Hortas de Santo António II, em Loulé, com sete novas salas (1.º ciclo e jardim de infância)», bem como «será reativada a EB/JI Fonte Santa, em Quarteira, com duas novas salas».

Ana Machado salienta que «a chegada de novas matrículas de alunos oriundos de outros países é uma realidade diária no concelho de Loulé!» Atualmente, as escolas louletanas têm alunos de «102 diferentes nacionalidades», sendo que, «nos últimos anos, o aumento de alunos tem ocorrido de forma consistente».

As escolas que mais pressão sofrem são as do litoral, «nomeadamente nas freguesias de Almancil e Quarteira».

Em Loulé, como na generalidade dos municípios algarvios, as Câmaras Municipais não se limitam a reagir ao aumento de alunos. Há planos para dar resposta a essa maior pressão nos próximos anos.

 

Escola EB2,3 Engº Duarte Pacheco, em Loulé (aspeto futuro do espaço exterior)

 

Assim, por exemplo, a Escola EB2,3 Engº Duarte Pacheco, na própria cidade de Loulé, está a ser ampliada numa área de 900 metros quadrados, numa obra que começou em finais de Junho e que, tendo um prazo de execução de 18 meses, se espera que esteja pronta a tempo da abertura do ano letivo de 2024/2025.

Neste caso, a intervenção permite criar sete novas salas de aula e requalificar duas já existentes, bem como criar outros espaços.

Até lá, a escola está em obras e foi preciso encontrar alternativas para colocar os alunos, já neste ano letivo.

A vice-presidente da Câmara de Loulé explica que «os monoblocos a instalar na escola são para substituir temporariamente as salas contíguas à obra. Devido ao ruído (natural de qualquer intervenção), os alunos irão ter as suas aulas em monoblocos numa zona mais protegida dos constrangimentos da obra».

Ana Machado acrescenta que a autarquia está também a preparar «a reconversão do antigo espaço da GNR, em Quarteira, num estabelecimento escolar de 1.º ciclo e jardim de infância, com sete novas salas, a abrir previsivelmente no ano letivo 2024/2025».

Mas as preocupações das autarcas não terminam com a abertura do ano letivo.

É que, tendo como exemplo o que se tem passado nos anos mais recentes, «o problema maior será a partir de Janeiro, que é quando chegam mais imigrantes, sobretudo brasileiros», salientou a presidente da Câmara de Portimão.

A vereadora da Educação de Lagos corrobora: os dados de abertura e fecho de turmas nos vários ciclos de ensino naquele concelho «são provisórios, uma vez que se prevê um aumento do número de alunos entre Janeiro e Fevereiro, fruto das correntes migratórias».

Apesar dessa incerteza, todas estas responsáveis são unânimes em considerar a vinda de crianças de nacionalidades diversas para o Algarve como positiva.

«Para a Câmara Municipal de Loulé é motivo de orgulho constatar que as famílias elegem Loulé como um bom concelho para viver. Consideramos a sua vinda uma mais-valia, porque contraria a tendência de algumas zonas do país em que se observa um envelhecimento da população, enquanto aqui em Loulé, assistimos a um rejuvenescimento», salientou Ana Machado, nas suas declarações ao Sul Informação.

«Naturalmente, este acréscimo de população representa também alguns desafios, como a multiculturalidade e a adaptação da capacidade dos serviços públicos, como as escolas e a saúde, no acolhimento aos novos munícipes. No entanto, a autarquia, atenta aos novos fluxos migratórios tem conseguido dar uma reposta eficaz às necessidades educativas do concelho», conclui a vice-presidente da Câmara de Loulé.

 

 

Leia mais um pouco!
 
Uma região forte precisa de uma imprensa forte e, nos dias que correm, a imprensa depende dos seus leitores. Disponibilizamos todos os conteúdos do Sul Infomação gratuitamente, porque acreditamos que não é com barreiras que se aproxima o público do jornalismo responsável e de qualidade. Por isso, o seu contributo é essencial.  
Contribua aqui!

 



Comentários

pub