“Atum” nasceu em Albufeira para homenagear homens e mulheres das conserveiras

Escultura do artista plástico algarvio João Jesus foi inaugurada ontem

O “Atum”, uma escultura do artista plástico algarvio João Jesus, feita a partir de materiais obsoletos que se encontravam num dos armazéns da Câmara Municipal de Albufeira, foi inaugurado ontem nesta cidade algarvia para homenagear homens e mulheres das conserveiras. 

A escultura, feita a convite do vereador Ricardo Clemente, encontra-se frente ao INATEL, dado que foi naquela zona que laboraram conserveiras não só de sardinha, como de outros peixes.

«Sabe-se que o atum passava na costa confinante com Albufeira, razão pela qual em 1910, só na armação de atum dos Olhos de Água, foram matriculados 82 pescadores», explica a autarquia.

De acordo com o autor e artista, «a escultura, cujo processo de produção levou dois meses, foi criada com materiais obsoletos existentes num dos armazéns da Câmara Municipal de Albufeira, criando através da reciclagem, lixo em arte».

O artista, deixou ainda uma mensagem de agradecimento a todos os funcionários e entidades que ajudaram na construção desta escultura.

O presidente da Câmara Municipal fez uma alusão à importância da indústria conserveira para a História de Albufeira, bem como da riqueza piscícola da costa.

Trata-se de «uma obra que fala da História e das gentes de Albufeira, da cultura e dos costumes antigos que outrora se faziam na nossa cidade», referiu.

O autarca frisou ainda que «além de assumir uma homenagem à indústria conserveira de sardinha e atum em Albufeira, a obra também representa aquele que tem sido o nosso esforço em alavancar a economia circular no concelho, no sentindo em que, toda a obra foi produzida com materiais reciclados».

Na inauguração estiveram presentes não só alguns artistas plásticos do Algarve como pescadores de Albufeira através da APPA – Associação dos Profissionais de Pesca de Albufeira e agentes oficiais da Guarda Nacional Republicana e Capitania.

Em Albufeira existiram cinco fábricas de conserva na primeira metade do século XX, nomeadamente a Ramirez & Companhia (iniciada em 1909 e transferida para Matosinhos entre 1926 e 1928), a Fabrico, pertencente à Sociedade de Conservas de Albufeira, (1918), a Baltum, (conhecida como Fábrica da Caveira; começou a funcionar em 1919 sob a gestão de Joaquim de Sousa Guerreiro, embora em Maio 1920 passasse a ser explorada pelo Consórcio Português de Pescas e Conservas – SARL.), a Sociedade Brito – Fábrica de Conservas de Peixe em Azeite e a Ernesto Salles, que acumulava com uma Fábrica de Guano (ambas de 1913-1933), e que chegou a ser também propriedade de Johannes Seibt, que se alia à Sociedade Brito, criando a Johannes Seibt e Brito, mais conhecida como “a fábrica do Alemão”.

Foi então no  Estado Novo que o edifício foi adaptado para ser a ‘Colónia de Férias Dr. Pedro Theotónio Pereira’ no âmbito da Fundação Nacional para Alegria no Trabalho (FNAT – 1935) para atividades náuticas dos jovens portugueses e após o antigo regime político, passou a designar-se como INATEL – Instituto Nacional para o Aproveitamento dos Tempos Livres, sendo hoje um dos mais icónicos exemplares da evolução da hotelaria em Albufeira.

 

 



Comentários

pub