Já há data (e hora) para a inauguração do Centro Expositivo da Fortaleza de Sagres

Já só falta ultimar «os últimos pormenores»

O novo Centro Expositivo e Instalação Museográfica no Promontório de Sagres, dedicado aos Descobrimentos e a como eles se relacionaram com a Fortaleza e o local onde foi erguida, vai ser inaugurado no dia 4 de Outubro, às 11h00, anunciou no domingo, dia 28, Adriana Nogueira, diretora regional de Cultura do Algarve.

A novidade foi dada durante a apresentação da edição de 2022 do programa DiVaM, que teve lugar na Fortaleza de Sagres, no sábado.

«Os últimos pormenores já estão a ser ultimados. Há só pequenas coisas a fazer e ainda temos tempo», revelou Adriana Nogueira ao Sul Informação.

Este será o culminar de um processo longo, que começou em 2012, com a apresentação de um primeiro projeto, ganhou novo alento em 2018, altura em que o projeto foi atualizado e avançou para o terreno em 2021, muito graças à comparticipação de mais de 1 milhão de euros de fundos da União Europeia do Programa Operacional CRESC Algarve 2020.

No final de 2021, foi colocado no futuro centro expositivo o primeiro elemento do que será a mostra permanente, uma porta bicentenária em madeira, que controlou durante muito tempo o acesso à fortaleza.

A colocação desta primeira peça foi assinalada com uma cerimónia presidida pela então ministra da Cultura, Graça Fonseca, seguida de uma visita às obras.

Na altura, Ariana Nogueira explicou que este será «um espaço multimédia, mas não excessivamente, de maneira a que não se possa ver a exposição sem essa dimensão».

Quanto às peças que estarão em mostra, a única que pertence ao espólio do centro é a porta do século XVIII. O resto da exposição contará com «peças originais emprestadas», bem como «muitas imagens projetadas nas paredes, fotografia, santos, etc., mostrando a ocupação deste espaço que é o Promontório de Sagres e também os santos, neste caso o São Vicente, como é que ele foi representado em várias épocas. Estamos a conseguir imagens de vários sítios».

Nas diferentes celas, é contada «toda uma história sobre as viagens que os portugueses fizeram», para frisar a importância que a ação do Infante D. Henrique teve nos Descobrimentos e em tudo o que eles implicaram – e já se verá que é mesmo em tudo.

«Esta é uma exposição multissensorial. Vai-se sentir vento e há jogos de luz. Há uma sala que vai ter três cores diferentes e, se nenhuma cor estiver projetada, não se vai perceber o que lá está escrito, cada cor vai realçar a mensagem que lá está. É uma história que é contada, no fundo, em três fases», descreve a diretora regional de Cultura.

Noutra cela, há a recriação do espaço de trabalho do Infante, «um estudiozinho que é uma reprodução ficcional, aquilo que se imaginava que era uma sala de reflexão da época».

 

 

Este escritório medieval contará «com os mapas que se conhecia na época e aqueles que também se passou a conhecer, o próprio estudo que o Infante teria feito».

Aqui, a equipa que idealizou a mostra deu asas à sua imaginação, uma vez que não se sabe ao certo como foi a vivência de D. Henrique no tempo que morou no Algarve, provavelmente em Lagos.

Fosse em Sagres, fosse em Lagos, fosse em Lisboa, mesmo nunca tendo existido uma Escola de Sagres (criação do Estado Novo), «alguém pensou e alguém decidiu avançar por estes mares fora. E vai-se ver esses mapas, também desse mundo que, entretanto, foi alcançado pelos portugueses».

Também haverá a representação do porão de uma nau, o navio usado pelos portugueses nos tempos áureos dos Descobrimentos. Na cela em que esta recriação é feita, não há referência ao transporte de escravos. Mas essa dimensão negra da nossa história, a dos navios negreiros e do tráfico de escravos, não foi esquecida. Antes pelo contrário.

O último nicho antes da sala final é totalmente dedicado a este tema.

«Vamos ter aqui uma coleira de escravos, emprestada pelo Museu Nacional de Arqueologia, porque esta é uma realidade que aconteceu, infelizmente. É uma realidade que, infelizmente, ainda existe hoje em dia, com outro tipo de escravos. Mas há que assumi-la na sua completa dimensão», afirmou Adriana Nogueira.

A experiência termina numa sala onde vai ser instalada uma esfera, para o interior da qual as pessoas serão convidadas a entrar, para visualizar um filme. «Vai ter audioguias, de maneira a que as pessoas não se perturbem umas às outras e as pessoas das várias línguas possam ouvir a história como ela está a ser contada», concluiu a diretora regional de cultura do Algarve.

Tudo isto poderá ser descoberto, a partir de 4 de Outubro, na Fortaleza de Sagres, que assim ganhará, finalmente, mais um motivo de visita e de contextualização da sua importância.

 

 

 



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