CHUA suprime «grande lacuna» com resposta «de topo» ao tratamento de AVC

Via Verde AVC com Trombectomia já funciona

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

O Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) já tem Via Verde AVC com Trombectomia, um tratamento inovador na área do Acidente Vascular Cerebral (AVC), até agora inexistente no Algarve e que faz com que a resposta passe a ser de nível A na região. 

A partir de agora, os doentes de AVC que necessitem de trombectomia vão deixar de ser transferidos para Lisboa, o que, de acordo com Horácio Guerreiro, diretor clínico do CHUA, permitirá «mais resultados» e que «a recuperação dos doentes seja mais rápida».

«Esta era uma carência e uma grande lacuna da região, porque estamos a uma distância grande dos grandes centros e, muitas vezes, quando os doentes lá chegam, já perderam a oportunidade para serem tratados – e tratados com bons resultados», referiu o médico esta segunda-feira, 3 de Julho, na cerimónia de apresentação da nova valência.

Nas palavras de Ana Paula Fidalgo, diretora da unidade de AVC, «este novo equipamento vai mudar o paradigma do tratamento do doente com acidente vascular cerebral» na região algarvia.

«No cérebro, costumamos dizer que o tempo é tudo. Quando encurtamos o tempo de tratamento, estamos à espera de que os resultados, aos três meses, sejam melhores do que quando o doente tem muito mais tempo para conseguir o tratamento», frisou a médica.

Mas, afinal, em que situações é usada a trombectomia?

«O doente entra no hospital, é avaliado pela Via Verde AVC, é feito TAC, angio TAC e se o doente demonstrar nesse exame uma oclusão de grande vaso, e se reúne as condições, é logo chamado o colega de neurorradiologia de intervenção e é feita a intervenção cá», explicou Ana Paula Fidalgo ao Sul Informação.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Apesar de o angiógrafo já estar instalado no serviço de radiologia do Hospital de Faro desde Junho do ano passado, só agora foi possível avançar com o procedimento da trombectomia, que requer uma equipa especializada.

A falta de recursos continua a ser, para o CHUA, um problema. Mas, nas palavras do diretor clínico, tal «não se deve a uma má gestão do CHUA».

«Nós sabemos gerir o CHUA e sabemos qual é a cultura que queremos incutir. Infelizmente, não conseguimos resolver os problemas que são da política geral do país, que é a falta de médicos, nomeadamente em algumas especialidades», frisou Horácio Guerreiro, acrescentando, contudo, que, «equipamentos tecnológicos e diferenciação clínica cativam pessoas e é por isso que conseguimos cativar neurorradiologistas de intervenção, entre outras especialidades, a virem para cá».

Vítor Tedim, presidente da Sociedade Portuguesa de AVC, não podia estar mais feliz por ver este procedimento avançar na região do Algarve.

«Aquilo que estão a conseguir aqui serve a população, mas é também um aspeto importante na formação, num hospital que se quer universitário, para uma das principais patologias em Portugal que é a doença vascular cerebral. É um passo muito importante e, tendo em conta a população que aqui têm, vai significar, em média, um tratamento por dia», afirmou o médico.

 

 

Com esta novidade, o serviço de AVC do CHUA chega assim «ao topo».

«Estamos no nível A, o que quer dizer que acima não há mais do ponto de vista do tratamento do AVC. Vamos ter um impacto decisivo, não só na mortalidade, mas na morbilidade e incapacidade, que, muitas vezes, resulta destas doenças e que tem um impacto para o resto da vida nos doentes e na própria sociedade. É um passo importante para as pessoas que aqui vivem e que por aqui passam, que são muito mais de 500 mil», frisou ainda Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, que também acompanhou a cerimónia.

Agora, com a Via Verde AVC com trombectomia instalada, o CHUA pretende alcançar um novo patamar: o reconhecimento como Centro de AVC. E o que é um centro de AVC?

«É uma estrutura hospitalar que organiza e coordena todo o circuito do doente de AVC, do pré-hospitalar, intra-hospitalar e pós-hospitalar. Nós, neste momento, já temos alguns requisitos, mas estamos a caminhar para ter todos», algo que será alcançado quando a trombectomia passar a estar disponível sempre e não apenas aos dias de semana, como acontece para já, explicou ainda ao Sul Informação a médica Ana Paula Fidalgo, diretora da unidade de AVC.

O Acidente Vascular Cerebral é atualmente a principal causa de morte e incapacidade permanente em Portugal. Em 2021, morreram 9613 pessoas devido a acidentes vasculares cerebrais.

 

 

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