Bio-ilhas andou dois anos a melhorar a vida das aves salineiras de Olhão e Faro

O projeto cumpriu os objetivos e foi um sucesso, segundo os seus promotores

O projeto Bio-Ilhas – Requalificação de Salinas e Áreas Lagunares de Sapal (Olhão e Faro), que passou dois anos a lutar pela preservação e sobrevivência, terminou em Julho com «um balanço muito positivo», anunciou a Associação Vita Nativa – Conservação do Ambiente, em parceria com a Associação Viridia – Conservation in Action.

Os dados que foram recolhidos «demonstraram que as ações do projeto não só criaram zonas de nidificação de elevado sucesso reprodutivo, como ainda criaram condições de ocupação e repouso nas áreas contíguas às zonas intervencionadas. Com o sucesso deste projeto espera-se em breve ampliar a zona de ação, multiplicando e prolongando assim os resultados já alcançados», segundo a Vita Nativa.

Este projeto teve como objetivo «requalificar as áreas degradadas de sapal, zona de grande importância para alimentação de aves limícolas invernantes e de nidificação para a perdiz-do-mar (Glareola pratincola)», bem como «implementar ilhas artificais em tanques de ETARs e de salinas que permitem a nidificação de aves aquáticas, como a chilreta (Sternula albifrons), o alfaiate (Recurvirostra avosetta) e o borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus)».

Para além de preservar estas espécies-alvo, o projeto Bio-Ilhas «pretende ainda potenciar e sustentar núcleos populacionais de outras espécies aquáticas».

Ao longo de dois anos, os promotores do projeto instalaram «dez bio-ilhas nas áreas salineiras entre Olhão e Faro e também nas lagoas das ETARs desta região. Nas áreas salineiras, foi ainda limitado o acesso do público aos cômoros e instaladas estruturas anti-predação».

«Na ETAR de Olhão-Poente, procedeu-se também à renaturalização da ilha natural da lagoa principal e à instalação de proteções anti-predação. Por fim, na ETAR de Faro-Olhão, foi regenerada a área de sapal. No total, durante o projeto Bio-Ilhas foi intervencionada uma área de 10.256 metros quadrados (m2), com 10.000 m2 de sapal regenerado e 256 m2 de ilhas e cômoros», segundo a Vita Nativa.

Ao longo dos 26 meses de projeto foram conduzidas visitas semanais a estas áreas, «que resultaram em cerca de 380.000 observações de 88 espécies de aves diferentes, e confirmaram a nidificação de todas as espécies-alvo na área de intervenção».

As chilretas, os alfaiates e os borrelhos-de-coleira-interrompida construíram os seus ninhos nas ilhas, cômoros e zonas de acesso limitado, com 109 ninhos a serem registados nestas áreas durante a época de nidificação de 2022 e de 2023.

Em 2023, e depois da remoção do entulho, 15 casais de perdizes-do-mar nidificaram na área de sapal regenerado.

Para além das sessões de monitorização foram ainda realizadas sessões de anilhagem científica, que resultaram na marcação de 465 indivíduos de 21 espécies. Durante o projeto foram ainda promovidas visitas escolares às salinas e produzidos materiais de sensibilização.

«O financiamento da Associação Viridia – Conservation in Action foi fundamental para a concretização deste projeto, que contou ainda com a parceria do ICNF – Direção Regional da Conservação da Natureza e das Florestas do Algarve, das Águas do Algarve, da Necton – Companhia Portuguesa de Culturas Marinhas, e das Salinas do Grelha – Segredos da Ria», concluiu a Vita Nativa.

 

 



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