Algarve saiu da época das chuvas com ainda menos água nas barragens

Algarve assinalou Dia da Europa com conferência sobre as alterações climáticas

Barragem do Beliche – Foto: Flávio Costa | Sul Informação

O Algarve saiu da época húmida, em que tradicionalmente mais chove, com menos água nas barragens do que quando ela começou, revelam os dados apresentados por Pedro Coelho, diretor regional da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), na passada segunda-feira, 9 de Maio, numa conferência-debate sobre as alterações climáticas. 

De acordo com este responsável, a 4 de Outubro de 2021 as albufeiras algarvias tinham 227,6 milhões de metros cúbicos de água. Agora, a 9 de Maio, o valor cifra-se nos 221,2.

Isto significa, nas palavras de Pedro Coelho, que «vamos partir para a época de consumos com menos água do que tínhamos a 30 de Setembro», o que é «significativo».

Atualmente, as albufeiras do Algarve estão com cerca de 40% de volume útil.

«Esta matéria não nos deixa de preocupar e temos de ter políticas mais intensivas, onde obviamente a eficiência está à cabeça», considerou o diretor regional da APA.

 

 

Segundo os dados apresentados, que datam de 9 de Maio, a barragem com maior volume de água é a do Funcho (67,8%). Segue-se Odeleite (Castro Marim), que está a 57,2% da sua capacidade.

A maior barragem algarvia – a de Odelouca, em Silves – tem, de acordo com estes dados, uma disponibilidade de 46,3%, enquanto a do Beliche (Castro Marim) está com 49,5%.

Por fim, a albufeira do Arade apresenta 44,4% da sua capacidade, sendo que a situação mais preocupante continua a ser a Bravura, em Lagos, com uma disponibilidade de 15,2%.

Nessa barragem, só há água atualmente «para o abastecimento público: não há para o golfe e para a agricultura», enquadrou Pedro Coelho.

A conferência onde o diretor regional da APA abordou este tema foi organizada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, no âmbito do Dia da Europa, que se assinalou na passada segunda-feira.

 

 

José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, evocou, na sessão de abertura, o legado de «Jean Monet e Robert Schuman, pais fundadores da União Europeia, assim como todas e todos os que foram construindo o projeto europeu, de uma União que tem entre os seus objetivos a promoção da paz, dos seus valores e o bem-estar dos seus povos», defendendo a urgência de se restabelecer a paz na Ucrânia.

Sobre a temática das alterações climáticas, Apolinário destacou o trabalho pioneira da «Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), ao adotar um Plano intermunicipal de ação no domínio das alterações climáticas», sublinhando a necessidade de «planear, articular e atuar a nível regional e supramunicipal, ao nível intermunicipal, ao nível do Município e da Freguesia».

Segundo José Apolinário, o PIAAC-AMAL «constituiu um passo em frente, um passo pioneiro de cooperação e concertação intermunicipal, neste pensar global e agir local», destacando igualmente “o ambicioso trabalho em curso no Município de Loulé, com o Plano Municipal de Ação Climática, que esteve em consulta pública ao longo do ano de 2021, bem como os trabalhos em curso e os documentos já aprovados por municípios como Lagos, em fase de intensa participação, ou Faro, entre outros que mais recentemente iniciaram este percurso».

«Aqui chegados, importa deixar claro que, em matéria de alterações climáticas, ao nível global como na nossa região, não basta fazer mais do mesmo, ainda que um pouco mais eficiente ou até um pouco mais inovador», concluiu José Apolinário, salientando que «as alterações climáticas exigem uma mudança de paradigma, colocando as pessoas e o planeta em primeiro lugar, à nossa escala contribuir para Salvar o Planeta, cumprindo os compromissos dos Acordos de Paris e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030».

 

 

A conferência-debate sobre as Alterações Climáticas contou também com as participações do professor Filipe Duarte Santos, e de Luis Filipe Dias e António Pina, que se focaram nos resultados dos trabalhos desenvolvidos no aprofundamento e monitorização dos estudos e opções incluídos no PIAAC-AMAL e no Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve (PREHA-Alg).

António Pina, presidente da AMAL, sublinhou mesmo a determinação dos autarcas no desenvolvimento das soluções mais adequadas para resolver os problemas da falta de água, em parceria com o Governo e a sociedade civil, e a importância do envolvimento das gerações mais jovens nesta temática, considerando que grande parte dos impactos acontecerão a médio, longo prazo.

Moderada pelo jornalista Duarte Baltazar (RTP), esta conferência contou com a participação de dezenas de representantes das instituições e entidades regionais púbicas e privadas e jovens das Escolas Embaixadoras do Parlamento Europeu, seguindo-se um concerto musical pela União, com a participação da Associação Filarmónica de Faro e do Grupo Coral Ossónoba.

 

Fotos: CCDR Algarve

 

 

 

 



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