Desde 2001, que o Algarve não recebia tantos turistas em Janeiro. A taxa de ocupação no mês passado, na região, foi uma «surpresa agradável» mesmo para Hélder Martins, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), que não antecipava um desempenho tão bom logo no início do ano.
Os mais recentes dados da AHETA, que até «foram confirmados duas vezes», dão conta de que a ocupação média por quarto das unidades de alojamento algarvias foi de 36,9%, «3,8 pontos percentuais acima da verificada em 2019», também em Janeiro. Se a comparação for com 2021, o aumento é de 11,7 pontos percentuais (pp).
Para encontrar um valor superior a este, é preciso recuar até 2001, ano em que a ocupação média por quarto foi de 37,5%.
Em declarações ao Sul Informação, Hélder Martins admite que começar 2023 com a maior ocupação em mais de 20 anos deixa a AHETA feliz.
«É agradável começar o ano bem. Não estávamos à espera de um aumento desta ordem. Era bom que fosse o prenúncio para um excelente ano turístico», disse.
E o mês podia ter sido «ainda melhor, caso algumas unidades emblemáticas não estivessem fechadas», acrescentou.
As boas notícias não se ficam por aqui: este ano, os efeitos da passagem de ano nas contas de Janeiro são quase nulos, uma vez que o dia 1 de Janeiro calhou a um domingo.
«Foi mesmo tudo por nós (risos). Este aumento significativo da taxa de ocupação parece ser sustentado e estrutural. Seria um sonho se assim fosse», conclui Hélder Martins.
Também ouvido pelo Sul Informação, João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, não tem dúvidas de que «estamos a retomar o processo de atenuação da sazonalidade e a recuperar alguns mercados externos que levaram mais algum tempo a voltar».
Os números da AHETA parecem confirmar esta recuperação dos principais mercados emissores.
Em Janeiro de 2023, as maiores subidas foram dos mercados irlandês (+1pp) e britânico (0,4pp), com destaque também para os mercados neerlandês, belga e canadiano que registaram subidas importantes face a 2019.
«Por zonas geográficas, as maiores subidas face a 2019 ocorreram nas zonas de Tavira (+18pp), Faro/Olhão (+13,2pp), e Vilamoura/Quarteira/Quinta do Lago (+11,5pp)», realça a AHETA.
Apesar de não poder dar ainda números, uma vez que a Região de Turismo do Algarve se baseia nos dados do Instituto Nacional de Estatísticas para fazer a análise à atividade turística, João Fernandes não hesita em considerar que o primeiro mês de 2023 «correu bem».
«Tivemos um bom mês de Janeiro, na senda dos de antes da pandemia. Isto é já um reflexo da aposta que vimos fazendo na diversificação da oferta e de mercados», segundo o presidente do Turismo do Algarve.
O mesmo responsável recorda que este é o Inverno IATA com mais lugares em voos disponíveis para e a partir do Algarve e que há «novas origens».
«As coisas não acontecem por acaso. Este é um trabalho de muitos anos e um esforço continuado, que não pode parar, que envolve várias entidades, públicas e privadas», remata João Fernandes.
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