Marcelo fala em números da economia que ainda não chegaram ao bolso dos portugueses

Para Marcelo Rebelo de Sousa, Portugal encontra-se numa «situação um pouco estranha»

Foto: Arlindo Homem

O Presidente da República considerou este domingo, 7 de Maio, que os cidadãos percebem que as suas contribuições para os bancos alimentares não são «caridadezinha» e revelam-se solidários mesmo quando os números da economia ainda não chegaram ao bolso dos portugueses.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas após ter visitado o Banco Alimentar Contra a Fome (BA), em Alcântara, em Lisboa, tendo ao seu lado a presidente da instituição Isabel Jonet.

Interrogado várias vezes sobre a divergência pública que teve com o primeiro-ministro sobre a manutenção no Governo do ministro das Infraestruturas, o chefe de Estado recusou-se a fazer mais comentários, repetindo a frase «o que está dito, está dito».

A seguir, dirigindo-se aos jornalistas disse: «o simples facto de eu não responder às vossas questões já deveria merecer alguma reflexão da vossa parte habituados que estão a que eu, no passado, considerasse que era adequado responder mais vezes a questões concretas».

«Neste momento acho que não é adequado. Não tenho nada a acrescentar», insistiu.

Ao longo de mais de 20 minutos, o chefe de Estado falou antes sobre a situação social e económica de Portugal, em particular da população mais carenciada.

«Os portugueses percebem várias coisas, em primeiro lugar que isto não é aquilo que às vezes se dizia caridadezinha, porque caridadezinha não é», defendeu, numa clara demarcação em relação a algumas correntes da esquerda política.

Pelo contrário, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, com as contribuições para os bancos alimentares, «é a sociedade a perceber que há uns que têm mais e outros menos».

Perante os jornalistas, o Presidente da República procurou destacar o seguinte ponto: «mesmo numa situação em que os grandes números são positivos, mas a vida do dia-a-dia ainda não é tão positiva como os grandes números, os portugueses fazem o esforço que estão a fazer em relação aos bancos alimentares».

«Há sinais encorajadores ao nível do turismo, investimento externo e exportações. Agora, todos desejamos que os grandes números da economia se traduzam no bolso de mais portugueses», acentuou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, Portugal encontra-se numa «situação um pouco estranha», já que os números em termos globais «são melhores do que em outros países europeus, em termos de crescimento, com o turismo e as exportações a subirem».

«A procura interna, quer dizer aquilo que é o consumo das pessoas cá dentro, apesar dos muitos estrangeiros com dinheiro que vivem cada vez mais em Portugal, desceu no primeiro trimestre. Por um lado é bom, significa que o que vem de fora está a contribuir para a nossa economia, mas aquilo que é de dentro ainda está à espera de haver aqueles alívio financeiro que permita – não só com as ajudas sociais, mas sobretudo com diminuição do nível de preços – recuperar o poder de compra dos portugueses», sustentou.

De acordo com o chefe de Estado, em Portugal «houve problemas sociais que se encadearam», primeiro os resultantes da pandemia da covid-19, aos quais se somaram «os que resultam da atual elevação de preços brutal, nomeadamente de bens alimentares e com as prestações da habitação a aumentarem para o dobro».

«E as pessoas não esticam os salários, apesar das ajudas sociais», acrescentou.

No sábado, a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome (BA) Isabel Jonet disse à agência Lusa que até às 18h00 desse dia tinham sido recolhidas 415 toneladas de alimentos, um balanço «positivo» do primeiro dia da campanha de recolha.

A nova campanha de recolha de alimentos do BA arrancou no sábado e decorre durante o fim de semana, numa altura em que os pedidos de ajuda quase triplicaram face ao ano passado.

A campanha, que decorre presencialmente nos supermercados de todo o país e conta com cerca de 40 mil voluntários, tem o tema “Esperança” para ajudar as famílias a “fazer frente às dificuldades económicas e sociais”.

Além da campanha presencial no fim de semana, a recolha prosseguirá até 14 de Maio através de vales disponíveis nos supermercados ou no canal online www.alimentestaideia.pt

Os 21 Bancos Alimentares, em parceria com cerca de 2.600 instituições e entidades que atuam no terreno, distribuem diariamente bens alimentares a mais de 400 mil pessoas em Portugal.

Segundo a presidente do BA, desde o início do ano até 20 de Abril, a instituição recebeu 3.330 novos pedidos de ajuda, o que representa um aumento de 93% em relação ao mesmo período de 2022, quando tinham chegado 1.725 pedidos.

 



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