Renúncia quaresmal dos católicos algarvios reverte para o apoio aos ucranianos

E também para as Dioceses de S. Tomé e Príncipe e de Baucau (Timor)

A “renúncia quaresmal” dos católicos algarvios vai destinar-se, este ano, ao apoio ao povo ucraniano e ainda às Dioceses de S. Tomé e Príncipe e de Baucau (Timor), anunciou o Bispo do Algarve.

Nos dois últimos anos, a “renúncia quaresmal” não se pôde realizar devido à pandemia, mas volta este ano e terá em conta as «propostas da Cáritas Diocesana».

Assumirmo-nos como «construtores da paz», de forma «pessoal permanente», é o mote para a mensagem quaresmal de D. Manuel Neto Quintas, Bispo do Algarve, que considera ser este um tempo de conversão individual e comunitária e «uma oportunidade para revermos o modo como nos situamos, face a todas as formas de agressividade e violência».

O Bispo do Algarve considera a paz como «um bem inestimável, a aspiração mais profunda da pessoa, condição essencial para o progresso e o bem-estar, fonte de segurança e de esperança no futuro» e lamenta o momento que se vive, com a «guerra que o governo da Rússia moveu contra a Ucrânia» e que classifica como violadora dos «princípios mais elementares reguladores das relações internacionais de povos e nações e de defesa da dignidade da pessoa humana», bem como confirmação da «“loucura” e a “insensatez” de todas as guerras» e «um verdadeiro retrocesso civilizacional pela destruição e morte que provoca, com consequências, neste momento, ainda imprevisíveis».
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«Perplexidade, consternação e desconforto», são as palavras usadas por D. Manuel Neto Quintas para descrever a forma como olha para este conflito e explica: «Perplexidade pelo facto de acontecer no continente europeu, em pleno século XXI; consternação pelo sofrimento e morte infringidos aos povos envolvidos, particularmente ao povo ucraniano agredido; desconforto pela incapacidade, daqueles que se lhe opõem, em silenciar as armas e impor o seu fim imediato».

Citando os Papas João XXIII e Francisco, nomeadamente nas encíclicas Pacem in terris e Fratelli Tutti, destaca como atitude essencial para a promoção da paz e para a vivência quaresmal a busca da verdade, sendo esta apontada pelos Pontífices como uma «palavra vazia de sentido se não encontra o seu fundamento na verdade construída segundo a justiça, alimentada e consumada na caridade e realizada sob os auspícios da liberdade (PT 166)», ou como companheira inseparável da justiça e da misericórdia, devendo sempre impedir a vingança e levar «à reconciliação e ao perdão (FT 227).».

O prelado algarvio afirma, ainda, que a Diocese do Algarve, em conjunto «com toda a Igreja e toda a humanidade», se unirá «às intenções e inquietações do Papa Francisco, neste tempo que a todos perturba e afeta, sobretudo ao povo ucraniano, que se vê atingido na sua própria casa, não lhe sendo reconhecidos e respeitados os seus direitos mais elementares, a sua identidade, a sua língua, a sua história, a sua cultura, os seus limites geográficos».

Apela a que todos se deixem «transformar pelo Espírito, (…) despindo-nos do homem velho e revestindo-nos do homem novo (Ef 4,22-24), à luz do Mistério Pascal, que nos preparamos para celebrar».

 



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