Câmara de Faro lamenta morte do poeta Gastão Cruz

«A literatura e a cidade de Faro ficam assim pobres, com a perda de um dos seus maiores autores e figuras incontornáveis»

A Câmara de Faro lamentou «profundamente» a morte do poeta farense Gastão Cruz, dizendo que «a literatura e a cidade» ficaram mais pobres. 

Nascido no ano de 1941 em Faro, cidade com que manteve sempre uma forte ligação, Gastão Cruz formou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e começou desde muito novo o seu percurso pela poesia, colaborando com vários jornais e revistas.

«Como poeta, colaborou, entre outras publicações, com os “Cadernos do Meio-Dia” (1958-1960), emblemática publicação de poesia, crítica e ensaio dirigida pelo também farense António Ramos Rosa e pelo algarvio Casimiro de Brito, que anteciparam tendências que marcaram a poesia», recorda a autarquia.

«O seu nome aparece igualmente ligado à publicação coletiva Poesia 61, outra das principais contribuições para a renovação da linguagem poética portuguesa na década de 60», acrescenta.

Como crítico literário, coordenou a revista Outubro e colaborou em vários jornais e revistas ao longo dos anos sessenta. Essa colaboração foi reunida em volume, com o título “A Poesia Portuguesa Hoje” (1973), livro que permanece hoje como uma referência para o estudo da poesia portuguesa das décadas de 60 e 70.

No âmbito da atividade teatral, Gastão Cruz foi um dos fundadores do Grupo de Teatro de Letras, em 1965 e do Grupo de Teatro Hoje, entre os anos 76 e 77.

Dedicou-se também à tradução de livros para português, «facto que lhe concedeu um mérito singular na época, uma vez que traduziu nomes como William Blake, Jean Cocteau, Jude Stéfan e Shakespeare».

A sua obra poética valeu-lhe reconhecimento e admiração públicos, bem como inúmeros prémios e galardões, nomeadamente o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, em 2004, o Prémio “Correntes d’Escritas”, em 2009, o Grande Prémio de Poesia “Maria Amália Vaz de Carvalho”, ou a sétima edição do Prémio Nacional de Poesia “António Ramos Rosa”, em 2019.

O poeta foi ainda distinguido com a medalha de mérito grau ouro do Município de Faro, em 1999, com a medalha de mérito cultural atribuída pelo Ministério da Cultura, em 2018, e com a medalha de ouro da cidade pelo Município de Faro, em 2019.

«A literatura e a cidade de Faro ficam assim mais pobres, com a perda de um dos seus maiores autores e figuras incontornáveis, mas cujo legado ficará expresso na nossa cultura comum», conclui a autarquia.

 



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